Para todos os meus amigos e leitores,
Que Deus ilumine e nos dê muita paz, saúde e amor e que 2011 seja um ano maravilhoso para todos nós e nossos amados animais.
Beijos a todos!!!!
Amo Vocês!!!!
Juliana
Blog que mostra a verdadeira essência da vida animal e como podemos viver em harmonia com estas criaturas tão incompreendidas e massacradas pela humanidade. Seja bem vindo! Por amor aos animais!
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Colabore com o Rancho!!!!
Há 19 anos o Santuário Rancho dos Gnomos atua com sucesso no resgate de animais vítimas dos circos, do tráfico, do abandono, do descaso, do desrespeito, do desamor. Hoje cuida de mais de 300 animais silvestres, exóticos e domésticos, tratando de seus ferimentos e doenças, alimentando-os e construindo moradias adequadas para aqueles que não podem ser devolvidos a seus habitats. Age também na "raiz" do problema, promovendo eventos educacionais como palestras para estudantes e cursos, além de defender os interesses dos animais acionando o Ministério Público e a Justiça.
Para enfrentar os grandes desafios que se apresentam o Rancho conta, principalmente, com o carinho e a colaboração de pessoas como você, que ama e respeita os animais.
Como você pode ajudar o Rancho a ajudar os animais?
** Sendo um associado e contribuindo mensalmente. Acesse http://ranchodosgnomos.org.br/associe.php
** Fazendo doações, mesmo que esporádicas. Acesse http://ranchodosgnomos.org.br/associe_doacao.php
** Divulgando este boletim para seus contatos
Um grande abraço!
Família Rancho dos Gnomos
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Para enfrentar os grandes desafios que se apresentam o Rancho conta, principalmente, com o carinho e a colaboração de pessoas como você, que ama e respeita os animais.
Como você pode ajudar o Rancho a ajudar os animais?
** Sendo um associado e contribuindo mensalmente. Acesse http://ranchodosgnomos.org.br/associe.php
** Fazendo doações, mesmo que esporádicas. Acesse http://ranchodosgnomos.org.br/associe_doacao.php
** Divulgando este boletim para seus contatos
Um grande abraço!
Família Rancho dos Gnomos
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ANIMAIS X FOGOS
ANIMAIS X FOGOS
OS ANIMAIS SE ASSUSTAM MUITO COM O BARULHO DE FOGOS E ROJÕES POIS SUA AUDIÇÃO É MUITO MAIS SENSÍVEL QUE A NOSSA.
CÃES TENDEM A FUGIR DO BARULHO E CORREM DESORIENTADOS E SEM DESTINO.
PODEM OCORRER
- FUGAS - correm sem destino certo e ficam perdidos; podem ser atropelados e/ou provocar acidentes.
- ACIDENTES - enforcam-se na própria coleira quando não conseguem rompê-la para fugir; atiram-se de janelas; batem a cabeça contra paredes ou grades.
- GRAVES FERIMENTOS - quando tentam saltar muros e portões.
- TRAUMAS - mudanças de comportamento – tornam-se agressivos ou passam a se assustar à toa.
- CONVULSÕES: alguns cães têm ou passam a ter ataques epileptiformes.
* Nos animais da fauna silvestre pode ocorrer alteração do ciclo reprodutor e morte.
CUIDADOS COM CÃES
1- Coloque algodão nos ouvidos - para diminuir a sensibilidade auditiva.
2- Acomode os cães dentro de casa em lugar onde possam se sentir em segurança.
3- Feche portas e janelas para evitar fugas e acidentes.
4- Ligue o rádio e a TV e aumente o volume próximo ao momento dos fogos.
5- Dê alimentos leves - distúrbios digestivos provocados pelo pânico podem matar.
6- Não deixe o cão acorrentado pois pode se enforcar em função do pânico.
7- Não deixe muitos cães juntos porque podem brigar.
(Se brigarem, não grite! Faça um barulho forte batendo tampas de panela para mudar o foco da atenção dos cães.)
Caso não possa colocar os cães dentro de casa, procure um veterinário para sedá-los.
*GATOS: mantenha-os dentro de casa e sem acesso à rua.
I M P O R T A N T E !
COLOQUE UMA PLAQUETA DE IDENTIFICAÇÃO NA COLEIRA DO SEU COMPANHEIRO CANINO, COM OS SEUS TELEFONES GRAVADOS NELA.
RECOMENDAÇÃO de FLORAIS PARA MEDO DE FOGOS
*COMECE A DAR ESTA FÓRMULA UMA SEMANA ANTES DAS FESTAS DE FIM DE ANO*
Fórmula de FLORAIS DE BACH
Recomendação Terapêutica de acordo com a NTSV-TH002
1- RESCUE
2- ASPEN
3- CHERRY PLUM
4- MIMULUS
5- ROCK ROSE
6- WHITE CHESTNUT
(As 6 essências virão num só frasco que durará de 10 a 15 dias e custará cerca de 15 reais.)
RECOMENDAÇÕES PARA USO (cães e gatos)
1 - Peça esta fórmula SEM CONSERVANTES numa Fármácia Homeopática ou de Manipulação.
Para conservar, mantenha o frasco na geladeira.
2 - Coloque de 10 gotas no pote de água (independente do tamanho do pote).
3 - Repita o procedimento a cada troca de água (no mínimo 2 vezes ao dia) até o término do frasco.
4 - Dê 2 frascos consecutivos.
OBSERVAÇÕES
- Florais não possuem componentes químicos e não têm contra-indicações.
- Outros animais podem tomar da mesma água.
- Caso o animal não possa tomar água no pote, dê 4 gotas diretamente na boca, 4 vezes ao dia.
* Florais tratam as emoções e não substituem o tratamento médico; consulte sempre um veterinário.
* Cães e Gatos - a cirurgia de castração é sempre indicada pois evita doenças, previne tumores e facilita do convívio com as pessoas e com outros animais.
abraço fraterno
Deolinda Eleutério
Terapeuta Floral - CRT-SP 26715
FLORAIS DE BACH PARA ANIMAIS - GOTINHAS PARA AS EMOÇÕES
Para atendimento, preencha a Ficha de Dados acessando http://FloraisDeBachParaAnimais.blogspot.com
ENTREGA EM DOMICÍLIO NA GRANDE SÃO PAULO - Farmácia Ilúmina (11) 5584.6094 www.ilumina.com.br
RELAÇÃO DE FARMÁCIAS HOMEOPÁTICAS NO BRASIL www.telelistas.net/1/38_br/218/330/99140/farmacias-homeopaticas.htm
*
- De acordo com a Lei 14.483/07,
cães e gatos devem estar castrados e vacinados antes de adoção ou venda.
Denuncie o comércio ilegal! - Ligue 156(SP)
Conheça a lei que regulamenta a criação e venda de cães e gatos
www.gatoverde.com.br/02_00.asp?menu_cod=170&menu_cod_pai=25
OS ANIMAIS SE ASSUSTAM MUITO COM O BARULHO DE FOGOS E ROJÕES POIS SUA AUDIÇÃO É MUITO MAIS SENSÍVEL QUE A NOSSA.
CÃES TENDEM A FUGIR DO BARULHO E CORREM DESORIENTADOS E SEM DESTINO.
PODEM OCORRER
- FUGAS - correm sem destino certo e ficam perdidos; podem ser atropelados e/ou provocar acidentes.
- ACIDENTES - enforcam-se na própria coleira quando não conseguem rompê-la para fugir; atiram-se de janelas; batem a cabeça contra paredes ou grades.
- GRAVES FERIMENTOS - quando tentam saltar muros e portões.
- TRAUMAS - mudanças de comportamento – tornam-se agressivos ou passam a se assustar à toa.
- CONVULSÕES: alguns cães têm ou passam a ter ataques epileptiformes.
* Nos animais da fauna silvestre pode ocorrer alteração do ciclo reprodutor e morte.
CUIDADOS COM CÃES
1- Coloque algodão nos ouvidos - para diminuir a sensibilidade auditiva.
2- Acomode os cães dentro de casa em lugar onde possam se sentir em segurança.
3- Feche portas e janelas para evitar fugas e acidentes.
4- Ligue o rádio e a TV e aumente o volume próximo ao momento dos fogos.
5- Dê alimentos leves - distúrbios digestivos provocados pelo pânico podem matar.
6- Não deixe o cão acorrentado pois pode se enforcar em função do pânico.
7- Não deixe muitos cães juntos porque podem brigar.
(Se brigarem, não grite! Faça um barulho forte batendo tampas de panela para mudar o foco da atenção dos cães.)
Caso não possa colocar os cães dentro de casa, procure um veterinário para sedá-los.
*GATOS: mantenha-os dentro de casa e sem acesso à rua.
I M P O R T A N T E !
COLOQUE UMA PLAQUETA DE IDENTIFICAÇÃO NA COLEIRA DO SEU COMPANHEIRO CANINO, COM OS SEUS TELEFONES GRAVADOS NELA.
RECOMENDAÇÃO de FLORAIS PARA MEDO DE FOGOS
*COMECE A DAR ESTA FÓRMULA UMA SEMANA ANTES DAS FESTAS DE FIM DE ANO*
Fórmula de FLORAIS DE BACH
Recomendação Terapêutica de acordo com a NTSV-TH002
1- RESCUE
2- ASPEN
3- CHERRY PLUM
4- MIMULUS
5- ROCK ROSE
6- WHITE CHESTNUT
(As 6 essências virão num só frasco que durará de 10 a 15 dias e custará cerca de 15 reais.)
RECOMENDAÇÕES PARA USO (cães e gatos)
1 - Peça esta fórmula SEM CONSERVANTES numa Fármácia Homeopática ou de Manipulação.
Para conservar, mantenha o frasco na geladeira.
2 - Coloque de 10 gotas no pote de água (independente do tamanho do pote).
3 - Repita o procedimento a cada troca de água (no mínimo 2 vezes ao dia) até o término do frasco.
4 - Dê 2 frascos consecutivos.
OBSERVAÇÕES
- Florais não possuem componentes químicos e não têm contra-indicações.
- Outros animais podem tomar da mesma água.
- Caso o animal não possa tomar água no pote, dê 4 gotas diretamente na boca, 4 vezes ao dia.
* Florais tratam as emoções e não substituem o tratamento médico; consulte sempre um veterinário.
* Cães e Gatos - a cirurgia de castração é sempre indicada pois evita doenças, previne tumores e facilita do convívio com as pessoas e com outros animais.
abraço fraterno
Deolinda Eleutério
Terapeuta Floral - CRT-SP 26715
FLORAIS DE BACH PARA ANIMAIS - GOTINHAS PARA AS EMOÇÕES
Para atendimento, preencha a Ficha de Dados acessando http://FloraisDeBachParaAnimais.blogspot.com
ENTREGA EM DOMICÍLIO NA GRANDE SÃO PAULO - Farmácia Ilúmina (11) 5584.6094 www.ilumina.com.br
RELAÇÃO DE FARMÁCIAS HOMEOPÁTICAS NO BRASIL www.telelistas.net/1/38_br/218/330/99140/farmacias-homeopaticas.htm
*
- De acordo com a Lei 14.483/07,
cães e gatos devem estar castrados e vacinados antes de adoção ou venda.
Denuncie o comércio ilegal! - Ligue 156(SP)
Conheça a lei que regulamenta a criação e venda de cães e gatos
www.gatoverde.com.br/02_00.asp?menu_cod=170&menu_cod_pai=25
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Excesso de carne mata 45 mil pessoas por ano no Reino Unido, diz estudo de Oxford
20/10/2010 - 12h51 / Redação Vida Vegetariana
Excesso de carne mata 45 mil pessoas por ano no Reino Unido, diz estudo de Oxford
Atualizado em 04/11/2010 - 03h34
Diminuir o consumo de carne no Reino Unido poderia prevenir a morte de cerca de 45 mil pessoas todo ano, segundo um estudo feito pela Universidade de Oxford.
Os estudiosos dizem que se o consumo de carne no país fosse diminuído, evitaria-se 31 mil mortes por doenças cardíacas, 9 mil mortes por câncer e 5 mil mortes por derrame cerebral, além de poupar cerca de $1,2 bilhão de Libras da saúde pública.
Outro fator apontado pelo estudo é que a pecuária também contribui para o aquecimento global. "Nossa dieta está aquecendo o planeta e está destruindo nossa saúde", disse um dos médicos envolvidos no estudo, Sir Liam Donaldson.
A média de consumo per capita de carne no Reino Unido é de cerca de 125kg ao ano. O estudo sugere que se o consumo diário cair para 70g por dia, cerca de 33 mil mortes seriam evitadas. Ainda segundo a publicação, se o consumo caísse para 31g por dia, cerca de 45 mil mortes poderiam ser evitadas. Esses números são bem inferiores aos da Organização Mundial de Saúde, que recomenda um consumo diário de 177g de carne.
"Esse estudo demonstra claramente os benefícios para a saúde ao cortar carne e laticínios", concluiu o Dr. Mike Rayne, do Departamento de Saúde Pública da Universidade de Oxford.
Excesso de carne mata 45 mil pessoas por ano no Reino Unido, diz estudo de Oxford
Atualizado em 04/11/2010 - 03h34
Diminuir o consumo de carne no Reino Unido poderia prevenir a morte de cerca de 45 mil pessoas todo ano, segundo um estudo feito pela Universidade de Oxford.
Os estudiosos dizem que se o consumo de carne no país fosse diminuído, evitaria-se 31 mil mortes por doenças cardíacas, 9 mil mortes por câncer e 5 mil mortes por derrame cerebral, além de poupar cerca de $1,2 bilhão de Libras da saúde pública.
Outro fator apontado pelo estudo é que a pecuária também contribui para o aquecimento global. "Nossa dieta está aquecendo o planeta e está destruindo nossa saúde", disse um dos médicos envolvidos no estudo, Sir Liam Donaldson.
A média de consumo per capita de carne no Reino Unido é de cerca de 125kg ao ano. O estudo sugere que se o consumo diário cair para 70g por dia, cerca de 33 mil mortes seriam evitadas. Ainda segundo a publicação, se o consumo caísse para 31g por dia, cerca de 45 mil mortes poderiam ser evitadas. Esses números são bem inferiores aos da Organização Mundial de Saúde, que recomenda um consumo diário de 177g de carne.
"Esse estudo demonstra claramente os benefícios para a saúde ao cortar carne e laticínios", concluiu o Dr. Mike Rayne, do Departamento de Saúde Pública da Universidade de Oxford.
Britânico mais velho é vegetariano e comemora 108 anos nesta semana
07/11/2010 - 20h38 / Redação Vida Vegetariana
Britânico mais velho é vegetariano e comemora 108 anos nesta semana
O britânico mais velho comemora nesta semana 108 anos, aponta reportagem do jornal Daily Mail. Reg Dean serviu o exército durante a Segunda Guerra Mundial. Ele também foi professor e criou um coral de cantores masculinos do qual ainda é o presidente.
Quando perguntado sobre seus segredos para a longevidade, ele disse os seus cinco segredos: "Bons amigos, religiosidade, procurar o melhor nas pessoas e ser vegetariano por cerca de 30 anos", disse. Durante a entrevista ele riu e falou não se lembrar do quinto segredo ele não se lembrou.
Dean declara ainda que "seguir uma dieta vegetariana religiosamente, destrói os demônios que querem roubar sua saúde, alma e vida".
Blog vegetariano
Pessoal,
Blog maneirissimo sobre vegetarianismo:
http://serveg.blogspot.com/
Divulguem!!!
Blog maneirissimo sobre vegetarianismo:
http://serveg.blogspot.com/
Divulguem!!!
domingo, 24 de outubro de 2010
filhote para adoçao
ADOÇÃO DE BOXER FEMEA,QUATRO MESES. LINDA !!!!!!!!!!
O NOME DELA É IZA.
SÓ SERÁ DOADA PARA QUEM ASSUMIR A CASTRAÇÃO.
NÃO SERÁ DOADA SEM CASTRAR.
TRATAR COM LOURDES (12) 3931-3161
VC QUE TEM SITE OU BLOG PODERIA POR FAVOR COLOCAR O ANUNCIO DESSA ADOÇÃO? OBRIGADA.
"TUDO QUE É PRECISO PARA O TRIUNFO DO MAL É QUE AS PESSOAS DE BEM NADA FAÇAM." (Edmund Burke)
"A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem;
a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão;
a coragem, a mudá-las."
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Dia das crianças: animal não é brinquedo!
Dia das crianças: animal não é brinquedo!
Por Vininha F. Carvalho
No dia 12 de outubro é comemorado o Dia das Crianças, uma data em que
muitos pais pretendem presentear seus filhos com um animal de
estimação, mas é preciso tomar alguns cuidados, para que esta escolha
não se transforme num problema para a família e, principalmente, para
o animal.
No processo de educação, os pais devem ter a preocupação de ensinar a
criança a ver o animal como um amigo, que precisa ser protegido dentro
e fora de casa, e não como brinquedo. O contato com os animais
proporciona uma aproximação da criança com o mundo natural,
desenvolvendo o sentimento de respeito a todas as formas de vida.
Até os quatro anos a criança vê o animal como um objeto, por isso é
preciso que os pais mostrem a ela que os animais respiram, tem fome,
sede, sentem dor, amam e jamais poderão ser abandonados. A partir dos
dez anos é possível confiar os cuidados necessários à saúde do animal,
sem que haja perigo de maus tratos, desde que sejam orientados
corretamente.
“Crueldade infantil com os animais entre criminosos e não-criminosos”
é o título de uma importante pesquisa realizada nos EUA, que visou
estabelecer a relação entre a crueldade para com os animais durante a
infância e o comportamento agressivo para com as pessoas, numa fase
posterior da vida.
A análise aprofundada, permitindo traçar um perfil, foi possível
através de entrevistas individuais com três grupos de homens:
criminosos agressivos, criminosos não agressivos e não-criminosos.
Os elementos criminosos foram ouvidos nas prisões federais dos EUA já
os não-criminosos foram escolhidos ao acaso entre os habitantes de
Kansas. Cada entrevistado foi submetido a mais de 400 perguntas que
incluíam aspectos como as relações familiares na infância e as
atitudes com os animais.
Verificou-se que 25% dos criminosos agressivos informaram de cinco ou
mais casos de crueldade contra animais em comparação a menos de 6% dos
criminosos não agressivos e nenhum dentre os não-criminosos.
Os pais e educadores devem estimular as crianças a valorizarem as boas
ações em prol dos animais. É preciso despertar o interesse do
engajamento das escolas na luta em defesa dos direitos dos animais e
preservação da natureza.
A criança passará, assim, a trazer consigo um compromisso ético para
com o meio em que vive, combatendo as atitudes do comportamento
violento na sociedade, criando um mundo melhor onde viverão seus
filhos e netos.
Por Vininha F. Carvalho
No dia 12 de outubro é comemorado o Dia das Crianças, uma data em que
muitos pais pretendem presentear seus filhos com um animal de
estimação, mas é preciso tomar alguns cuidados, para que esta escolha
não se transforme num problema para a família e, principalmente, para
o animal.
No processo de educação, os pais devem ter a preocupação de ensinar a
criança a ver o animal como um amigo, que precisa ser protegido dentro
e fora de casa, e não como brinquedo. O contato com os animais
proporciona uma aproximação da criança com o mundo natural,
desenvolvendo o sentimento de respeito a todas as formas de vida.
Até os quatro anos a criança vê o animal como um objeto, por isso é
preciso que os pais mostrem a ela que os animais respiram, tem fome,
sede, sentem dor, amam e jamais poderão ser abandonados. A partir dos
dez anos é possível confiar os cuidados necessários à saúde do animal,
sem que haja perigo de maus tratos, desde que sejam orientados
corretamente.
“Crueldade infantil com os animais entre criminosos e não-criminosos”
é o título de uma importante pesquisa realizada nos EUA, que visou
estabelecer a relação entre a crueldade para com os animais durante a
infância e o comportamento agressivo para com as pessoas, numa fase
posterior da vida.
A análise aprofundada, permitindo traçar um perfil, foi possível
através de entrevistas individuais com três grupos de homens:
criminosos agressivos, criminosos não agressivos e não-criminosos.
Os elementos criminosos foram ouvidos nas prisões federais dos EUA já
os não-criminosos foram escolhidos ao acaso entre os habitantes de
Kansas. Cada entrevistado foi submetido a mais de 400 perguntas que
incluíam aspectos como as relações familiares na infância e as
atitudes com os animais.
Verificou-se que 25% dos criminosos agressivos informaram de cinco ou
mais casos de crueldade contra animais em comparação a menos de 6% dos
criminosos não agressivos e nenhum dentre os não-criminosos.
Os pais e educadores devem estimular as crianças a valorizarem as boas
ações em prol dos animais. É preciso despertar o interesse do
engajamento das escolas na luta em defesa dos direitos dos animais e
preservação da natureza.
A criança passará, assim, a trazer consigo um compromisso ético para
com o meio em que vive, combatendo as atitudes do comportamento
violento na sociedade, criando um mundo melhor onde viverão seus
filhos e netos.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Abaixo assinado em respeito e defesa da vida animal
Abaixo assinado em respeito e defesa da vida animal !
Com o apoio de todos vocês, é crescente o número de adesões ao abaixo-assinado em apoio à aprovação do CODIGO FEDERAL DE PROTEÇÃO E BEM-ESTAR ANIMAL!
Este movimento já é vitorioso, pelo imenso número de pessoas que vem se mostrando sensíveis a todas as questões envolvendo os animais, no Brasil inteiro. Os animais merecem nossa proteção, apoio, respeito. E é isso que cada um de vocês está mostrando ao participar do MOVIMENTO DE APOIO AO CODIGO FEDERAL DO DEPUTADO RICARDO TRIPOLI (PSDB-SP). Continuem buscando assinaturas e divulgando para toda sua rede!
Cabe observar, que o DEPUTADO FEDERAL TRIPOLI vem enfrentando inúmeras forças contrárias à aprovação do CODIGO, principalmente por integrantes do agronegócio. Por isso, além de apoiarmos o projeto de lei, precisamos formar uma grande corrente pela reeleição do DEPUTADO TRIPOLI. Sua presença no Congresso Federal é fundamental para a aprovação do CÓDIGO.
TRIPOLI é um deputado federal pelo ESTADO DE SÃO PAULO. Se você, que apóia o CÓDIGO FEDERAL DE PROTEÇÃO E BEM-ESTAR ANIMAL mora em outros Estados e não pode votar TRIPOLI, pesquisem e escolham deputados da sua região também comprometidos com a Defesa Animal. E, além disso, lembrem-se de avisar amigos e familiares que votam no Estado de São Paulo, da importância de reelegermos o DEPUTADO FEDERAL TRIPOLI - 4565.
Para conhecer toda a trajetória do DEPUTADO TRIPOLI, em seus 30 anos de atuação e militância ambiental, acesse: www.ricardotripoli.com.br
VOTE PELOS ANIMAIS. VOTE TRIPOLI 4565.
Com o apoio de todos vocês, é crescente o número de adesões ao abaixo-assinado em apoio à aprovação do CODIGO FEDERAL DE PROTEÇÃO E BEM-ESTAR ANIMAL!
Este movimento já é vitorioso, pelo imenso número de pessoas que vem se mostrando sensíveis a todas as questões envolvendo os animais, no Brasil inteiro. Os animais merecem nossa proteção, apoio, respeito. E é isso que cada um de vocês está mostrando ao participar do MOVIMENTO DE APOIO AO CODIGO FEDERAL DO DEPUTADO RICARDO TRIPOLI (PSDB-SP). Continuem buscando assinaturas e divulgando para toda sua rede!
Cabe observar, que o DEPUTADO FEDERAL TRIPOLI vem enfrentando inúmeras forças contrárias à aprovação do CODIGO, principalmente por integrantes do agronegócio. Por isso, além de apoiarmos o projeto de lei, precisamos formar uma grande corrente pela reeleição do DEPUTADO TRIPOLI. Sua presença no Congresso Federal é fundamental para a aprovação do CÓDIGO.
TRIPOLI é um deputado federal pelo ESTADO DE SÃO PAULO. Se você, que apóia o CÓDIGO FEDERAL DE PROTEÇÃO E BEM-ESTAR ANIMAL mora em outros Estados e não pode votar TRIPOLI, pesquisem e escolham deputados da sua região também comprometidos com a Defesa Animal. E, além disso, lembrem-se de avisar amigos e familiares que votam no Estado de São Paulo, da importância de reelegermos o DEPUTADO FEDERAL TRIPOLI - 4565.
Para conhecer toda a trajetória do DEPUTADO TRIPOLI, em seus 30 anos de atuação e militância ambiental, acesse: www.ricardotripoli.com.br
VOTE PELOS ANIMAIS. VOTE TRIPOLI 4565.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Você conhece a Anda?
A ANDA difunde na mídia os valores de uma nova cultura, mais ética, mais justa e
preocupada com a defesa e a garantia dos direitos animais. É o primeiro portal jornalístico
do mundo voltado exclusivamente a fatos e informações do universo animal.
Siga esta pegada!
www.anda.jor.br
preocupada com a defesa e a garantia dos direitos animais. É o primeiro portal jornalístico
do mundo voltado exclusivamente a fatos e informações do universo animal.
Siga esta pegada!
www.anda.jor.br
O Mercadão das Almas
Boa leitura!
Artigo também disponível em http://bit.ly/abWVIz
Fonte: http://www.anda.jor.br/?p=56486
Por Laerte Fernando Levai
Em fins de 2004, no site da Vegan Pride, Adriana Bernardino escreveu uma crônica contundente falando dos horrores sofridos pelos animais expostos à venda no mercado municipal Kenji Yamamoto, na Cantareira, em São Paulo. Até então nenhuma autoridade municipal se importava com esse assunto, apesar dos protestos das entidades protetoras e dos sucessivos pedidos de providências protocolados pelo combativo advogado Rogério S. G. Gonçalves. Os animais, adultos e filhotes, vivos ou mortos, ou mortos-vivos, se preferirem, ali nada mais representavam que simples objetos de consumo: para abate, para alimentação, para rituais religiosos. Retalhados nos açougues ou paralisados de medo nas gaiolas, como bem definiu a autora, eles eram tratados como máquinas insensíveis, peças descartáveis, instrumentos para uso e gozo de seus algozes. Um campo de concentração zootécnico, aberto aos olhos de quem quisesse ver. E o poder público permanecia cego diante das evidências de crueldade.
O texto “Mercadão das Almas”, que ela ilustrou com fotografias da barbárie, fala por si. Imagens que traduziam toda a dor do mundo contida na expressão suspensa dos porcos decapitados, no olhar acuado de galos, coelhos, bodes e cabritos. Olhos que em vão pediam socorro, que em vão imploravam misericórdia. Prefiro não mais usar as fotografias, em homenagem à memória desses animais torturados e mortos. Prefiro me valer, tão somente, da força indestrutível das palavras de Adriana Bernardino. Mas houve um momento, conforme admitido pela própria autora, em que ela fraquejou: quis comprar um coelho que lhe lambera os dedos, em súplica, e, assim, salvá-lo da morte. Foi desaconselhada, todavia, a não fazê-lo, sob a justificativa de que tal atitude, embora compassiva, representaria um estímulo ao comércio perverso no mercado das almas. De qualquer modo, com o coração partido, a autora resolveu escrever sobre o que viu. Seu texto, certamente, contribuiu para que as coisas começassem a mudar.
É impressionante como o poder das palavras é capaz de ensejar transformações. Ativismo literário que desperta consciências, que pugna por justiça, que abre gaiolas, que liberta. A divulgação desse texto, pela internet, mexeu com a opinião pública, tanto que alguns meses depois as autoridades administrativas decidiram proibir a venda de animais vivos naquele estabelecimento. É claro que a medida restritiva é apenas um passo no ideal abolicionista, mas, convenhamos, um importante passo. Há centenas de mercados das almas no Brasil, com milhares de animais transfigurados pelo medo e pela dor – exatamente com ela descreveu -, bichos empalhados e que ainda respiram. Não fosse a iniciativa de algumas poucas pessoas que se indignaram com a situação, ninguém, absolutamente ninguém, intercederia em defesa das vítimas indefesas. E pensar que nosso país possui legislação proibitiva de abusos, de maus-tratos e de crueldade para com animais. Como pode…?
Melhor não dizer mais nada. Que os leitores, ao menos aqueles que ainda não conhecem o texto de Adriana Bernardino, tirem suas próprias conclusões com a leitura de “Mercadão das Almas”, que considero uma das mais belas páginas literárias que já li em favor dos animais. Crônica ativista, eu torno a dizer, porque escrita com todo o sentimento aflorado de uma alma sensível e inconformada. São ações como essas que fazem a diferença, que nos devolvem a esperança, que resgatam a crença na justiça e que nos permitem seguir em frente, na busca de tempos melhores para todos. Deixo-lhes, a partir de agora, com Adriana Bernardino:
MERCADÃO DAS ALMAS
“Porque os anjos têm asas como as aves.
Porque os homens têm pelos como os bichos.
E todos nós temos alma como Deus!”
(São Francisco de Assis)
Há homens morrendo em todos os cantos do planeta. Mortes horrendas, desnecessárias. E há homens que, enquanto não morrem, assistem ao espetáculo da violência, faces da morte distribuídas por canais de TV, pedaços de corpos disputados por jornais e revistas. É este o programa da família. Crianças acostumadas, desde a mais tenra idade, ao sadismo de seu semelhante.
Será esse o motivo? Eu procuro um motivo que justifique a frieza do homem diante do sofrimento do outro, seja lá que outro for. Foi assim com Sócrates, Cristo, Zumbi, Gandhi, Martin Luter King, Tiradentes, Lennon, garotos arremessados de um trem em movimento e tantos outros que, a seu modo, exerciam ou lutavam pela liberdade e pela paz, mas foram premiados com a cruz, com a faca, com a bala, com a bomba, com a tortura, carentes de inteligência e de sanidade.
Quais são mesmo os motivos? Ainda não sei. Ser humano sem humanidade? É um triste paradoxo. Como se um peixe que não soubesse nadar, como uma águia que se recusasse a voar. Estou perplexa.
Aqui, no Mercado da Cantareira, em São Paulo, acompanhada de meu amigo Christopher, essas interrogações me invadem. Esses porquês.
Como é que esses homens, sem humanidade, vão-se comover com animais amontoados em gaiolas, implorando por socorro, por misericórdia?
Há, por exemplo, um box especializado em venda de animais para rituais religiosos. Há pequenos bodes, cabritos e galos pretos à espera do sacrifício. Os primeiros nem lutam mais pela vida. Chegaram a lutar antes de entrar num caminhão, a milhares de quilômetros daqui. Chegaram a lutar dentro do caminhão – com berros, com chifradas – por ar, por água, por comida. Agora, presos numa cela de azulejos brancos, eles se ferem um aos outros.
Estão cegos, paralisados pelo medo e pela dor. Acaricio a cabeça de um deles, que não reage. Parece um animal empalhado. Só sei que está vivo porque o corpo esquelético respira.
Uma pessoa se aproxima. Olha os galos pretos, que gritam inconformados. Eles são valentes. Ela escolhe um. O dono do box – um homem branco, gordo, com uma expressão tão fria quanto a de um manequim de loja (terá filhos? terá um amor?) – o dono do box abre a gaiola e agarra o animal pelas pernas. O galo bem que tenta reagir: grita, bate as asas, imponente. O dono, então, levanta-o e, com precisão, arremessa sua cabeça contra a parede. Não, o bicho não morre. O homem é “bom” no que faz. Deixa-o em estado de choque, entre a vida e a morte. Porque seu novo dono o quer vivo: o ritual exige seu sangue quente.
O funcionário do box, mais falante, diz que tem dó dos bichos. Mas o que se há de fazer? “Nós cuidamos deles, passamos remédio nos olhos feridos. Mas eles se ferem novamente”, explica o rapaz, o erro dos bichos.
Chega? Não. Há também os coelhos. Um deles, cujo valor foi estabelecido em trinta reais, lambeu meus dedos quando o peguei no colo. Nunca tinha visto isso. Queria levá-lo comigo; entretanto, Christopher me disse que seria um incentivo à continuidade daquele comércio. Não levei. Hoje, sinceramente, arrependo-me.
Eu não queria ver mais nada. Mas ninguém entra num local desses impunemente. É preciso ir ao Mercado Municipal, próximo ao da Cantareira, onde também há animais. Estes, por sua vez, estão todos mortos. São exibidas cabeças de porcos dentro de um freezer transparente com o nome de “Porco Feliz”. E um anúncio grande num outro box, com os dizeres: “temos filhotes de javali”. Sim, tem gente que faz sua ceia de Natal com filhote de javali.
Estou cansada. Não aguento mais ver essas fotos nem escrever sobre o que vi. Eu só espero que as pessoas – nas festas de Natal e Ano Novo – valorizem mais o amor do que cadáveres sobre a mesa, façam mais amor do que rituais sangrentos. Porque a vida nos dá o que damos a ela. Só teremos um ano melhor se plantarmos, uma a uma, as sementes dos frutos que queremos colher.
Eu desejo a todos vocês que saibam semear com sabedoria.
Adriana Bernardino
Artigo também disponível em http://bit.ly/abWVIz
Fonte: http://www.anda.jor.br/?p=56486
Por Laerte Fernando Levai
Em fins de 2004, no site da Vegan Pride, Adriana Bernardino escreveu uma crônica contundente falando dos horrores sofridos pelos animais expostos à venda no mercado municipal Kenji Yamamoto, na Cantareira, em São Paulo. Até então nenhuma autoridade municipal se importava com esse assunto, apesar dos protestos das entidades protetoras e dos sucessivos pedidos de providências protocolados pelo combativo advogado Rogério S. G. Gonçalves. Os animais, adultos e filhotes, vivos ou mortos, ou mortos-vivos, se preferirem, ali nada mais representavam que simples objetos de consumo: para abate, para alimentação, para rituais religiosos. Retalhados nos açougues ou paralisados de medo nas gaiolas, como bem definiu a autora, eles eram tratados como máquinas insensíveis, peças descartáveis, instrumentos para uso e gozo de seus algozes. Um campo de concentração zootécnico, aberto aos olhos de quem quisesse ver. E o poder público permanecia cego diante das evidências de crueldade.
O texto “Mercadão das Almas”, que ela ilustrou com fotografias da barbárie, fala por si. Imagens que traduziam toda a dor do mundo contida na expressão suspensa dos porcos decapitados, no olhar acuado de galos, coelhos, bodes e cabritos. Olhos que em vão pediam socorro, que em vão imploravam misericórdia. Prefiro não mais usar as fotografias, em homenagem à memória desses animais torturados e mortos. Prefiro me valer, tão somente, da força indestrutível das palavras de Adriana Bernardino. Mas houve um momento, conforme admitido pela própria autora, em que ela fraquejou: quis comprar um coelho que lhe lambera os dedos, em súplica, e, assim, salvá-lo da morte. Foi desaconselhada, todavia, a não fazê-lo, sob a justificativa de que tal atitude, embora compassiva, representaria um estímulo ao comércio perverso no mercado das almas. De qualquer modo, com o coração partido, a autora resolveu escrever sobre o que viu. Seu texto, certamente, contribuiu para que as coisas começassem a mudar.
É impressionante como o poder das palavras é capaz de ensejar transformações. Ativismo literário que desperta consciências, que pugna por justiça, que abre gaiolas, que liberta. A divulgação desse texto, pela internet, mexeu com a opinião pública, tanto que alguns meses depois as autoridades administrativas decidiram proibir a venda de animais vivos naquele estabelecimento. É claro que a medida restritiva é apenas um passo no ideal abolicionista, mas, convenhamos, um importante passo. Há centenas de mercados das almas no Brasil, com milhares de animais transfigurados pelo medo e pela dor – exatamente com ela descreveu -, bichos empalhados e que ainda respiram. Não fosse a iniciativa de algumas poucas pessoas que se indignaram com a situação, ninguém, absolutamente ninguém, intercederia em defesa das vítimas indefesas. E pensar que nosso país possui legislação proibitiva de abusos, de maus-tratos e de crueldade para com animais. Como pode…?
Melhor não dizer mais nada. Que os leitores, ao menos aqueles que ainda não conhecem o texto de Adriana Bernardino, tirem suas próprias conclusões com a leitura de “Mercadão das Almas”, que considero uma das mais belas páginas literárias que já li em favor dos animais. Crônica ativista, eu torno a dizer, porque escrita com todo o sentimento aflorado de uma alma sensível e inconformada. São ações como essas que fazem a diferença, que nos devolvem a esperança, que resgatam a crença na justiça e que nos permitem seguir em frente, na busca de tempos melhores para todos. Deixo-lhes, a partir de agora, com Adriana Bernardino:
MERCADÃO DAS ALMAS
“Porque os anjos têm asas como as aves.
Porque os homens têm pelos como os bichos.
E todos nós temos alma como Deus!”
(São Francisco de Assis)
Há homens morrendo em todos os cantos do planeta. Mortes horrendas, desnecessárias. E há homens que, enquanto não morrem, assistem ao espetáculo da violência, faces da morte distribuídas por canais de TV, pedaços de corpos disputados por jornais e revistas. É este o programa da família. Crianças acostumadas, desde a mais tenra idade, ao sadismo de seu semelhante.
Será esse o motivo? Eu procuro um motivo que justifique a frieza do homem diante do sofrimento do outro, seja lá que outro for. Foi assim com Sócrates, Cristo, Zumbi, Gandhi, Martin Luter King, Tiradentes, Lennon, garotos arremessados de um trem em movimento e tantos outros que, a seu modo, exerciam ou lutavam pela liberdade e pela paz, mas foram premiados com a cruz, com a faca, com a bala, com a bomba, com a tortura, carentes de inteligência e de sanidade.
Quais são mesmo os motivos? Ainda não sei. Ser humano sem humanidade? É um triste paradoxo. Como se um peixe que não soubesse nadar, como uma águia que se recusasse a voar. Estou perplexa.
Aqui, no Mercado da Cantareira, em São Paulo, acompanhada de meu amigo Christopher, essas interrogações me invadem. Esses porquês.
Como é que esses homens, sem humanidade, vão-se comover com animais amontoados em gaiolas, implorando por socorro, por misericórdia?
Há, por exemplo, um box especializado em venda de animais para rituais religiosos. Há pequenos bodes, cabritos e galos pretos à espera do sacrifício. Os primeiros nem lutam mais pela vida. Chegaram a lutar antes de entrar num caminhão, a milhares de quilômetros daqui. Chegaram a lutar dentro do caminhão – com berros, com chifradas – por ar, por água, por comida. Agora, presos numa cela de azulejos brancos, eles se ferem um aos outros.
Estão cegos, paralisados pelo medo e pela dor. Acaricio a cabeça de um deles, que não reage. Parece um animal empalhado. Só sei que está vivo porque o corpo esquelético respira.
Uma pessoa se aproxima. Olha os galos pretos, que gritam inconformados. Eles são valentes. Ela escolhe um. O dono do box – um homem branco, gordo, com uma expressão tão fria quanto a de um manequim de loja (terá filhos? terá um amor?) – o dono do box abre a gaiola e agarra o animal pelas pernas. O galo bem que tenta reagir: grita, bate as asas, imponente. O dono, então, levanta-o e, com precisão, arremessa sua cabeça contra a parede. Não, o bicho não morre. O homem é “bom” no que faz. Deixa-o em estado de choque, entre a vida e a morte. Porque seu novo dono o quer vivo: o ritual exige seu sangue quente.
O funcionário do box, mais falante, diz que tem dó dos bichos. Mas o que se há de fazer? “Nós cuidamos deles, passamos remédio nos olhos feridos. Mas eles se ferem novamente”, explica o rapaz, o erro dos bichos.
Chega? Não. Há também os coelhos. Um deles, cujo valor foi estabelecido em trinta reais, lambeu meus dedos quando o peguei no colo. Nunca tinha visto isso. Queria levá-lo comigo; entretanto, Christopher me disse que seria um incentivo à continuidade daquele comércio. Não levei. Hoje, sinceramente, arrependo-me.
Eu não queria ver mais nada. Mas ninguém entra num local desses impunemente. É preciso ir ao Mercado Municipal, próximo ao da Cantareira, onde também há animais. Estes, por sua vez, estão todos mortos. São exibidas cabeças de porcos dentro de um freezer transparente com o nome de “Porco Feliz”. E um anúncio grande num outro box, com os dizeres: “temos filhotes de javali”. Sim, tem gente que faz sua ceia de Natal com filhote de javali.
Estou cansada. Não aguento mais ver essas fotos nem escrever sobre o que vi. Eu só espero que as pessoas – nas festas de Natal e Ano Novo – valorizem mais o amor do que cadáveres sobre a mesa, façam mais amor do que rituais sangrentos. Porque a vida nos dá o que damos a ela. Só teremos um ano melhor se plantarmos, uma a uma, as sementes dos frutos que queremos colher.
Eu desejo a todos vocês que saibam semear com sabedoria.
Adriana Bernardino
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Encontro Nacional de Diretos Animais 2010
Encontro Nacional de Diretos Animais 2010
Discutindo o movimento, nutrindo-se nas diferenças e capacitando nossos ativistas
Um movimento eficiente só é possível com ativistas capacitados e inspirados.
O ENDA é o único evento nacional feito de ativistas para ativistas,
oferecendo aos presentes a oportunidade de compartilhar, aprender, conviver e recarregar as baterias
para formarmos um movimento forte e eficiente
09 a 12 de outubro de 2010
Porangaba, São Paulo
As melhores mentes do movimento brasileiro em mais 40 palestras
Aprendizado e confraternização em quatro dias de convivência intensa com ativistas de todo o Brasil
Informação, capacitação e momentos de descontração (mergulho no lago, show de talentos, fogueira) na companhia de pessoas que lutam pela mesma causa.
Inscrições com valor reduzido no mês de agosto. O valor da inscrição já inclui a hospedagem e a alimentação
Acesse www.enda.org.br e veja a grade de palestrantes, fotos, vídeos, depoimentos e valores para inscrição.
Realização:
VEDDAS – Vegetarianismo Ético, Defesa dos Direitos Animais e Sociedade
www.veddas.org.br
Discutindo o movimento, nutrindo-se nas diferenças e capacitando nossos ativistas
Um movimento eficiente só é possível com ativistas capacitados e inspirados.
O ENDA é o único evento nacional feito de ativistas para ativistas,
oferecendo aos presentes a oportunidade de compartilhar, aprender, conviver e recarregar as baterias
para formarmos um movimento forte e eficiente
09 a 12 de outubro de 2010
Porangaba, São Paulo
As melhores mentes do movimento brasileiro em mais 40 palestras
Aprendizado e confraternização em quatro dias de convivência intensa com ativistas de todo o Brasil
Informação, capacitação e momentos de descontração (mergulho no lago, show de talentos, fogueira) na companhia de pessoas que lutam pela mesma causa.
Inscrições com valor reduzido no mês de agosto. O valor da inscrição já inclui a hospedagem e a alimentação
Acesse www.enda.org.br e veja a grade de palestrantes, fotos, vídeos, depoimentos e valores para inscrição.
Realização:
VEDDAS – Vegetarianismo Ético, Defesa dos Direitos Animais e Sociedade
www.veddas.org.br
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Ainda sobre os modelos animais...
Ainda sobre os modelos animais...
Por Paula Brügger - brugger@ccb.ufsc.br
No texto passado* coloquei, resumidamente, as principais razões que nos levam a discordar da eficácia dos modelos animais para estudar diversos males que acometem os humanos, ou desenvolver medicamentos, terapias etc. Esse assunto polêmico despertou o interesse de muita gente, uma vez que no ideário dominante os experimentos com animais são uma espécie de mal necessário. Isso é compreensível. Afinal, os meios de comunicação não cessam de dar destaque às descobertas de drogas ou terapias a partir de modelos animais. Entretanto, quando a mesma droga ou terapia se mostra ineficiente em humanos, a notícia nunca é matéria de primeira página. É claro que tudo isso acaba reforçando a fé nos modelos animais, ou seja, a impressão de que eles funcionam de fato e que, mesmo em alguns casos de total fracasso, faltou realmente muito pouco para se chegar a um resultado bem-sucedido.
Sobre o sucesso dos modelos animais
Os defensores dos modelos animais alegam que muitos medicamentos, procedimentos cirúrgicos ou terapias, por exemplo, dependeram da experimentação animal, ou foram descobertos usando animais como modelos. Entretanto, o que os defensores de tais experimentos não desejam discutir é o índice de sucesso dessa forma de estudar e construir conhecimento. Salvo em casos nos quais os modelos animais tenham sido rigorosamente validados (mas isso implica a morte de milhões deles!), os dados corretos, aparentemente obtidos a partir de modelos animais, são fruto da coincidência e do acaso, ou de pistas fornecidas por outros campos de pesquisa. Não refletem o resultado de uma empreitada verdadeiramente científica, uma vez que não implicam num conhecimento minucioso dos complexos mecanismos presentes nos processos estudados. Tais acertos parecem refletir nada mais do que um pequeno percentual bem-sucedido de meras tentativas e, com isso, não diferem significativamente de outras situações como os índices de acerto em cestas de basquete, por exemplo, por parte de pessoas que não dominam tal esporte.
Outras formas de construir conhecimento
Muitos médicos e cientistas anti-vivisseccionistas afirmam que os animais não precisam fazer parte da descoberta de novas drogas. Segundo os doutores Jean e Ray Greek, por exemplo, existem apenas quatro formas testadas e verdadeiras para se encontrar novas drogas. A primeira seria descobrir novas substâncias na natureza como fizerem nossos ancestrais. A segunda, pouco explorada, é descobrir um valor de cura novo em um medicamento já existente (como o potencial do triclosan para malária); a terceira se constitui na modificação da estrutura química de um medicamento para melhorá-lo, ou para criar uma nova versão para o mercado (como é o caso do antibiótico Zyvox); e a quarta e mais interessante delas é "desenhar" um novo medicamento baseado em uma ação desejada. Essa é a alternativa que traz mais inovação na farmacologia moderna (envolve química combinatória; CADD computer-aided drug design, ou "desenho" de drogas por meio de computador; técnicas de análise in vitro, etc). Como exemplo dessa quarta via, os Greek citam os fármacos contra o HIV. Eles e outros autores sugerem que se elimine a etapa dos testes com animais e, em vez disso, se aumente a já existente fase de estudos clínicos com humanos. Tal medida seria da maior importância. Kathy Archibald, diretora científica do grupo "Europeans For Medical Progress", destaca que nenhum método - seja ele baseado em animais, seres humanos, ou tubos de ensaio - é capaz de prever as reações dos pacientes com 100% de precisão. As reações diferem de acordo com sexo, idade, grupo étnico e mesmo entre membros da mesma família. Somos todos diferentes, bioquimicamente únicos, embora não tão diferentes uns dos outros quanto somos dos animais, é claro. Por exemplo, apesar de todos os genomas humanos terem mais 99,9% de identidade, a pequena proporção de 0,1% de diferença pode produzir uns três milhões de polimorfismos. Muitos deles não têm efeito, mas os que têm impacto na expressão e função de proteínas podem afetar o funcionamento de drogas (no caso de a proteína em questão estar ligada ao funcionamento da droga). Alguns exemplos importantes estão relacionados ao metabolismo do colesterol, à manifestação da asma e aos transmissores de serotonina. Tudo isso só reforça a idéia de que usar animais em estudos é ineficaz e antiético, pois nenhuma dessas particularidades pode ser descoberta nos modelos animais. Archibald destaca que a massiva ênfase na confiabilidade dos dados provenientes da experimentação animal permite que as companhias farmacêuticas evitem conduzir etapas clínicas mais criteriosas, mais representativas, com mais pessoas e durante mais tempo. Ela afirma ainda que os testes com animais são feitos por razões legais e não científicas, pois isso protege as empresas contra processos decorrentes de efeitos colaterais prejudiciais ou letais.
Bibliografia
ARCHIBALD, Kathy. Animal testing: science or fiction? The Ecologist, maio. 2005: 14-17.
GREEK, Ray & GREEK, Jean. Specious Science: How Genetics and Evolution Reveal Why Medical Research on Animals Harms Humans. London, New York: Continuum, 2003.
* Referência ao texto Porque somos contra os modelos animais - o reducionismo como base da falibilidade dos modelos animais, publicado na revista Pensata Animal em 16/10/2007.
Por Paula Brügger - brugger@ccb.ufsc.br
No texto passado* coloquei, resumidamente, as principais razões que nos levam a discordar da eficácia dos modelos animais para estudar diversos males que acometem os humanos, ou desenvolver medicamentos, terapias etc. Esse assunto polêmico despertou o interesse de muita gente, uma vez que no ideário dominante os experimentos com animais são uma espécie de mal necessário. Isso é compreensível. Afinal, os meios de comunicação não cessam de dar destaque às descobertas de drogas ou terapias a partir de modelos animais. Entretanto, quando a mesma droga ou terapia se mostra ineficiente em humanos, a notícia nunca é matéria de primeira página. É claro que tudo isso acaba reforçando a fé nos modelos animais, ou seja, a impressão de que eles funcionam de fato e que, mesmo em alguns casos de total fracasso, faltou realmente muito pouco para se chegar a um resultado bem-sucedido.
Sobre o sucesso dos modelos animais
Os defensores dos modelos animais alegam que muitos medicamentos, procedimentos cirúrgicos ou terapias, por exemplo, dependeram da experimentação animal, ou foram descobertos usando animais como modelos. Entretanto, o que os defensores de tais experimentos não desejam discutir é o índice de sucesso dessa forma de estudar e construir conhecimento. Salvo em casos nos quais os modelos animais tenham sido rigorosamente validados (mas isso implica a morte de milhões deles!), os dados corretos, aparentemente obtidos a partir de modelos animais, são fruto da coincidência e do acaso, ou de pistas fornecidas por outros campos de pesquisa. Não refletem o resultado de uma empreitada verdadeiramente científica, uma vez que não implicam num conhecimento minucioso dos complexos mecanismos presentes nos processos estudados. Tais acertos parecem refletir nada mais do que um pequeno percentual bem-sucedido de meras tentativas e, com isso, não diferem significativamente de outras situações como os índices de acerto em cestas de basquete, por exemplo, por parte de pessoas que não dominam tal esporte.
Outras formas de construir conhecimento
Muitos médicos e cientistas anti-vivisseccionistas afirmam que os animais não precisam fazer parte da descoberta de novas drogas. Segundo os doutores Jean e Ray Greek, por exemplo, existem apenas quatro formas testadas e verdadeiras para se encontrar novas drogas. A primeira seria descobrir novas substâncias na natureza como fizerem nossos ancestrais. A segunda, pouco explorada, é descobrir um valor de cura novo em um medicamento já existente (como o potencial do triclosan para malária); a terceira se constitui na modificação da estrutura química de um medicamento para melhorá-lo, ou para criar uma nova versão para o mercado (como é o caso do antibiótico Zyvox); e a quarta e mais interessante delas é "desenhar" um novo medicamento baseado em uma ação desejada. Essa é a alternativa que traz mais inovação na farmacologia moderna (envolve química combinatória; CADD computer-aided drug design, ou "desenho" de drogas por meio de computador; técnicas de análise in vitro, etc). Como exemplo dessa quarta via, os Greek citam os fármacos contra o HIV. Eles e outros autores sugerem que se elimine a etapa dos testes com animais e, em vez disso, se aumente a já existente fase de estudos clínicos com humanos. Tal medida seria da maior importância. Kathy Archibald, diretora científica do grupo "Europeans For Medical Progress", destaca que nenhum método - seja ele baseado em animais, seres humanos, ou tubos de ensaio - é capaz de prever as reações dos pacientes com 100% de precisão. As reações diferem de acordo com sexo, idade, grupo étnico e mesmo entre membros da mesma família. Somos todos diferentes, bioquimicamente únicos, embora não tão diferentes uns dos outros quanto somos dos animais, é claro. Por exemplo, apesar de todos os genomas humanos terem mais 99,9% de identidade, a pequena proporção de 0,1% de diferença pode produzir uns três milhões de polimorfismos. Muitos deles não têm efeito, mas os que têm impacto na expressão e função de proteínas podem afetar o funcionamento de drogas (no caso de a proteína em questão estar ligada ao funcionamento da droga). Alguns exemplos importantes estão relacionados ao metabolismo do colesterol, à manifestação da asma e aos transmissores de serotonina. Tudo isso só reforça a idéia de que usar animais em estudos é ineficaz e antiético, pois nenhuma dessas particularidades pode ser descoberta nos modelos animais. Archibald destaca que a massiva ênfase na confiabilidade dos dados provenientes da experimentação animal permite que as companhias farmacêuticas evitem conduzir etapas clínicas mais criteriosas, mais representativas, com mais pessoas e durante mais tempo. Ela afirma ainda que os testes com animais são feitos por razões legais e não científicas, pois isso protege as empresas contra processos decorrentes de efeitos colaterais prejudiciais ou letais.
Bibliografia
ARCHIBALD, Kathy. Animal testing: science or fiction? The Ecologist, maio. 2005: 14-17.
GREEK, Ray & GREEK, Jean. Specious Science: How Genetics and Evolution Reveal Why Medical Research on Animals Harms Humans. London, New York: Continuum, 2003.
* Referência ao texto Porque somos contra os modelos animais - o reducionismo como base da falibilidade dos modelos animais, publicado na revista Pensata Animal em 16/10/2007.
Porque somos contra os modelos animais
Porque somos contra os modelos animais - o reducionismo como base da falibilidade dos modelos animais
Paula Brügger
Dom, 16 de Dezembro de 2007 00:00
Além de indefensável sob o ponto de vista ético, uma vez que submete seres sencientes1 ao sofrimento físico e psicológico (Singer, 1998; Regan, 2001), a vivissecção2 é uma prática que falha em pelo menos um critério fundamental para que seja considerada verdadeiramente científica: predictabilidade. Antes de tecer algumas considerações acerca das razões de ordem epistemológica subjacentes aos resultados pífios provenientes dos modelos animais, gostaria de remeter o leitor a alguns contextos e dados que ilustram a afirmação feita anteriormente.
No que diz respeito a medicamentos, por exemplo, apesar da enorme quantidade de cobaias mortos para supostamente assegurar a eficácia e testar os efeitos colaterais de novas drogas, Greek & Greek (2000, p.117) destacam que "segundo a organização Pharmaceutical Research and Manufacturers of America, apenas 1% dos novos medicamentos testados em laboratórios vão para o estágio clínico (em que são testados em voluntários humanos). Dos que chegam ao mercado, muitos apresentam sérios efeitos colaterais e riscos não previstos. "Uma revisão realizada pelo governo americano nas drogas lançadas entre 1976 e 1985 revelou que 51,5% delas ofereciam riscos não previstos nos testes" (Barnard & Kaufman, 1997, p.81). Greek & Greek (2000, p.58) destacam que, "a cada ano, dezenas de milhares de pessoas adoecem devido ao uso de fármacos legalmente vendidos. Archibald (2005), que argumenta no mesmo sentido, afirma ainda que os efeitos colaterais de medicamentos prescritos estão entre as primeiras causas de mortes no Ocidente3. Ela cita o caso recente do Vioxx - um fármaco para combater a artrite - que foi retirado do mercado global em setembro de 2004, após ter causado 140.000 casos de ataques cardíacos e derrames somente nos EUA. O fármaco, quando testado em animais não-humanos, se mostrou seguro e até benéfico para o coração deles. Outro exemplo que merece destaque é o das terapias de reposição hormonal. Prescritas para milhões de mulheres, porque diminuíam o risco de doenças cardíacas e derrame em macacos, tais terapias aumentaram significativamente o risco dessas doenças em mulheres e ainda provocaram 20.000 casos de câncer de mama. Archibald cita diversos outros fármacos que matam4 e Greek & Greek (2003, p.112-115) também apresentam uma longa lista de medicamentos retirados do mercado, na Grã-Bretanha e EUA, por conta dos seus gravíssimos efeitos colaterais (que incluem morte). Eles destacam que as drogas listadas representam uma pequena parte da calamidade total. A lista completa é quase inumerável, dizem eles, uma vez que muitos problemas sequer foram relatados.
E por que razão tais drogas são ineficazes e até perigosas? Porque os dados provenientes de testes com animais não-humanos são caóticos e não confiáveis. Eis um exemplo emblemático: "pesquisadores escolheram 6 drogas com efeitos colaterais conhecidos em humanos. Os testes com animais corretamente previram 22 efeitos colaterais, mas incorretamente apresentaram 48 efeitos que não ocorriam em humanos. E mais, os testes em animais não previram 20 efeitos colaterais que ocorrem nos humanos. Portanto, os modelos animais erraram 68 vezes em 90. Assim, em 76% das vezes, os resultados provenientes de experimentos com animais estavam errados" (Lumley and Walker apud Greek & Greek, 2003, p.111)
O modelo animal é falho porque existem diferenças, entre nós e eles, na anatomia, na fisiologia, nas interações ambientais, nos tipos de alimentos ingeridos, etc, que resultam na não-correspondência na absorção, distribuição e metabolismo de substâncias. Ademais, as condições de laboratório são mais controladas do que na vida humana e as doses administradas aos animais podem ser muito maiores do que as prescritas aos humanos, em termos de peso corporal. Portanto, fora o fato de que as vias de inoculação de diferentes substâncias - se oral, anal, peritonial, vaginal, etc - podem exercer uma grande influência sobre o resultado dos testes, a dosagem pode ser também um fator crucial.
Fano (2000), por exemplo, destaca que muitos testes com animais ocorrem em condições (dosagens, métodos, etc) que não têm similaridade com a vida real. Em um experimento envolvendo o adoçante ciclamato, os animais receberam o equivalente humano a 552 garrafas de refrigerantes por dia. Em dois experimentos com tricloroetileno (usado como agente descafeinizante em café) os ratos receberam uma dose equivalente a 50 milhões de xícaras de café por dia. Isso pode falsificar os resultados de duas maneiras: pode envenenar as células e tecidos, tão severamente, a ponto de prevenir uma resposta carcinogênica que em outras condições poderia ocorrer; ou pode sobrecarregar, ou mudar, os processos metabólicos e causar uma resposta carcinogênica que poderia não ocorrer, conclui ela.
Além disso, a velocidade do metabolismo dos animais é variável. Animais de laboratório são em geral menores do que os humanos e, com isso, têm um metabolismo muito mais intenso. Dessa forma, eliminam toxinas mais rapidamente do que os humanos, o que pode impedir que os efeitos tóxicos apareçam, como observa Fano.
Apesar de os vivisseccionistas afirmarem que ratos e camundongos se constituem em bons modelos para estudar doenças e outras condições ou males que acometem os humanos, há expressivas diferenças entre eles e nós. Segundo Greek & Greek (2003, p.121), "ratos respiram obrigatoriamente pelo nariz, o que pode alterar a forma de entrada de uma substância pela corrente sanguínea; a placenta é consideravelmente mais porosa nos ratos do que na espécie humana; devido a diferenças na distribuição da microflora intestinal, eles são muito mais propensos a metabolizar um composto administrado oralmente em um metabólito ativo, ou tóxico; a secreção de ácido no interior do estômago deles é contínua, enquanto no dos humanos ela ocorre apenas em resposta à presença de alimentos, ou outros estímulos. Os ratos são ainda animais de hábito noturno, susceptíveis a doenças diferentes das nossas, têm requerimentos nutricionais também diferentes e são incapazes de vomitar. Todas essas peculiaridades (anatômicas, fisiológicas, etc) afetam a absorção, a farmacocinética e o metabolismo de compostos, ou causam reações inesperadas com relação a um composto"5.
Muitas outras questões que afetam os dados provenientes de testes com animais não-humanos poderiam ser adicionadas aqui como, por exemplo, a influência do enriquecimento ambiental (veja artigo da New Scientist, (173[2333], 09 de mar.2002:11, intitulado "Home comfort for lab animals create problems for researchers"). Mas, afinal, que questões estariam no cerne de tais resultados caóticos?
Os modelos animais são imprecisos porque se constituem numa prática imersa no paradigma mecanicista e, portanto, reducionista, que se tornou hegemônico em nossa cultura. Tal paradigma encontra-se também inextricavelmente associado a uma ética antropocêntrica e especista. A oposição sujeito-objeto, base da pretensa descrição objetiva da natureza, é outra dicotomia que está no cerne do corpus formal do conhecimento em nossa sociedade e também na experimentação animal. Nela, toma-se um animal como modelo de estudo, sendo este analisado segundo suas supostas capacidades de prever ou reproduzir um determinado fenômeno. Dentro do paradigma mecanicista isso faria sentido, pois tratar-se-ia de analisar, compreender, ou identificar, um determinado mecanismo para depois verificar de que forma aquele mecanismo (genético, fisiológico, metabólico, etc) poderia ser usado para predizer outro, o organismo a ser modelado. Ocorre que os fenômenos sociais e naturais são muito mais complexos do que postulam as premissas da visão mecanicista, o que torna esse paradigma inadequado ou, no mínimo, muito limitado para descrever tal gama de complexidade (veja Maturana, 2002; Capra, 1996; Brügger, 2004, p.63-120).
Capra (1996), por exemplo, argumenta que há três critérios fundamentais para uma descrição abrangente da natureza da vida: o padrão de organização (a configuração de relações que determinam as características essenciais do processo); a estrutura (a incorporação física do padrão de organização do sistema); e o processo (a atividade envolvida na incorporação contínua do padrão de organização do sistema). Nessa visão, todos os sistemas vivos são sistemas cognitivos e a cognição sempre implica a existência de uma rede autopoiética, ou seja, a característica básica de uma rede viva é que ela produz continuamente a si mesma, ela se autocria (veja também Maturana, 2002). Esse processo de autocriação também influi na capacidade de formar novas estruturas e novos padrões de comportamento.
Assim, embora haja muitas características comuns entre nós e os outros animais, diferenças microscópicas entre as nossas células e as deles podem levar a erros grosseiros. Todas as espécies - plantas e animais - seguem o mesmo design: são formados pelas mesmas unidades de DNA (A,T,C,G) que são juntadas no mesmo processo. Mas, enquanto o material genético é o mesmo, a composição, os arranjos são diferentes. Isso faz toda a diferença.
O seguinte contexto - que envolve a semelhança entre nós e os chimpanzés - demonstra de forma inequívoca a razão de rechaçarmos o argumento reducionista de que tais animais são excelentes modelos. Segundo Greek & Greek (2003, p.49-50), "se examinarmos os genes que codificam proteínas que atuam como enzimas, ou provêem a base para estrutura, ou movimento celular, a semelhança entre nós e os chimpanzés é maior do que 99%. A diferença está, portanto, não nos blocos de construção, mas na forma como eles são arranjados e comandados por genes reguladores que controlam o padrão e o crescimento. Assim, por exemplo, uma única diferença num aminoácido, entre primatas humanos e não-humanos, faz com que o HIV não se acople ao mesmo receptor celular em primatas não-humanos".
Essa é a "dialética" da natureza. E é exatamente o que argumenta Capra, no parágrafo anterior (veja também Brügger, 2004, p.125-128).
Assim, o elevado grau de correspondência genética que há entre nós e tais modelos (como primatas e roedores) só faz sentido, em termos de confiabilidade, dentro de uma visão reducionista de ciência. Os animais não-humanos não podem ser considerados como bons "modelos analógicos causais" (CAMs). Segundo os filósofos Hugh La-Follete e Niall Shanks (1996) um modelo analógico causal funciona da seguinte forma: X (o modelo) é semelhante a Y (o objeto a ser modelado) com relação às propriedades {a....e}. X tem a propriedade adicional f. Embora não observada em Y, supõe-se que Y também tenha a propriedade f. Então, se a droga Z causa a morte do modelo animal (por exemplo, a penicilina mata porquinhos da Índia), por analogia, matará os humanos (veja Greek & Greek, 2003, p.45). La-Follete e Shanks (1996) afirmam que "os modelos analógicos causais teriam que apresentar também características comuns; conexões causais entre as características; e ausência de disanalogias relevantes. E afirmam que a possibilidade de haver disanalogias causais relevantes destrói o argumento de que as pesquisas com animais têm importância direta para o estudo de fenômenos biológicos humanos. Isso acontece porque, até que sejam feitos testes com humanos, não há como saber se existem ou não disanalogias relevantes entre nós e o modelo animal estudado. E há fortes razões teóricas para esperar que existam disanalogias causais relevantes. Animais humanos e não-humanos foram submetidos a pressões evolutivas muito distintas. O fato de duas espécies terem propriedades funcionais biológicas semelhantes não nos dá razão para pensar que elas tenham mecanismos causais subjacentes semelhantes. Embora os humanos não sejam ´essencialmente´ diferentes dos ratos, ou tampouco formas de vida ´mais elevadas´, somos diferentes em termos de complexidade. Diferenças entre as espécies, ainda que pequenas, freqüentemente resultam em respostas radicalmente divergentes com relação a estímulos qualitativamente idênticos. Diferenças evolutivas nos sistemas biológicos de humanos e roedores, por exemplo, desencadeiam um efeito cascata que resulta em marcadas diferenças em importantes propriedades biomédicas entre as duas espécies".
Portanto, a presença de pequenas diferenças no nível celular, como prega a Teoria da Evolução, invalida as extrapolações entre as espécies.
Compreendemos de forma muito limitada a pujança autopoiética da natureza, mas queremos exercer domínio sobre ela. Penso que as questões aqui colocadas devam, portanto, fazer parte do debate sobre a eficácia dos modelos animais como ferramentas de ensino e pesquisa. Isso porque os profissionais que deles se utilizam são, em tese, cientistas e estão produzindo conhecimento, além de estarem formando uma legião de seguidores de seus preceitos cientificamente questionáveis.
Embora hoje não seja mais possível negar a influência dos fatores aqui apontados - os quais concertados entre si podem produzir uma realidade completamente nova e inesperada, com a qual o cientista tem que lidar - os fundamentos epistemológicos subjacentes a tais processos, ainda se constituem numa questão considerada excessivamente abstrata. Entretanto, a aceitação de que há uma interdependência entre variáveis que não podem ser isoladas e estudadas em separado, ou quantificadas em termos de influência, faz parte da essência do método científico - mesmo o mecanicista - ainda que em menor extensão. Essa é uma questão muito mais profunda e crucial do que pode parecer, pois implica compreender verdadeiramente que o conhecimento construído é sempre uma abstração no sentido rigoroso do termo. E que algumas abstrações, ou metáforas, são mais adequadas do que outras para descrever determinadas realidades.
Dessa forma, salvo em casos nos quais os modelos animais tenham sido rigorosamente validados (mas isso implica a morte de milhões deles!), os dados corretos, aparentemente obtidos a partir de modelos animais, são, na verdade fruto da coincidência e do acaso, ou de pistas fornecidas por outros campos de pesquisa. Não refletem o resultado de uma empreitada verdadeiramente científica, uma vez que não implicam num conhecimento minucioso dos complexos mecanismos presentes nos processos estudados6. Tais acertos parecem refletir nada mais do que um pequeno percentual bem-sucedido de meras tentativas e, com isso, não diferem significativamente de outras situações como os índices de acerto em cestas de basquete, por exemplo, por parte de pessoas que não dominam tal esporte.
Urge, portanto, que façamos uma reflexão criteriosa acerca da manutenção desse paradigma ancorado em valores antropocêntricos e especistas. Não é razoável afirmar que é impossível prescindir dos modelos animais quando não há um investimento sistemático (nem em educação, nem em pesquisa) no uso de alternativas, sejam elas técnicas substitutivas ou alternativas no sentido lato (como bancos de dados clínicos, epidemiológicos e outras fontes de informação).
Finalmente, vale dizer que as críticas aos modelos animais fazem parte de uma crítica maior que diz respeito às visões de saúde e doença presentes na medicina que se tornou hegemônica, baseada na intervenção e não na prevenção. Tal visão faz parte de um paradigma que privilegia as soluções "farmaco" e "tecno"-lógicas, como de resto é a ótica dominante em nossa cultura (exemplo emblemático é o tratamento/cura proposto para as "mudanças climáticas" ora em curso). E, mais uma vez, a falta de visão sistêmica jaz na base de todas essas questões.
Notas
1 Seres sencientes são aqueles capazes de experimentar prazer, dor, alegria e outras sensações e emoções.
2 O termo vivissecção tem o significado de "cortar vivo". É empregado para designar a realização de operações ou estudos em animais vivos para observação de determinados fenômenos.
3 As primeiras são: câncer, doenças do coração e derrame (acidentes vasculares cerebrais).
4 Alguns fármacos citados por Archibald são o Baycol, o Rezulin, Propulsid, Opren, Eraldin.
5 Há ainda diferenças importantes entre machos e fêmeas, e entre linhagens e resultados de diferentes instituições.
6 Como os chamados "laços de realimentação" e outros mecanismos que podem atuar de forma auto-referencial nos modelos propostos.
Bibliografia
ARCHIBALD, Kathy. Animal testing: science or fiction? The Ecologist, maio. 2005: 14-17.
BARNARD, Neal & KAUFMAN, Stephen. Animal research is wasteful and misleading. Scientific American, fev. 1997. 80-82.
BRÜGGER, Paula. Modelos animais. In: Amigo Animal - reflexões interdisciplinares sobre educação e meio ambiente: animais, ética, dieta, saúde, paradigmas. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004: 63-120; 125-128).
CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. Trad. Newton Roberval Eichemberg. São Paulo, Cultrix, c1996.
FANO, Alix. Beastly practice. The Ecologist, vol 30 (3), maio, 2000: 24-28
GREEK, Ray C.& GREEK, Jean S. Sacred cows and golden geese - the human cost of experiments on animals. Foreword by Jane Goodall. New York/London: Continuum, 2000.
GREEK, Ray & GREEK, Jean. Specious Science: How Genetics and Evolution Reveal Why Medical Research on Animals Harms Humans. London, New York: Continuum, 2003.
LaFOLLETTE, Hugh & SHANKS, Niall. Brute Science: Dilemmas of Animal Experimentation. London: Routledge, 1996.
MATURANA, Humberto R.& VARELA, Francisco J.. A árvore do conhecimento - as bases biológicas da compreensão humana. 2ªed. Trad. Humberto Mariotti e Lia Diskin.São Paulo: Palas Athena, 2002.
REGAN, Tom. Defending animal rights. Chicago: University of Illinois Press, 2001.
SINGER, Peter. Ética Prática. 2ª ed. Trad. Jefferson L. Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 1998.
Paula Brügger
Dom, 16 de Dezembro de 2007 00:00
Além de indefensável sob o ponto de vista ético, uma vez que submete seres sencientes1 ao sofrimento físico e psicológico (Singer, 1998; Regan, 2001), a vivissecção2 é uma prática que falha em pelo menos um critério fundamental para que seja considerada verdadeiramente científica: predictabilidade. Antes de tecer algumas considerações acerca das razões de ordem epistemológica subjacentes aos resultados pífios provenientes dos modelos animais, gostaria de remeter o leitor a alguns contextos e dados que ilustram a afirmação feita anteriormente.
No que diz respeito a medicamentos, por exemplo, apesar da enorme quantidade de cobaias mortos para supostamente assegurar a eficácia e testar os efeitos colaterais de novas drogas, Greek & Greek (2000, p.117) destacam que "segundo a organização Pharmaceutical Research and Manufacturers of America, apenas 1% dos novos medicamentos testados em laboratórios vão para o estágio clínico (em que são testados em voluntários humanos). Dos que chegam ao mercado, muitos apresentam sérios efeitos colaterais e riscos não previstos. "Uma revisão realizada pelo governo americano nas drogas lançadas entre 1976 e 1985 revelou que 51,5% delas ofereciam riscos não previstos nos testes" (Barnard & Kaufman, 1997, p.81). Greek & Greek (2000, p.58) destacam que, "a cada ano, dezenas de milhares de pessoas adoecem devido ao uso de fármacos legalmente vendidos. Archibald (2005), que argumenta no mesmo sentido, afirma ainda que os efeitos colaterais de medicamentos prescritos estão entre as primeiras causas de mortes no Ocidente3. Ela cita o caso recente do Vioxx - um fármaco para combater a artrite - que foi retirado do mercado global em setembro de 2004, após ter causado 140.000 casos de ataques cardíacos e derrames somente nos EUA. O fármaco, quando testado em animais não-humanos, se mostrou seguro e até benéfico para o coração deles. Outro exemplo que merece destaque é o das terapias de reposição hormonal. Prescritas para milhões de mulheres, porque diminuíam o risco de doenças cardíacas e derrame em macacos, tais terapias aumentaram significativamente o risco dessas doenças em mulheres e ainda provocaram 20.000 casos de câncer de mama. Archibald cita diversos outros fármacos que matam4 e Greek & Greek (2003, p.112-115) também apresentam uma longa lista de medicamentos retirados do mercado, na Grã-Bretanha e EUA, por conta dos seus gravíssimos efeitos colaterais (que incluem morte). Eles destacam que as drogas listadas representam uma pequena parte da calamidade total. A lista completa é quase inumerável, dizem eles, uma vez que muitos problemas sequer foram relatados.
E por que razão tais drogas são ineficazes e até perigosas? Porque os dados provenientes de testes com animais não-humanos são caóticos e não confiáveis. Eis um exemplo emblemático: "pesquisadores escolheram 6 drogas com efeitos colaterais conhecidos em humanos. Os testes com animais corretamente previram 22 efeitos colaterais, mas incorretamente apresentaram 48 efeitos que não ocorriam em humanos. E mais, os testes em animais não previram 20 efeitos colaterais que ocorrem nos humanos. Portanto, os modelos animais erraram 68 vezes em 90. Assim, em 76% das vezes, os resultados provenientes de experimentos com animais estavam errados" (Lumley and Walker apud Greek & Greek, 2003, p.111)
O modelo animal é falho porque existem diferenças, entre nós e eles, na anatomia, na fisiologia, nas interações ambientais, nos tipos de alimentos ingeridos, etc, que resultam na não-correspondência na absorção, distribuição e metabolismo de substâncias. Ademais, as condições de laboratório são mais controladas do que na vida humana e as doses administradas aos animais podem ser muito maiores do que as prescritas aos humanos, em termos de peso corporal. Portanto, fora o fato de que as vias de inoculação de diferentes substâncias - se oral, anal, peritonial, vaginal, etc - podem exercer uma grande influência sobre o resultado dos testes, a dosagem pode ser também um fator crucial.
Fano (2000), por exemplo, destaca que muitos testes com animais ocorrem em condições (dosagens, métodos, etc) que não têm similaridade com a vida real. Em um experimento envolvendo o adoçante ciclamato, os animais receberam o equivalente humano a 552 garrafas de refrigerantes por dia. Em dois experimentos com tricloroetileno (usado como agente descafeinizante em café) os ratos receberam uma dose equivalente a 50 milhões de xícaras de café por dia. Isso pode falsificar os resultados de duas maneiras: pode envenenar as células e tecidos, tão severamente, a ponto de prevenir uma resposta carcinogênica que em outras condições poderia ocorrer; ou pode sobrecarregar, ou mudar, os processos metabólicos e causar uma resposta carcinogênica que poderia não ocorrer, conclui ela.
Além disso, a velocidade do metabolismo dos animais é variável. Animais de laboratório são em geral menores do que os humanos e, com isso, têm um metabolismo muito mais intenso. Dessa forma, eliminam toxinas mais rapidamente do que os humanos, o que pode impedir que os efeitos tóxicos apareçam, como observa Fano.
Apesar de os vivisseccionistas afirmarem que ratos e camundongos se constituem em bons modelos para estudar doenças e outras condições ou males que acometem os humanos, há expressivas diferenças entre eles e nós. Segundo Greek & Greek (2003, p.121), "ratos respiram obrigatoriamente pelo nariz, o que pode alterar a forma de entrada de uma substância pela corrente sanguínea; a placenta é consideravelmente mais porosa nos ratos do que na espécie humana; devido a diferenças na distribuição da microflora intestinal, eles são muito mais propensos a metabolizar um composto administrado oralmente em um metabólito ativo, ou tóxico; a secreção de ácido no interior do estômago deles é contínua, enquanto no dos humanos ela ocorre apenas em resposta à presença de alimentos, ou outros estímulos. Os ratos são ainda animais de hábito noturno, susceptíveis a doenças diferentes das nossas, têm requerimentos nutricionais também diferentes e são incapazes de vomitar. Todas essas peculiaridades (anatômicas, fisiológicas, etc) afetam a absorção, a farmacocinética e o metabolismo de compostos, ou causam reações inesperadas com relação a um composto"5.
Muitas outras questões que afetam os dados provenientes de testes com animais não-humanos poderiam ser adicionadas aqui como, por exemplo, a influência do enriquecimento ambiental (veja artigo da New Scientist, (173[2333], 09 de mar.2002:11, intitulado "Home comfort for lab animals create problems for researchers"). Mas, afinal, que questões estariam no cerne de tais resultados caóticos?
Os modelos animais são imprecisos porque se constituem numa prática imersa no paradigma mecanicista e, portanto, reducionista, que se tornou hegemônico em nossa cultura. Tal paradigma encontra-se também inextricavelmente associado a uma ética antropocêntrica e especista. A oposição sujeito-objeto, base da pretensa descrição objetiva da natureza, é outra dicotomia que está no cerne do corpus formal do conhecimento em nossa sociedade e também na experimentação animal. Nela, toma-se um animal como modelo de estudo, sendo este analisado segundo suas supostas capacidades de prever ou reproduzir um determinado fenômeno. Dentro do paradigma mecanicista isso faria sentido, pois tratar-se-ia de analisar, compreender, ou identificar, um determinado mecanismo para depois verificar de que forma aquele mecanismo (genético, fisiológico, metabólico, etc) poderia ser usado para predizer outro, o organismo a ser modelado. Ocorre que os fenômenos sociais e naturais são muito mais complexos do que postulam as premissas da visão mecanicista, o que torna esse paradigma inadequado ou, no mínimo, muito limitado para descrever tal gama de complexidade (veja Maturana, 2002; Capra, 1996; Brügger, 2004, p.63-120).
Capra (1996), por exemplo, argumenta que há três critérios fundamentais para uma descrição abrangente da natureza da vida: o padrão de organização (a configuração de relações que determinam as características essenciais do processo); a estrutura (a incorporação física do padrão de organização do sistema); e o processo (a atividade envolvida na incorporação contínua do padrão de organização do sistema). Nessa visão, todos os sistemas vivos são sistemas cognitivos e a cognição sempre implica a existência de uma rede autopoiética, ou seja, a característica básica de uma rede viva é que ela produz continuamente a si mesma, ela se autocria (veja também Maturana, 2002). Esse processo de autocriação também influi na capacidade de formar novas estruturas e novos padrões de comportamento.
Assim, embora haja muitas características comuns entre nós e os outros animais, diferenças microscópicas entre as nossas células e as deles podem levar a erros grosseiros. Todas as espécies - plantas e animais - seguem o mesmo design: são formados pelas mesmas unidades de DNA (A,T,C,G) que são juntadas no mesmo processo. Mas, enquanto o material genético é o mesmo, a composição, os arranjos são diferentes. Isso faz toda a diferença.
O seguinte contexto - que envolve a semelhança entre nós e os chimpanzés - demonstra de forma inequívoca a razão de rechaçarmos o argumento reducionista de que tais animais são excelentes modelos. Segundo Greek & Greek (2003, p.49-50), "se examinarmos os genes que codificam proteínas que atuam como enzimas, ou provêem a base para estrutura, ou movimento celular, a semelhança entre nós e os chimpanzés é maior do que 99%. A diferença está, portanto, não nos blocos de construção, mas na forma como eles são arranjados e comandados por genes reguladores que controlam o padrão e o crescimento. Assim, por exemplo, uma única diferença num aminoácido, entre primatas humanos e não-humanos, faz com que o HIV não se acople ao mesmo receptor celular em primatas não-humanos".
Essa é a "dialética" da natureza. E é exatamente o que argumenta Capra, no parágrafo anterior (veja também Brügger, 2004, p.125-128).
Assim, o elevado grau de correspondência genética que há entre nós e tais modelos (como primatas e roedores) só faz sentido, em termos de confiabilidade, dentro de uma visão reducionista de ciência. Os animais não-humanos não podem ser considerados como bons "modelos analógicos causais" (CAMs). Segundo os filósofos Hugh La-Follete e Niall Shanks (1996) um modelo analógico causal funciona da seguinte forma: X (o modelo) é semelhante a Y (o objeto a ser modelado) com relação às propriedades {a....e}. X tem a propriedade adicional f. Embora não observada em Y, supõe-se que Y também tenha a propriedade f. Então, se a droga Z causa a morte do modelo animal (por exemplo, a penicilina mata porquinhos da Índia), por analogia, matará os humanos (veja Greek & Greek, 2003, p.45). La-Follete e Shanks (1996) afirmam que "os modelos analógicos causais teriam que apresentar também características comuns; conexões causais entre as características; e ausência de disanalogias relevantes. E afirmam que a possibilidade de haver disanalogias causais relevantes destrói o argumento de que as pesquisas com animais têm importância direta para o estudo de fenômenos biológicos humanos. Isso acontece porque, até que sejam feitos testes com humanos, não há como saber se existem ou não disanalogias relevantes entre nós e o modelo animal estudado. E há fortes razões teóricas para esperar que existam disanalogias causais relevantes. Animais humanos e não-humanos foram submetidos a pressões evolutivas muito distintas. O fato de duas espécies terem propriedades funcionais biológicas semelhantes não nos dá razão para pensar que elas tenham mecanismos causais subjacentes semelhantes. Embora os humanos não sejam ´essencialmente´ diferentes dos ratos, ou tampouco formas de vida ´mais elevadas´, somos diferentes em termos de complexidade. Diferenças entre as espécies, ainda que pequenas, freqüentemente resultam em respostas radicalmente divergentes com relação a estímulos qualitativamente idênticos. Diferenças evolutivas nos sistemas biológicos de humanos e roedores, por exemplo, desencadeiam um efeito cascata que resulta em marcadas diferenças em importantes propriedades biomédicas entre as duas espécies".
Portanto, a presença de pequenas diferenças no nível celular, como prega a Teoria da Evolução, invalida as extrapolações entre as espécies.
Compreendemos de forma muito limitada a pujança autopoiética da natureza, mas queremos exercer domínio sobre ela. Penso que as questões aqui colocadas devam, portanto, fazer parte do debate sobre a eficácia dos modelos animais como ferramentas de ensino e pesquisa. Isso porque os profissionais que deles se utilizam são, em tese, cientistas e estão produzindo conhecimento, além de estarem formando uma legião de seguidores de seus preceitos cientificamente questionáveis.
Embora hoje não seja mais possível negar a influência dos fatores aqui apontados - os quais concertados entre si podem produzir uma realidade completamente nova e inesperada, com a qual o cientista tem que lidar - os fundamentos epistemológicos subjacentes a tais processos, ainda se constituem numa questão considerada excessivamente abstrata. Entretanto, a aceitação de que há uma interdependência entre variáveis que não podem ser isoladas e estudadas em separado, ou quantificadas em termos de influência, faz parte da essência do método científico - mesmo o mecanicista - ainda que em menor extensão. Essa é uma questão muito mais profunda e crucial do que pode parecer, pois implica compreender verdadeiramente que o conhecimento construído é sempre uma abstração no sentido rigoroso do termo. E que algumas abstrações, ou metáforas, são mais adequadas do que outras para descrever determinadas realidades.
Dessa forma, salvo em casos nos quais os modelos animais tenham sido rigorosamente validados (mas isso implica a morte de milhões deles!), os dados corretos, aparentemente obtidos a partir de modelos animais, são, na verdade fruto da coincidência e do acaso, ou de pistas fornecidas por outros campos de pesquisa. Não refletem o resultado de uma empreitada verdadeiramente científica, uma vez que não implicam num conhecimento minucioso dos complexos mecanismos presentes nos processos estudados6. Tais acertos parecem refletir nada mais do que um pequeno percentual bem-sucedido de meras tentativas e, com isso, não diferem significativamente de outras situações como os índices de acerto em cestas de basquete, por exemplo, por parte de pessoas que não dominam tal esporte.
Urge, portanto, que façamos uma reflexão criteriosa acerca da manutenção desse paradigma ancorado em valores antropocêntricos e especistas. Não é razoável afirmar que é impossível prescindir dos modelos animais quando não há um investimento sistemático (nem em educação, nem em pesquisa) no uso de alternativas, sejam elas técnicas substitutivas ou alternativas no sentido lato (como bancos de dados clínicos, epidemiológicos e outras fontes de informação).
Finalmente, vale dizer que as críticas aos modelos animais fazem parte de uma crítica maior que diz respeito às visões de saúde e doença presentes na medicina que se tornou hegemônica, baseada na intervenção e não na prevenção. Tal visão faz parte de um paradigma que privilegia as soluções "farmaco" e "tecno"-lógicas, como de resto é a ótica dominante em nossa cultura (exemplo emblemático é o tratamento/cura proposto para as "mudanças climáticas" ora em curso). E, mais uma vez, a falta de visão sistêmica jaz na base de todas essas questões.
Notas
1 Seres sencientes são aqueles capazes de experimentar prazer, dor, alegria e outras sensações e emoções.
2 O termo vivissecção tem o significado de "cortar vivo". É empregado para designar a realização de operações ou estudos em animais vivos para observação de determinados fenômenos.
3 As primeiras são: câncer, doenças do coração e derrame (acidentes vasculares cerebrais).
4 Alguns fármacos citados por Archibald são o Baycol, o Rezulin, Propulsid, Opren, Eraldin.
5 Há ainda diferenças importantes entre machos e fêmeas, e entre linhagens e resultados de diferentes instituições.
6 Como os chamados "laços de realimentação" e outros mecanismos que podem atuar de forma auto-referencial nos modelos propostos.
Bibliografia
ARCHIBALD, Kathy. Animal testing: science or fiction? The Ecologist, maio. 2005: 14-17.
BARNARD, Neal & KAUFMAN, Stephen. Animal research is wasteful and misleading. Scientific American, fev. 1997. 80-82.
BRÜGGER, Paula. Modelos animais. In: Amigo Animal - reflexões interdisciplinares sobre educação e meio ambiente: animais, ética, dieta, saúde, paradigmas. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004: 63-120; 125-128).
CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. Trad. Newton Roberval Eichemberg. São Paulo, Cultrix, c1996.
FANO, Alix. Beastly practice. The Ecologist, vol 30 (3), maio, 2000: 24-28
GREEK, Ray C.& GREEK, Jean S. Sacred cows and golden geese - the human cost of experiments on animals. Foreword by Jane Goodall. New York/London: Continuum, 2000.
GREEK, Ray & GREEK, Jean. Specious Science: How Genetics and Evolution Reveal Why Medical Research on Animals Harms Humans. London, New York: Continuum, 2003.
LaFOLLETTE, Hugh & SHANKS, Niall. Brute Science: Dilemmas of Animal Experimentation. London: Routledge, 1996.
MATURANA, Humberto R.& VARELA, Francisco J.. A árvore do conhecimento - as bases biológicas da compreensão humana. 2ªed. Trad. Humberto Mariotti e Lia Diskin.São Paulo: Palas Athena, 2002.
REGAN, Tom. Defending animal rights. Chicago: University of Illinois Press, 2001.
SINGER, Peter. Ética Prática. 2ª ed. Trad. Jefferson L. Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 1998.
domingo, 22 de agosto de 2010
O DEPUTADO FELICIANO VIRÁ PARA SJC
REPASSEM PARA SEUS AMIGOS PROTETORES E SIMPATIZANTES DA CAUSA.
PROTETORES
O DEPUTADO FELICIANO VIRÁ PARA SJC NA
SEGUNDA-FEIRA (23/08) ÁS 18 HS
PARA UMA REUNIÃO COM A PROTEÇÃO.
O ENDEREÇO É:
AV CIDADE JARDIM, 2740 EDIFICIO CALIFORNIA BOSQUE DOS EUCALIPTOS, UM POUCO ANTES DE CHEGAR NO PORTÃO DO CONDOMINIO QUINTA DAS FLORES.
VAMOS TODOS COMPARECER NESSA REUNIÃO,NOSSA UNIÃO É MUITO IMPORTANTE.
CHEGA DE CONVERSA MOLE DESSA PREFEITURA.
QUEREMOS SOLUÇÃO.
OS ANIMAIS AGRADECEM!!!!!!!!!
MARILU
"TUDO QUE É PRECISO PARA O TRIUNFO DO MAL É QUE AS PESSOAS DE BEM NADA FAÇAM." (Edmund Burke)
PROTETORES
O DEPUTADO FELICIANO VIRÁ PARA SJC NA
SEGUNDA-FEIRA (23/08) ÁS 18 HS
PARA UMA REUNIÃO COM A PROTEÇÃO.
O ENDEREÇO É:
AV CIDADE JARDIM, 2740 EDIFICIO CALIFORNIA BOSQUE DOS EUCALIPTOS, UM POUCO ANTES DE CHEGAR NO PORTÃO DO CONDOMINIO QUINTA DAS FLORES.
VAMOS TODOS COMPARECER NESSA REUNIÃO,NOSSA UNIÃO É MUITO IMPORTANTE.
CHEGA DE CONVERSA MOLE DESSA PREFEITURA.
QUEREMOS SOLUÇÃO.
OS ANIMAIS AGRADECEM!!!!!!!!!
MARILU
"TUDO QUE É PRECISO PARA O TRIUNFO DO MAL É QUE AS PESSOAS DE BEM NADA FAÇAM." (Edmund Burke)
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
DEPUTADO FELICIANO VIRÁ PARA SJC! Importante!!!!!
REPASSEM PARA SEUS AMIGOS PROTETORES E SIMPATIZANTES DA CAUSA.
PROTETORES
O DEPUTADO FELICIANO VIRÁ PARA SJC NA
SEGUNDA-FEIRA (23/08) ÁS 18 HS
PARA UMA REUNIÃO COM A PROTEÇÃO.
O ENDEREÇO É:
AV CIDADE JARDIM, 2740 EDIFICIO CALIFORNIA BOSQUE DOS EUCALIPTOS, UM POUCO ANTES DE CHEGAR NO PORTÃO DO CONDOMINIO QUINTA DAS FLORES.
VAMOS TODOS COMPARECER NESSA REUNIÃO,NOSSA UNIÃO É MUITO IMPORTANTE.
CHEGA DE CONVERSA MOLE DESSA PREFEITURA.
QUEREMOS SOLUÇÃO.
OS ANIMAIS AGRADECEM!!!!!!!!!
MARILU
PROTETORES
O DEPUTADO FELICIANO VIRÁ PARA SJC NA
SEGUNDA-FEIRA (23/08) ÁS 18 HS
PARA UMA REUNIÃO COM A PROTEÇÃO.
O ENDEREÇO É:
AV CIDADE JARDIM, 2740 EDIFICIO CALIFORNIA BOSQUE DOS EUCALIPTOS, UM POUCO ANTES DE CHEGAR NO PORTÃO DO CONDOMINIO QUINTA DAS FLORES.
VAMOS TODOS COMPARECER NESSA REUNIÃO,NOSSA UNIÃO É MUITO IMPORTANTE.
CHEGA DE CONVERSA MOLE DESSA PREFEITURA.
QUEREMOS SOLUÇÃO.
OS ANIMAIS AGRADECEM!!!!!!!!!
MARILU
domingo, 15 de agosto de 2010
ACORDA SJC !!!!!!!!!!
AMIGAS PROTETORAS
ESSA MATÉRIA SAIU NO JORNAL DO CONSUMIDOR (ABRAM ANEXO).
LEIAM A MATÉRIA.
ESSE PROGRAMA COMEÇOU EM OUTUBRO DE 2009 E FORAM CASTRADOS ATÉ AGORA 351 ANIMAIS. UMA VERGONHA !!!!!!!!!!! ESTAMOS EM AGOSTO DE 2010.
A MATÉRIA DIZ QUE O OBJETIVO É ATINGIR 3.600 CASTRAÇÕES POR ANO. KKKKKKKKKKKK ESSA PREFEITURA É UMA PIADA.
NA MATÉRIA DIZ QUE É GRATUITA A CASTRAÇÃO. KKKKKKKKK OUTRA PIADA .
A PREFEITURA QUER ENGANAR A POPULAÇÃO COM ESSE TIPO DE MATÉRIA,ISSO É PROPAGANDA ENGANOSA.
SEMPRE COLOCAM AS ZOONOSES TRANSMITIDAS PELOS ANIMAIS AO HOMEM,MAS NUNCA COLOCAM AS MALDADES,OS ABANDONOS,AS CRUELDADES,AS OMISSÕES,OS GANHOS E EXPLORAÇÕES EM CIMA DOS ANIMAIS,QUE SÃO TRANSMITIDAS DO HOMEM PARA O ANIMAL.
ESTÁ NA HORA DE PARA DE TAMPAR O SOL COM A PENEIRA E MOSTRAR PARA O "SER HUMANO" QUE ELE NÃO É SUPERIOR A NENHUM ANIMAL,PELO CONTRÁRIO E O PIOR PREDADOR DA FASE DA TERRA,QUE DESTROI O SEU PRÓPRIO HABITAT.
TANTO É QUE O ÚLTIMO ANIMAL QUE DEUS COLOCOU NO MUNDO FOI O DITO CUJO,HOMEM.
ACORDA SJC !!!!!!!!!!!!
MARILU
"TUDO QUE É PRECISO PARA O TRIUNFO DO MAL É QUE AS PESSOAS DE BEM NADA FAÇAM." (Edmund Burke)
ESSA MATÉRIA SAIU NO JORNAL DO CONSUMIDOR (ABRAM ANEXO).
LEIAM A MATÉRIA.
ESSE PROGRAMA COMEÇOU EM OUTUBRO DE 2009 E FORAM CASTRADOS ATÉ AGORA 351 ANIMAIS. UMA VERGONHA !!!!!!!!!!! ESTAMOS EM AGOSTO DE 2010.
A MATÉRIA DIZ QUE O OBJETIVO É ATINGIR 3.600 CASTRAÇÕES POR ANO. KKKKKKKKKKKK ESSA PREFEITURA É UMA PIADA.
NA MATÉRIA DIZ QUE É GRATUITA A CASTRAÇÃO. KKKKKKKKK OUTRA PIADA .
A PREFEITURA QUER ENGANAR A POPULAÇÃO COM ESSE TIPO DE MATÉRIA,ISSO É PROPAGANDA ENGANOSA.
SEMPRE COLOCAM AS ZOONOSES TRANSMITIDAS PELOS ANIMAIS AO HOMEM,MAS NUNCA COLOCAM AS MALDADES,OS ABANDONOS,AS CRUELDADES,AS OMISSÕES,OS GANHOS E EXPLORAÇÕES EM CIMA DOS ANIMAIS,QUE SÃO TRANSMITIDAS DO HOMEM PARA O ANIMAL.
ESTÁ NA HORA DE PARA DE TAMPAR O SOL COM A PENEIRA E MOSTRAR PARA O "SER HUMANO" QUE ELE NÃO É SUPERIOR A NENHUM ANIMAL,PELO CONTRÁRIO E O PIOR PREDADOR DA FASE DA TERRA,QUE DESTROI O SEU PRÓPRIO HABITAT.
TANTO É QUE O ÚLTIMO ANIMAL QUE DEUS COLOCOU NO MUNDO FOI O DITO CUJO,HOMEM.
ACORDA SJC !!!!!!!!!!!!
MARILU
"TUDO QUE É PRECISO PARA O TRIUNFO DO MAL É QUE AS PESSOAS DE BEM NADA FAÇAM." (Edmund Burke)
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
MASSACRE DE ANIMAL Punição para uma crueldade
Caso Preta: decisão rara a favor dos animais
Uma notícia ótima...
MASSACRE DE ANIMAL
Punição para uma crueldade
A história de um massacre ganhou uma rara e exemplar punição na Justiça gaúcha. Em votação unânime, três desembargadores da 21ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado (TJ) condenaram um dos autores do assassinato da cadela Preta – amarrada a um carro e arrastada até a morte em Pelotas, há cinco anos – a indenizar a comunidade por danos morais coletivos.
O acórdão estabelece que Alberto Conceição da Cunha Neto terá de pagar R$ 6 mil, revertidos como doação para o canil municipal pelotense.
A decisão é rara por dois motivos. O primeiro é que o trio de desembargadores votou da mesma forma, num consenso que não costuma ser usual. Com isso, não cabe recurso à sentença no TJ e, se quiser recorrer, o advogado de defesa do condenado deverá apelar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.
A segunda excepcionalidade é que o “dano moral coletivo” reconhecido na condenação é uma novidade poucas vezes vista na história do Judiciário brasileiro. O STJ costuma negar a existência de “dano moral coletivo”.
Os desembargadores gaúchos foram na contramão dessa tendência. Cunha Neto tinha sido absolvido em primeira instância, em Pelotas, pela juíza Gabriela Irigon Pereira. Na sentença, ela considerou que o jovem já havia sido punido criminalmente, em outro processo (em 2007, foi sentenciado a um ano de detenção pelo crime, em regime aberto). Além disso, o rapaz – estudante da Universidade Católica de Pelotas – foi suspenso das aulas na faculdade, se mudou de município e teve uma parente dele agredida dentro do fórum daquela cidade, por pessoas indignadas com a morte do animal.
Os desembargadores levaram ontem 20 minutos para decidir. Numa sessão assistida apenas por três estudantes de Direito, o desembargador Armínio da Rosa lembrou que a cadela foi “desintegrada” ao ser arrastada por cinco quadras, “com pessoas assistindo”.
O desembargador José Francisco Moesch afirmou que a cadela Preta era estimada em Pelotas e sua morte, “por pura diversão”, gerou incredulidade e repulsa. A posição final veio do desembargador Genaro Baroni Borges, para quem a reparação financeira ajuda a “apagar a afronta a valores muito caros da comunidade pelotense”.
O defensor de Cunha Neto, Henrique Boabaid, não compareceu à sessão e não foi localizado por Zero Hora. Os outros dois jovens que participaram do massacre não foram processados porque se dispuseram a doar R$ 5 mil, cada, ao canil municipal de Pelotas.
HUMBERTO TREZZI - humberto.trezzi@ zerohora. com.br
A morte de Preta
* Estimada e adotada informalmente por frequentadores de um bar no centro de Pelotas, a cadela vira-latas Preta foi amarrada a um Ka e arrastada por cinco quarteirões, até a morte.
* O crime aconteceu em 9 de março de 2005. Os autores do massacre foram três jovens universitários. Eles disseram que o animal não parava de latir, admitiram que ataram o animal a um poste, mas negaram tê-lo arrastado de carro.
* O veículo pertencia a Alberto Cunha Neto, que foi condenado ontem por danos morais.
Zero Hora, 12 de agosto de 2010
Parabéns aos desembargadores Armínio da Rosa, José Francisco Moesch e Genaro Baroni Borges, que com seu exemplo nos dão esperança de uma sociedade mais justa e pacífica.
INR
Uma notícia ótima...
MASSACRE DE ANIMAL
Punição para uma crueldade
A história de um massacre ganhou uma rara e exemplar punição na Justiça gaúcha. Em votação unânime, três desembargadores da 21ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado (TJ) condenaram um dos autores do assassinato da cadela Preta – amarrada a um carro e arrastada até a morte em Pelotas, há cinco anos – a indenizar a comunidade por danos morais coletivos.
O acórdão estabelece que Alberto Conceição da Cunha Neto terá de pagar R$ 6 mil, revertidos como doação para o canil municipal pelotense.
A decisão é rara por dois motivos. O primeiro é que o trio de desembargadores votou da mesma forma, num consenso que não costuma ser usual. Com isso, não cabe recurso à sentença no TJ e, se quiser recorrer, o advogado de defesa do condenado deverá apelar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.
A segunda excepcionalidade é que o “dano moral coletivo” reconhecido na condenação é uma novidade poucas vezes vista na história do Judiciário brasileiro. O STJ costuma negar a existência de “dano moral coletivo”.
Os desembargadores gaúchos foram na contramão dessa tendência. Cunha Neto tinha sido absolvido em primeira instância, em Pelotas, pela juíza Gabriela Irigon Pereira. Na sentença, ela considerou que o jovem já havia sido punido criminalmente, em outro processo (em 2007, foi sentenciado a um ano de detenção pelo crime, em regime aberto). Além disso, o rapaz – estudante da Universidade Católica de Pelotas – foi suspenso das aulas na faculdade, se mudou de município e teve uma parente dele agredida dentro do fórum daquela cidade, por pessoas indignadas com a morte do animal.
Os desembargadores levaram ontem 20 minutos para decidir. Numa sessão assistida apenas por três estudantes de Direito, o desembargador Armínio da Rosa lembrou que a cadela foi “desintegrada” ao ser arrastada por cinco quadras, “com pessoas assistindo”.
O desembargador José Francisco Moesch afirmou que a cadela Preta era estimada em Pelotas e sua morte, “por pura diversão”, gerou incredulidade e repulsa. A posição final veio do desembargador Genaro Baroni Borges, para quem a reparação financeira ajuda a “apagar a afronta a valores muito caros da comunidade pelotense”.
O defensor de Cunha Neto, Henrique Boabaid, não compareceu à sessão e não foi localizado por Zero Hora. Os outros dois jovens que participaram do massacre não foram processados porque se dispuseram a doar R$ 5 mil, cada, ao canil municipal de Pelotas.
HUMBERTO TREZZI - humberto.trezzi@ zerohora. com.br
A morte de Preta
* Estimada e adotada informalmente por frequentadores de um bar no centro de Pelotas, a cadela vira-latas Preta foi amarrada a um Ka e arrastada por cinco quarteirões, até a morte.
* O crime aconteceu em 9 de março de 2005. Os autores do massacre foram três jovens universitários. Eles disseram que o animal não parava de latir, admitiram que ataram o animal a um poste, mas negaram tê-lo arrastado de carro.
* O veículo pertencia a Alberto Cunha Neto, que foi condenado ontem por danos morais.
Zero Hora, 12 de agosto de 2010
Parabéns aos desembargadores Armínio da Rosa, José Francisco Moesch e Genaro Baroni Borges, que com seu exemplo nos dão esperança de uma sociedade mais justa e pacífica.
INR
Ajudem esse animal!
Abandonaram no Buquirinha um Labrador macho puro, pelagem preta, deve ter um ano, quer brincar e chora por carinho. Ele está matando galinhas da região e os moradores falam em matá-lo.
Alguém pode ajudá-lo? Me comprometo a buscá-lo e vaciná-lo, porém não tenho onde colocar. O caso é urgente!
Podem ligar em meu telefone 9736-3266 ,após as 17:30 ou horário de meu almoço: 11:30 as 13 h.
Ajudem esse animal!
Grata
Eliana Meira
ABB Ass. Bicho Brasil
Alguém pode ajudá-lo? Me comprometo a buscá-lo e vaciná-lo, porém não tenho onde colocar. O caso é urgente!
Podem ligar em meu telefone 9736-3266 ,após as 17:30 ou horário de meu almoço: 11:30 as 13 h.
Ajudem esse animal!
Grata
Eliana Meira
ABB Ass. Bicho Brasil
sábado, 7 de agosto de 2010
Justiça paulista abre precedente ao emitir parecer contra a vivissecção
Justiça paulista abre precedente ao emitir parecer contra a vivissecção
Uma ação civil pública ajuizada pela Promotoria de São José dos Campos (SP), em 2004, contra o Centro de Trauma do Vale na Área de Saúde Ltda, responsável pelo curso ATLS (Advenced Trauma Life Support), que realizava experimentos de traumatologia com cães, terminou com termo de conciliação entre as partes. Isso porque a ré, representada pelo advogado Fabio K. Vilela Leite, aceitou o pedido do promotor e colunista da ANDA, Laerte Fernando Levai, firmado nos seguintes termos:
a) A requerida concorda com o pedido do representante do Ministério Público, no sentido de “abster-se o responsável pelo curso ATLS ou qualquer outro por ele promovido, sob qualquer sigla ou nome, de utilizar cães ou quaisquer outros animais em procedimentos experimentais que lhes causem lesões físicas, dor, sofrimento ou morte, ainda que anestesiados, seja em estabelecimentos públicos ou privados de São José dos Campos, a partir desta data”.
b) Do descumprimento – na eventualidade do descumprimento pela parte ré do ora acordado, noticiado e comprovado nos autos, haverá incidência de multa diária no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) com correção monetária pelos índices oficiais.
Referida decisão foi homologada pela juíza Ana Paula Theodosio de Carvalho, da 5ª Vara Cível de São José dos Campos, que assim decidiu: “Homologo, por sentença, o presente acordo a fim de que surta seus jurídicos e legais efeitos de direito. Por consequência, julgo o processo com resolução de mérito, com base no artigo 269, III, do Código de Processo Civil, homologando, ademais, a desistência recursal manifestada pelas partes”.
Vale lembrar que o curso ATLS, que treina médicos para situações de emergência, usava cães como modelos vivos para procedimentos de traumatologia. Durante o processo foram ouvidos, como testemunhas da promotoria, os médicos David Uip e Odete Miranda, a professora Irvênia Prada, os biólogos Sérgio Greif e Thales Trez e a advogada Vânia Rall. No dia designado para a audiência de defesa, 10 de março de 2010, o advogado da ré concordou em fazer o acordo e, ao reconhecer o pedido do Ministério Público, possibilitou o encerramento do processo.
Trata-se da primeira decisão judicial antivivisseccionista em nosso país, em decorrência de ação civil pública movida contra entidade da área médica. O processo tramitou perante a 5ª Vara Cível de São José dos Campos, sob o n. 577.04.252938-9.
Fonte: http://www.anda.jor.br/?p=78780
Uma ação civil pública ajuizada pela Promotoria de São José dos Campos (SP), em 2004, contra o Centro de Trauma do Vale na Área de Saúde Ltda, responsável pelo curso ATLS (Advenced Trauma Life Support), que realizava experimentos de traumatologia com cães, terminou com termo de conciliação entre as partes. Isso porque a ré, representada pelo advogado Fabio K. Vilela Leite, aceitou o pedido do promotor e colunista da ANDA, Laerte Fernando Levai, firmado nos seguintes termos:
a) A requerida concorda com o pedido do representante do Ministério Público, no sentido de “abster-se o responsável pelo curso ATLS ou qualquer outro por ele promovido, sob qualquer sigla ou nome, de utilizar cães ou quaisquer outros animais em procedimentos experimentais que lhes causem lesões físicas, dor, sofrimento ou morte, ainda que anestesiados, seja em estabelecimentos públicos ou privados de São José dos Campos, a partir desta data”.
b) Do descumprimento – na eventualidade do descumprimento pela parte ré do ora acordado, noticiado e comprovado nos autos, haverá incidência de multa diária no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) com correção monetária pelos índices oficiais.
Referida decisão foi homologada pela juíza Ana Paula Theodosio de Carvalho, da 5ª Vara Cível de São José dos Campos, que assim decidiu: “Homologo, por sentença, o presente acordo a fim de que surta seus jurídicos e legais efeitos de direito. Por consequência, julgo o processo com resolução de mérito, com base no artigo 269, III, do Código de Processo Civil, homologando, ademais, a desistência recursal manifestada pelas partes”.
Vale lembrar que o curso ATLS, que treina médicos para situações de emergência, usava cães como modelos vivos para procedimentos de traumatologia. Durante o processo foram ouvidos, como testemunhas da promotoria, os médicos David Uip e Odete Miranda, a professora Irvênia Prada, os biólogos Sérgio Greif e Thales Trez e a advogada Vânia Rall. No dia designado para a audiência de defesa, 10 de março de 2010, o advogado da ré concordou em fazer o acordo e, ao reconhecer o pedido do Ministério Público, possibilitou o encerramento do processo.
Trata-se da primeira decisão judicial antivivisseccionista em nosso país, em decorrência de ação civil pública movida contra entidade da área médica. O processo tramitou perante a 5ª Vara Cível de São José dos Campos, sob o n. 577.04.252938-9.
Fonte: http://www.anda.jor.br/?p=78780
não doem gatos pretos durante essas 2 semanas!
Pessoal das listas de proteção animal, abrigos e protetores independentes, por favor repassem esse recado para as listas de gatos!
A próxima sexta feira é dia 13, tenham muito cuidado ao doar gatinhos na semana que antecede essa data. Lembre-se que macumbas e rituais ainda são feitos com gatos pretos, galinhas e até cachorros, mas o gato é a bola da vez na sexta feira 13.
Quando alguem quiser adotar um gato preto digam que ele tem uma manchinha branca na barriga, ou uma medalhinha branca no pescoço ou nas patinhas e se a pessoa não se importar aí tudo bem, lembrando claro que todos os gatos pretos devem ser entregues castrados e quem doar deve entregar pessoalmente na casa da pessoa para ter uma impressão melhor da família.
Na dúvida, não doem gatos pretos durante essas 2 semanas!
Um abraço
Juliana Bussab
www.adoteumgatinho.org.br
www.adoteumgatinho.org.br/campanhadoagasalho --> tenho certeza que você pode ajudar a aquecer um gatinho ou cachorro carente neste inverno. Colabore!
A próxima sexta feira é dia 13, tenham muito cuidado ao doar gatinhos na semana que antecede essa data. Lembre-se que macumbas e rituais ainda são feitos com gatos pretos, galinhas e até cachorros, mas o gato é a bola da vez na sexta feira 13.
Quando alguem quiser adotar um gato preto digam que ele tem uma manchinha branca na barriga, ou uma medalhinha branca no pescoço ou nas patinhas e se a pessoa não se importar aí tudo bem, lembrando claro que todos os gatos pretos devem ser entregues castrados e quem doar deve entregar pessoalmente na casa da pessoa para ter uma impressão melhor da família.
Na dúvida, não doem gatos pretos durante essas 2 semanas!
Um abraço
Juliana Bussab
www.adoteumgatinho.org.br
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quinta-feira, 5 de agosto de 2010
A questão da utilização científica de animais e a formação dos comitês de ética
InfoSentiens
04/08/2010
A questão da utilização científica de animais e a formação dos comitês de ética
Sérgio Greif
A experimentação animal tem sido debatida em todo mundo. Biólogos, médicos e outros cientistas têm se levantado para se pronunciar a seu favor ou contra ela. Seus prós e contras tem sido apresentados, às vezes por uma abordagem científica, às vezes por uma abordagem ética. Auto-denominados "comitês de ética" tem sido criados com o objetivo de prontamente resolver a questão, conciliando todas as partes e tornando a experimentação aceitável pelo ponto de vista ético. Mas de que forma o cidadão comum, alheio às atividades acadêmicas, pode tomar parte nessa discussão? Tem ele o direito de opinar, não tendo suficientes conhecimentos de biologia, fisiologia, bioquímica e disciplinas afins?
O debate sobre a experimentação animal, ao contrário do que defendem muitos cientistas vivisseccionistas, não deve ficar restrito aos círculos acadêmicos. Este é um problema que envolve toda a sociedade e é justo que toda a sociedade participe de sua discussão. O salário do cientista provém dos impostos pagos pela população, que também paga pelos laboratórios e materiais utilizados em todos os procedimentos. É natural que a população tenha o direito de opinar sobre qualquer coisa que se passe em uma universidade. É importante que a população tenha consciência de todo o processo e de tudo o que existe por traz do discurso cientificista que pretende delegar o debate a poucos iniciados. É importante, acima de tudo, que a população se posicione, não apenas porque não concorda com o que se faz com os animais em nome da ciência, mas também porque não concorda com essa forma de ciência reducionista, que não apenas transforma seres vivos em coisas, mas também equipara sistemas diferentes como se fossem sistemas semelhantes, permitindo a extrapolação de dados obtidos de um sistema para todos os demais.
Não é à toa que em hospitais públicos os médicos tratem seus pacientes como números e que seus nomes sejam substituídos pelos nomes das doenças que lhes são diagnosticadas. O modelo de ciência que criamos induz que as coisas sejam assim. O ensino médico, tal qual estruturado, induz o estudante a acreditar que os seres vivos são 'coisas' e não é difícil entender porque que os médicos continuam tratando seus pacientes como coisas depois de formados. O cão nº 10 dos tempos de faculdade, no qual foi inoculado determinado vírus, torna-se o paciente nº 10 do hospital, que aparece no pronto-socorro com determinada virose.
Este é apenas um pequeno exemplo do que representa o viés, o efeito negativo da utilização de animais para o ensino e para a pesquisa. Mas nem de perto esse é o maior problema relacionado à experimentação animal. Ainda na esfera da discussão científica, a experimentação pretende ser uma segurança que em verdade não é. Constitui-se em um risco querer garantir à população a segurança de produtos apenas porque os mesmos foram testados em sistemas tão diferentes de seu organismo. A utilização de experimentos em animais jamais foi validada seguindo critérios científicos, os mesmos critérios exigidos para validar os métodos substitutivos. Tendemos a considerar os animais miniaturas de nós mesmos, mas esta é uma consideração empírica e não encontra eco na ciência. Não é por mera conjectura matemática, "regrinha de três", que conseguiremos transformar dados obtidos em ratos em dados aplicáveis a seres humanos. Em algum momento nessa cadeia de testes seres humanos terão de ser utilizados como cobaia, e é nesse momento que os dados serão, de fato, considerados válidos.
Embora a luta abolicionista tenha seus fundamentos na ética, ou seja, no direito dos animais em não serem explorados, a abolição da vivissecção deverá contar com uma argumentação mais embasada na ciência. É que sabemos que, num primeiro momento, o debate ético freqüentemente cairá na dicotomia "se eu posso comer frango, porque não posso testar em ratos?" ou "você preferia que usassem crianças em vez de cães?" É claro que essas perguntas merecem respostas tão simplórias quanto elas próprias. Seres humanos não deveriam poder comer frango, não devemos justificar um erro apontando para outro erro. E não, não estamos sugerindo que se use crianças ao invés de ratos, estamos sugerindo que se utilizem modelos corretos ao invés de modelos errados.
Uma discussão apenas pelo ponto de vista ético, se não estiver profundamente enraizado na teoria de direitos dos animais, poderá ainda derivar para distorções do tipo o conceito de que os 'animais de laboratório' recebem tratamento ético, visto que os procedimentos realizados com eles obedecem às leis de bem-estar animal e são devidamente aprovados por comitês de ética. Caberia aqui um questionamento sobre que leis são essas e no que se constituem os comitês de ética.
O Brasil possui leis bastante específicas no que se refere ao bem-estar de animais. A Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), por exemplo, estabelece multas para quem abusar, maltratar, ferir ou mutilar animais (silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos) e é bastante específica em seu parágrafo único ao afirmar que "Incorre nas mesmas multas, quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. " Ou seja, essa lei, em uma leitura superficial, torna o uso prejudicial de animais na ciência e no ensino crime em todo o território nacional. Mas em verdade ela não o faz, porque condiciona a proibição à existência de recursos que até existem, mas não são conhecidos ou validados. Nenhum decreto estabelece quais recursos alternativos estão disponíveis e quais experimentos já não podem ser realizados. Cabe à boa vontade do cientista buscar alternativas e mesmo recusá-las se elas forem apresentadas por terceiros, porque ele pode simplesmente alegar que a alternativa não substitui a experiência que pretende conduzir. Ninguém melhor do que o cientista conhece os objetivos de seu experimento.
Também a Lei nº 6.638/79, que regulamenta a vivissecção de animais, proíbe a vivissecção em animais que não foram devidamente anestesiados, ou que os procedimentos ocorram em locais não apropriados, sem a supervisão de técnicos especializados ou em presença de menores de idade, entre outras coisas, mas não representa de fato um ganho à causa animal. Se basta anestesiar o animal para tornar o procedimento ético, quem poderá se opor à experimentação? E como comprovar que o animal de fato foi anestesiado se tudo é feito a portas fechadas? Deve-se confiar na palavra do cientista? E é mesmo relevante que nos contentemos em saber que os animais simplesmente estão sentindo menos dor, quando o problema central não é este? E a pergunta mais importante, talvez: se não há nada de errado com a experimentação animal, porque que ela não pode ser realizada na presença de menores de idade?
As leis no Brasil se dividem entre as 'que pegam' e as 'que não pegam'. As leis que pretendem impor comportamentos que de fato não condizem com o comportamento adotado pela população tendem a 'não pegar', por isso a idéia de que as campanhas para conscientizaçã o da população deveriam merecer mais atenção do que simplesmente a promulgação de leis. Leis apenas 'pegam' quando condizem com a vontade da maioria, ou de boa parcela da população.
No que diz respeito aos auto-proclamados "comitês de ética na experimentação animal", cabe iniciar dizendo que eles não servem aos princípios a que se propõem. Seu próprio nome não faz sentido, porque inspira-se nos "comitês de ética para experimentação em seres humanos', onde os seres humanos utilizados são sempre voluntários saudáveis ou pacientes reais, devidamente informados sobre os possíveis riscos do tratamento a que serão submetidos. No caso dos animais, eles jamais são voluntários e certamente não são informados sobre os riscos. Simplesmente sua utilização ocorre à revelia de sua vontade e apenas por aí sabemos que não há ética em sua utilização. Poderia-se falar em ética na experimentação de seres humanos prisioneiros de campos de concentração?
Mas muitos 'protetores de animais' bem intencionados e sinceros em suas convicções acabam aceitando fazer parte desses 'comitês de ética' acreditando que poderão auxiliar os animais. Fazer parte não significa adquirir algum poder, mas sim compactuar. Suponhamos um "comitê de ética" típico, composto por 7 pessoas, entre membros da instituição, pessoas da área de biológicas, exatas, humanas, leigos da sociedade civil e um membro da 'proteção animal'. Ainda que esse membro ligado á proteção animal seja firme em seu propósito de impedir determinado procedimento, ele será apenas 1 entre 7 pessoas. Voto vencido. Isso se ele mesmo não acabar cedendo à argumentação, convencido da necessidade da experimentação em animais.
Os 'comitês de ética' trazem um agravante para os propósitos da causa animal: Quando determinado procedimento é questionado pela sociedade (ou por um grupo em particular) o aval do comitê de ética é freqüentemente utilizado a favor da pesquisa, contra os animais. Os cientistas têm, com o aval em mãos, uma ferramenta para argumentar que naquela instituição os procedimentos são rigorosamente fiscalizados e aprovados, inclusive por membros das sociedades protetoras de animais. "Quem melhor do que um protetor de animais para saber o que é bom para os animais?"
Esse argumento, que atribui autoridade sobre a vida alheia a certos membros de nossa sociedade, é simplesmente inaceitável. Apenas ser sensível ao sofrimento alheio não nos torna aptos a avaliar a medida desse sofrimento. Não nos torna capazes de avaliar os pros e contras e decidir sobre o que aceitável e o que não é. Podemos fazer isso com nossas próprias vidas (talvez), mas não podemos estabelecer quanto de dor é suportável por um cão, ou quantos ratos podem ser mortos para obtermos determinada droga. Isso nada tem a ver com ética. O prejudicado e o possível beneficiado não são o mesmo sujeito, de que forma 'colocar isso na balança'. Que metodologia é essa a que tanto se tem recorrido? Poderíamos, seguindo ela, avaliar que o sacrifício de 1.000 mendigos saudáveis valeria para descobrir a cura para o mal de milhares de pessoas que sofrem de determinada doença degenerativa?
E quem é o protetor de animais que está nesse comitê e que pode decidir pela vida de tantos animais? Quem o investiu do poder divino para decidir pelo que é melhor para a vida de outros que não a sua própria, pela vida ou pela morte, quais procedimentos são inaceitáveis e quais são éticos, quais espécies podem ser usadas, qual seu número etc? Essa é a forma como acreditamos estar ajudando os animais? Não, não devemos conceber nem apoiar comitês de ética. Pelo contrário, eles são atualmente o maior trunfo da vivissecção e precisam ser combatidos como prejudiciais para a causa dos direitos dos animais.
Mesmo a alegação de que fazer parte de um comitê permite ao protetor saber o que se passa dentro da instituição não faz sentido. Não é fazendo parte do problema que encontramos sua solução, além disso, qualquer pessoa da sociedade tem o direito de acessar o que se passa em laboratórios de pesquisa, e isso é especialmente verdade em instituições públicas. Mesmo onde não existem comitês de ética é possível acessar os projetos submetidos às agências de fomento à pesquisa.
Mas por que meios a vivissecção pode ser efetivamente (tirei as vírgulas) combatida? É comum a idéia de que a abolição da exploração animal será um movimento que partirá da base para o ápice, do povo em direção aos governantes, e não o contrário. Não serão as leis que impedirão que animais sejam explorados. Tampouco os cientistas voluntariamente abdicarão do uso de animais, se fatores sociais e econômicos não os forçarem a buscar por isso. Apenas a vontade popular poderá provocar essa mudança. Cabe àqueles que já tem esse entendimento educar as pessoas no sentido de que percebam o problema em todos os seus aspectos. O povo, uma vez consciente de que a experimentação animal não resulta apenas na exploração de animais, mas também de prejuízos à saúde humana, tenderá a direcionar essa mudança, através da opção por produtos que não foram testados em animais e pelo boicote às empresas que perpetuam a exploração de animais. No caso do uso didático de animais, o caminho é mostrar para mais e mais estudantes que as aulas que empregam animais de forma prejudicial, além de se constituírem em práticas anti-éticas, não contribuem em nada com seu nível de aprendizagem. E quanto mais estudantes recusarem-se a participar de tais aulas, mais a instituição se verá forçada a buscar por outros métodos.
É interessante que a pessoa que defende a abolição da vivissecção conheça algo sobre os métodos substitutivos, também chamados métodos alternativos1. Esse conhecimento é especialmente útil para responder à pergunta "se não animais, vamos utilizar o que?" Alguns dos métodos substitutivos utilizados com maior freqüência incluem os testes in vitro (em tecidos, células animais, vegetais ou microorganismos) , a utilização de vegetais (quando possível), as simulações computacionais, os estudos clínicos em pacientes reais, os estudos não invasivos em voluntários, os estudos epidemiológicos, as técnicas fisico-quimicas, (espectrometria de massa, cromatografia, tomografia, etc), o estudo em cadáveres, a utilização de manequins especialmente criados para determinados procedimentos, de softwares educacionais, de filmes, de modelos matemáticos, a nanotecnologia, estudo observacional de animais, entre outras. Cada fim pretendido demanda a adoção de uma ou mais técnicas, e dentro destas técnicas há inúmeras possibilidades e variações.
Assim, por exemplo, um determinado teste toxicológico que demandaria vários animais pode, com sucesso, ser substituído por uma bateria de testes em células de diferentes linhagens e seguindo diferentes metodologias. É claro que a escolha destes testes não é aleatória e tem relação com os objetivos pretendidos. Técnicas fisico-químicas podem ser aplicadas para identificar os diferentes componentes da droga e desta forma refinar os testes. Modelos computacionais e matemáticos, bem como placentas obtidas junto a maternidades podem auxiliar a compreender, por exemplo, de que forma a droga se distribuirá pelo organismo e como será sua absorção.
Esse conhecimento sobre métodos substitutivos não é, porém, imprescindível nem determinante de sucesso em uma campanha. Ele apenas contribui bastante com o desenvolvimento das discussões no âmbito científico. Os ativistas não são obrigados a ter, na ponta da língua e de pronto, quais recursos substitutivos podem se aplicar a cada caso de pesquisa proposta pela academia, porque isso seria humanamente impossível. Cada pesquisador é pago para realizar sua pesquisa de acordo com as demandas da sociedade. Foi ele que estudou e se capacitou nesse sentido e é dele o interesse em obter resultados destes experimentos. O pesquisador, acima de tudo, é que tem que se familiarizar com os recursos substitutivos, e não esperar que anti-vivisseccionis tas os apresentem.
Um único departamento de uma boa faculdade desenvolve dezenas de projetos simultaneamente. Esse departamento é apenas um entre os vários da faculdade e essa faculdade é apenas uma dentro da universidade. Portanto, a gama de experimentos que ocorrem simultaneamente dentro de uma boa universidade é enorme e multiplique- se isso pelo número de universidades para termos uma idéia de que uma única pessoa ou instituição não poderia deter o conhecimento sobre todos os possíveis experimentos que poderiam ser realizados em animais para buscar por pelo menos um método substitutivo para cada um deles. O papel do anti-vivisseccionis ta é simplesmente o de exigir que esses métodos sejam implementados e jamais apoiar, de forma nenhuma, pesquisa com animais. Questionar sempre. Eventualmente, se dispuser de informações sobre recursos substitutivos essas poderão ser disponibilizadas para os cientistas, mas isto é uma contribuição e não uma obrigação que deve recair sobre o anti-vivisseccionis ta.
Além disso, devido à especificidade de cada linha de pesquisa, é possível que muitos métodos alternativos ainda precisem ser produzidos. Não porque sua técnica seja muito elaborada, mas porque possivelmente ninguém ainda tenha se preocupado em desenvolvê-los, visto que a metodologia somente interessa a quem dela faça uso.
O importante é que a graduação e especialização do cientista não devem intimidar o debatedor. É claro que o cientista melhor do que ninguém conhece sua linha de pesquisa, mas isso não desqualifica uma pessoa que queira debater a necessidade de utilização de animais. É questionável, inclusive, se a pesquisa é necessária caso o cientista seja incapaz de apresentar uma metodologia de pesquisa alternativa ao uso de animais. A sociedade não apenas pode se envolver nesse debate, ela deve, porque nele estão embutidos não apenas questões éticas, mas também questões relacionadas à saúde geral da população.
1 Nota do autor: "Cabe aqui discutir o emprego da palavra "alternativa" . Ainda que a utilizemos com grande freqüência, devido à sua consagração, convém deixar claro que esta palavra não é a mais adequada para designar os recursos e métodos substitutivos. A palavra "alternativas" desperta certa confusão entre as pessoas, levando muitos a crerem que se trate de "alternar" métodos substitutivos com experimentos realizados em animais. Além do mais, quando aceitamos que as técnicas que propomos são "alternativas" , estamos implicitamente aceitando que as técnicas que utilizam animais conduzem a bons resultados, o que não é o caso."
Sérgio Greif - sergio_greif@ yahoo.com
Biólogo, mestre em Alimentos e Nutrição, co-autor do livro "A Verdadeira Face da Experimentação Animal: A sua saúde em perigo" e autor de "Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação: pela ciência responsável"
Artigo publicado na Pensata Animal nº 2 - Junho de 2007 - www.pensataanimal. net
04/08/2010
A questão da utilização científica de animais e a formação dos comitês de ética
Sérgio Greif
A experimentação animal tem sido debatida em todo mundo. Biólogos, médicos e outros cientistas têm se levantado para se pronunciar a seu favor ou contra ela. Seus prós e contras tem sido apresentados, às vezes por uma abordagem científica, às vezes por uma abordagem ética. Auto-denominados "comitês de ética" tem sido criados com o objetivo de prontamente resolver a questão, conciliando todas as partes e tornando a experimentação aceitável pelo ponto de vista ético. Mas de que forma o cidadão comum, alheio às atividades acadêmicas, pode tomar parte nessa discussão? Tem ele o direito de opinar, não tendo suficientes conhecimentos de biologia, fisiologia, bioquímica e disciplinas afins?
O debate sobre a experimentação animal, ao contrário do que defendem muitos cientistas vivisseccionistas, não deve ficar restrito aos círculos acadêmicos. Este é um problema que envolve toda a sociedade e é justo que toda a sociedade participe de sua discussão. O salário do cientista provém dos impostos pagos pela população, que também paga pelos laboratórios e materiais utilizados em todos os procedimentos. É natural que a população tenha o direito de opinar sobre qualquer coisa que se passe em uma universidade. É importante que a população tenha consciência de todo o processo e de tudo o que existe por traz do discurso cientificista que pretende delegar o debate a poucos iniciados. É importante, acima de tudo, que a população se posicione, não apenas porque não concorda com o que se faz com os animais em nome da ciência, mas também porque não concorda com essa forma de ciência reducionista, que não apenas transforma seres vivos em coisas, mas também equipara sistemas diferentes como se fossem sistemas semelhantes, permitindo a extrapolação de dados obtidos de um sistema para todos os demais.
Não é à toa que em hospitais públicos os médicos tratem seus pacientes como números e que seus nomes sejam substituídos pelos nomes das doenças que lhes são diagnosticadas. O modelo de ciência que criamos induz que as coisas sejam assim. O ensino médico, tal qual estruturado, induz o estudante a acreditar que os seres vivos são 'coisas' e não é difícil entender porque que os médicos continuam tratando seus pacientes como coisas depois de formados. O cão nº 10 dos tempos de faculdade, no qual foi inoculado determinado vírus, torna-se o paciente nº 10 do hospital, que aparece no pronto-socorro com determinada virose.
Este é apenas um pequeno exemplo do que representa o viés, o efeito negativo da utilização de animais para o ensino e para a pesquisa. Mas nem de perto esse é o maior problema relacionado à experimentação animal. Ainda na esfera da discussão científica, a experimentação pretende ser uma segurança que em verdade não é. Constitui-se em um risco querer garantir à população a segurança de produtos apenas porque os mesmos foram testados em sistemas tão diferentes de seu organismo. A utilização de experimentos em animais jamais foi validada seguindo critérios científicos, os mesmos critérios exigidos para validar os métodos substitutivos. Tendemos a considerar os animais miniaturas de nós mesmos, mas esta é uma consideração empírica e não encontra eco na ciência. Não é por mera conjectura matemática, "regrinha de três", que conseguiremos transformar dados obtidos em ratos em dados aplicáveis a seres humanos. Em algum momento nessa cadeia de testes seres humanos terão de ser utilizados como cobaia, e é nesse momento que os dados serão, de fato, considerados válidos.
Embora a luta abolicionista tenha seus fundamentos na ética, ou seja, no direito dos animais em não serem explorados, a abolição da vivissecção deverá contar com uma argumentação mais embasada na ciência. É que sabemos que, num primeiro momento, o debate ético freqüentemente cairá na dicotomia "se eu posso comer frango, porque não posso testar em ratos?" ou "você preferia que usassem crianças em vez de cães?" É claro que essas perguntas merecem respostas tão simplórias quanto elas próprias. Seres humanos não deveriam poder comer frango, não devemos justificar um erro apontando para outro erro. E não, não estamos sugerindo que se use crianças ao invés de ratos, estamos sugerindo que se utilizem modelos corretos ao invés de modelos errados.
Uma discussão apenas pelo ponto de vista ético, se não estiver profundamente enraizado na teoria de direitos dos animais, poderá ainda derivar para distorções do tipo o conceito de que os 'animais de laboratório' recebem tratamento ético, visto que os procedimentos realizados com eles obedecem às leis de bem-estar animal e são devidamente aprovados por comitês de ética. Caberia aqui um questionamento sobre que leis são essas e no que se constituem os comitês de ética.
O Brasil possui leis bastante específicas no que se refere ao bem-estar de animais. A Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), por exemplo, estabelece multas para quem abusar, maltratar, ferir ou mutilar animais (silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos) e é bastante específica em seu parágrafo único ao afirmar que "Incorre nas mesmas multas, quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. " Ou seja, essa lei, em uma leitura superficial, torna o uso prejudicial de animais na ciência e no ensino crime em todo o território nacional. Mas em verdade ela não o faz, porque condiciona a proibição à existência de recursos que até existem, mas não são conhecidos ou validados. Nenhum decreto estabelece quais recursos alternativos estão disponíveis e quais experimentos já não podem ser realizados. Cabe à boa vontade do cientista buscar alternativas e mesmo recusá-las se elas forem apresentadas por terceiros, porque ele pode simplesmente alegar que a alternativa não substitui a experiência que pretende conduzir. Ninguém melhor do que o cientista conhece os objetivos de seu experimento.
Também a Lei nº 6.638/79, que regulamenta a vivissecção de animais, proíbe a vivissecção em animais que não foram devidamente anestesiados, ou que os procedimentos ocorram em locais não apropriados, sem a supervisão de técnicos especializados ou em presença de menores de idade, entre outras coisas, mas não representa de fato um ganho à causa animal. Se basta anestesiar o animal para tornar o procedimento ético, quem poderá se opor à experimentação? E como comprovar que o animal de fato foi anestesiado se tudo é feito a portas fechadas? Deve-se confiar na palavra do cientista? E é mesmo relevante que nos contentemos em saber que os animais simplesmente estão sentindo menos dor, quando o problema central não é este? E a pergunta mais importante, talvez: se não há nada de errado com a experimentação animal, porque que ela não pode ser realizada na presença de menores de idade?
As leis no Brasil se dividem entre as 'que pegam' e as 'que não pegam'. As leis que pretendem impor comportamentos que de fato não condizem com o comportamento adotado pela população tendem a 'não pegar', por isso a idéia de que as campanhas para conscientizaçã o da população deveriam merecer mais atenção do que simplesmente a promulgação de leis. Leis apenas 'pegam' quando condizem com a vontade da maioria, ou de boa parcela da população.
No que diz respeito aos auto-proclamados "comitês de ética na experimentação animal", cabe iniciar dizendo que eles não servem aos princípios a que se propõem. Seu próprio nome não faz sentido, porque inspira-se nos "comitês de ética para experimentação em seres humanos', onde os seres humanos utilizados são sempre voluntários saudáveis ou pacientes reais, devidamente informados sobre os possíveis riscos do tratamento a que serão submetidos. No caso dos animais, eles jamais são voluntários e certamente não são informados sobre os riscos. Simplesmente sua utilização ocorre à revelia de sua vontade e apenas por aí sabemos que não há ética em sua utilização. Poderia-se falar em ética na experimentação de seres humanos prisioneiros de campos de concentração?
Mas muitos 'protetores de animais' bem intencionados e sinceros em suas convicções acabam aceitando fazer parte desses 'comitês de ética' acreditando que poderão auxiliar os animais. Fazer parte não significa adquirir algum poder, mas sim compactuar. Suponhamos um "comitê de ética" típico, composto por 7 pessoas, entre membros da instituição, pessoas da área de biológicas, exatas, humanas, leigos da sociedade civil e um membro da 'proteção animal'. Ainda que esse membro ligado á proteção animal seja firme em seu propósito de impedir determinado procedimento, ele será apenas 1 entre 7 pessoas. Voto vencido. Isso se ele mesmo não acabar cedendo à argumentação, convencido da necessidade da experimentação em animais.
Os 'comitês de ética' trazem um agravante para os propósitos da causa animal: Quando determinado procedimento é questionado pela sociedade (ou por um grupo em particular) o aval do comitê de ética é freqüentemente utilizado a favor da pesquisa, contra os animais. Os cientistas têm, com o aval em mãos, uma ferramenta para argumentar que naquela instituição os procedimentos são rigorosamente fiscalizados e aprovados, inclusive por membros das sociedades protetoras de animais. "Quem melhor do que um protetor de animais para saber o que é bom para os animais?"
Esse argumento, que atribui autoridade sobre a vida alheia a certos membros de nossa sociedade, é simplesmente inaceitável. Apenas ser sensível ao sofrimento alheio não nos torna aptos a avaliar a medida desse sofrimento. Não nos torna capazes de avaliar os pros e contras e decidir sobre o que aceitável e o que não é. Podemos fazer isso com nossas próprias vidas (talvez), mas não podemos estabelecer quanto de dor é suportável por um cão, ou quantos ratos podem ser mortos para obtermos determinada droga. Isso nada tem a ver com ética. O prejudicado e o possível beneficiado não são o mesmo sujeito, de que forma 'colocar isso na balança'. Que metodologia é essa a que tanto se tem recorrido? Poderíamos, seguindo ela, avaliar que o sacrifício de 1.000 mendigos saudáveis valeria para descobrir a cura para o mal de milhares de pessoas que sofrem de determinada doença degenerativa?
E quem é o protetor de animais que está nesse comitê e que pode decidir pela vida de tantos animais? Quem o investiu do poder divino para decidir pelo que é melhor para a vida de outros que não a sua própria, pela vida ou pela morte, quais procedimentos são inaceitáveis e quais são éticos, quais espécies podem ser usadas, qual seu número etc? Essa é a forma como acreditamos estar ajudando os animais? Não, não devemos conceber nem apoiar comitês de ética. Pelo contrário, eles são atualmente o maior trunfo da vivissecção e precisam ser combatidos como prejudiciais para a causa dos direitos dos animais.
Mesmo a alegação de que fazer parte de um comitê permite ao protetor saber o que se passa dentro da instituição não faz sentido. Não é fazendo parte do problema que encontramos sua solução, além disso, qualquer pessoa da sociedade tem o direito de acessar o que se passa em laboratórios de pesquisa, e isso é especialmente verdade em instituições públicas. Mesmo onde não existem comitês de ética é possível acessar os projetos submetidos às agências de fomento à pesquisa.
Mas por que meios a vivissecção pode ser efetivamente (tirei as vírgulas) combatida? É comum a idéia de que a abolição da exploração animal será um movimento que partirá da base para o ápice, do povo em direção aos governantes, e não o contrário. Não serão as leis que impedirão que animais sejam explorados. Tampouco os cientistas voluntariamente abdicarão do uso de animais, se fatores sociais e econômicos não os forçarem a buscar por isso. Apenas a vontade popular poderá provocar essa mudança. Cabe àqueles que já tem esse entendimento educar as pessoas no sentido de que percebam o problema em todos os seus aspectos. O povo, uma vez consciente de que a experimentação animal não resulta apenas na exploração de animais, mas também de prejuízos à saúde humana, tenderá a direcionar essa mudança, através da opção por produtos que não foram testados em animais e pelo boicote às empresas que perpetuam a exploração de animais. No caso do uso didático de animais, o caminho é mostrar para mais e mais estudantes que as aulas que empregam animais de forma prejudicial, além de se constituírem em práticas anti-éticas, não contribuem em nada com seu nível de aprendizagem. E quanto mais estudantes recusarem-se a participar de tais aulas, mais a instituição se verá forçada a buscar por outros métodos.
É interessante que a pessoa que defende a abolição da vivissecção conheça algo sobre os métodos substitutivos, também chamados métodos alternativos1. Esse conhecimento é especialmente útil para responder à pergunta "se não animais, vamos utilizar o que?" Alguns dos métodos substitutivos utilizados com maior freqüência incluem os testes in vitro (em tecidos, células animais, vegetais ou microorganismos) , a utilização de vegetais (quando possível), as simulações computacionais, os estudos clínicos em pacientes reais, os estudos não invasivos em voluntários, os estudos epidemiológicos, as técnicas fisico-quimicas, (espectrometria de massa, cromatografia, tomografia, etc), o estudo em cadáveres, a utilização de manequins especialmente criados para determinados procedimentos, de softwares educacionais, de filmes, de modelos matemáticos, a nanotecnologia, estudo observacional de animais, entre outras. Cada fim pretendido demanda a adoção de uma ou mais técnicas, e dentro destas técnicas há inúmeras possibilidades e variações.
Assim, por exemplo, um determinado teste toxicológico que demandaria vários animais pode, com sucesso, ser substituído por uma bateria de testes em células de diferentes linhagens e seguindo diferentes metodologias. É claro que a escolha destes testes não é aleatória e tem relação com os objetivos pretendidos. Técnicas fisico-químicas podem ser aplicadas para identificar os diferentes componentes da droga e desta forma refinar os testes. Modelos computacionais e matemáticos, bem como placentas obtidas junto a maternidades podem auxiliar a compreender, por exemplo, de que forma a droga se distribuirá pelo organismo e como será sua absorção.
Esse conhecimento sobre métodos substitutivos não é, porém, imprescindível nem determinante de sucesso em uma campanha. Ele apenas contribui bastante com o desenvolvimento das discussões no âmbito científico. Os ativistas não são obrigados a ter, na ponta da língua e de pronto, quais recursos substitutivos podem se aplicar a cada caso de pesquisa proposta pela academia, porque isso seria humanamente impossível. Cada pesquisador é pago para realizar sua pesquisa de acordo com as demandas da sociedade. Foi ele que estudou e se capacitou nesse sentido e é dele o interesse em obter resultados destes experimentos. O pesquisador, acima de tudo, é que tem que se familiarizar com os recursos substitutivos, e não esperar que anti-vivisseccionis tas os apresentem.
Um único departamento de uma boa faculdade desenvolve dezenas de projetos simultaneamente. Esse departamento é apenas um entre os vários da faculdade e essa faculdade é apenas uma dentro da universidade. Portanto, a gama de experimentos que ocorrem simultaneamente dentro de uma boa universidade é enorme e multiplique- se isso pelo número de universidades para termos uma idéia de que uma única pessoa ou instituição não poderia deter o conhecimento sobre todos os possíveis experimentos que poderiam ser realizados em animais para buscar por pelo menos um método substitutivo para cada um deles. O papel do anti-vivisseccionis ta é simplesmente o de exigir que esses métodos sejam implementados e jamais apoiar, de forma nenhuma, pesquisa com animais. Questionar sempre. Eventualmente, se dispuser de informações sobre recursos substitutivos essas poderão ser disponibilizadas para os cientistas, mas isto é uma contribuição e não uma obrigação que deve recair sobre o anti-vivisseccionis ta.
Além disso, devido à especificidade de cada linha de pesquisa, é possível que muitos métodos alternativos ainda precisem ser produzidos. Não porque sua técnica seja muito elaborada, mas porque possivelmente ninguém ainda tenha se preocupado em desenvolvê-los, visto que a metodologia somente interessa a quem dela faça uso.
O importante é que a graduação e especialização do cientista não devem intimidar o debatedor. É claro que o cientista melhor do que ninguém conhece sua linha de pesquisa, mas isso não desqualifica uma pessoa que queira debater a necessidade de utilização de animais. É questionável, inclusive, se a pesquisa é necessária caso o cientista seja incapaz de apresentar uma metodologia de pesquisa alternativa ao uso de animais. A sociedade não apenas pode se envolver nesse debate, ela deve, porque nele estão embutidos não apenas questões éticas, mas também questões relacionadas à saúde geral da população.
1 Nota do autor: "Cabe aqui discutir o emprego da palavra "alternativa" . Ainda que a utilizemos com grande freqüência, devido à sua consagração, convém deixar claro que esta palavra não é a mais adequada para designar os recursos e métodos substitutivos. A palavra "alternativas" desperta certa confusão entre as pessoas, levando muitos a crerem que se trate de "alternar" métodos substitutivos com experimentos realizados em animais. Além do mais, quando aceitamos que as técnicas que propomos são "alternativas" , estamos implicitamente aceitando que as técnicas que utilizam animais conduzem a bons resultados, o que não é o caso."
Sérgio Greif - sergio_greif@ yahoo.com
Biólogo, mestre em Alimentos e Nutrição, co-autor do livro "A Verdadeira Face da Experimentação Animal: A sua saúde em perigo" e autor de "Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação: pela ciência responsável"
Artigo publicado na Pensata Animal nº 2 - Junho de 2007 - www.pensataanimal. net
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Feliciano cobra o cumprimento da Lei 12.916/08 em São José dos Campos
Feliciano cobra o cumprimento da Lei 12.916/08 em São José dos Campos
9 julho 2010
Em atenção às solicitações de entidades de proteção animal atuantes em São José dos Campos, o deputado Feliciano Filho reuniu-se com o prefeito municipal, Eduardo Cury, nesta quinta-feira, 08 de julho. O parlamentar solicitou o cumprimento da Lei Estadual 12.916/08, de sua autoria, que dispõe sobre o controle populacional de cães e gatos nos Centros de Controle de Zoonoses (CCZs) do Estado de São Paulo, especialmente no que tange a castração e identificação dos animais. A partir destas medidas, o deputado reforça a necessidade do Executivo firmar parcerias com as entidades locais para que sejam realizados programas de adoção.
Feliciano solicitou também ao prefeito que obrigue o CCZ a permitir a entrada de protetores de animais no local para viabilizar a fiscalização da lei vigente. Além disso, o parlamentar apelou para que sejam instituídos programas de esterilização e identificação em massa nos bairros.
O deputado ressalta a importância deste encontro, destacando a postura solícita de Cury. “O prefeito se mostrou sensível às nossas demandas. Ele se comprometeu a tomar providências, no sentido de envidar esforços para que a legislação seja cumprida e para que os programas de castração e identificação nos bairros sejam viabilizados”, declara.
9 julho 2010
Em atenção às solicitações de entidades de proteção animal atuantes em São José dos Campos, o deputado Feliciano Filho reuniu-se com o prefeito municipal, Eduardo Cury, nesta quinta-feira, 08 de julho. O parlamentar solicitou o cumprimento da Lei Estadual 12.916/08, de sua autoria, que dispõe sobre o controle populacional de cães e gatos nos Centros de Controle de Zoonoses (CCZs) do Estado de São Paulo, especialmente no que tange a castração e identificação dos animais. A partir destas medidas, o deputado reforça a necessidade do Executivo firmar parcerias com as entidades locais para que sejam realizados programas de adoção.
Feliciano solicitou também ao prefeito que obrigue o CCZ a permitir a entrada de protetores de animais no local para viabilizar a fiscalização da lei vigente. Além disso, o parlamentar apelou para que sejam instituídos programas de esterilização e identificação em massa nos bairros.
O deputado ressalta a importância deste encontro, destacando a postura solícita de Cury. “O prefeito se mostrou sensível às nossas demandas. Ele se comprometeu a tomar providências, no sentido de envidar esforços para que a legislação seja cumprida e para que os programas de castração e identificação nos bairros sejam viabilizados”, declara.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Abrigos: solução ou parte do problema?
Julho 2010
Abrigos: solução ou parte do problema?
Parte dos protetores defende que eles teriam maiores chances nas ruas. Afinal, abrigo é viável no atual estágio da nossa sociedade?
A matéria do último Notícias da ARCA sobre a crise da Suipa gerou muitos comentários de leitores que elogiaram a abordagem de uma questão que para muitos é intocável. Essa discussão tem como objetivo melhorar e promover sempre o bem estar dos animais.
Leia alguns trechos dos comentários:
“Concordo plenamente quando dizem que pessoas bem intencionadas pensam em fazer um abrigo, pois eu também pensava assim. Pouco dinheiro e um espaço grande já era o suficiente. Mas nas dificuldades a gente não pensa”.
”Parabéns pela coragem de dizer o que muitos não querem ouvir. Em Niterói vejo se repetir o descaso de todos, em especial dos órgãos públicos com o abandono dos animais”.
“Texto excelente! Não é criando estoques de animais doentes, famintos, sem esperança que iremos mudar este contexto. Mas conscientizando a população. Dizendo não a comercialização desenfreada de filhotes. Não ao descaso de entidades públicas”.
Novas atitudes
A notícia que o Quintal de São Francisco fecharia suas portas surpreendeu e preocupou muita gente. Localizado em Parelheiros, periferia da capital paulista, o reconhecido abrigo não agüentou. Mas por que chegou ao fim?
“Foi uma decisão bem difícil, talvez a mais dolorosa da minha vida. Somos uma equipe cansada, enfrentando dificuldades diárias. Cumprir compromissos financeiros, oferecer qualidade no acolhimento, compreender a comunidade, captar recursos”, explicou Angela Caruso, que afirma que mudou a maneira de pensar. “Não suporto mais manter animais aprisionados, mesmo melhorando o local e as acomodações, estamos distantes de bem-estar animal. Fazemos o que achamos que é o melhor. E o que é melhor?” desabafa Angela.
Ainda com 164 cães e 45 gatos sob sua responsabilidade, hoje o Quintal de São Francisco exercita um lado difícil para a maioria dos protetores: dizer não.
Saber respeitar as próprias limitações é o mantra da médica Rosana Mercadante, responsável pelo abrigo Piccolina, situado em Avaré, município de 84 mil habitantes do interior de São Paulo. Segundo ela a cidade, tem uma população de 20 mil animais, entre rurais e urbanos, e possui cerca de 5 mil cães nas ruas, sendo que 30% (1.500) dessa estimativa é o principal foco do abrigo (fêmeas prenhes e não prenhes, ninhadas, idosos e deficientes físicos).
Referência para muitos protetores, o Piccolina tem uma estrutura que impressiona, são canis bem estruturados, alimentação de qualidade, área de triagem, consultório clínico e centro cirúrgico, espaço de lazer e até música ambiente para tranqüilizar os pets. Mas como um abrigo consegue manter essa condição?
“Quando decidi criar o Piccolina disse que iria fazer direito, para isso limitei o número de animais que conseguiria manter, independente das doações financeiras. São 350 cães e o número não passa disso”, e completa, “quando não temos vagas tratamos na rua mesmo, em lares transitórios até ser adotado ou abrir uma vaga”, explica Dra. Rosana.
Ao que tudo indica o Piccolina pode ser uma nova luz nesse cenário, mas a ânsia em ajudar oculta as armadilhas no caminho. A grande maioria dos abrigos brasileiros gasta tanta energia nos resgates, que o principal objetivo, a adoção acaba em segundo plano.
Nos EUA o centenário abrigo Denver Dumb Friends League demonstra que o americano foca sempre na busca por uma nova família para o pet. Alguns eventos chegam a conseguir 70 adoções em um único final de semana. Se aplicarmos essa lógica ao abrigo Piccolina, seriam 70 novas vagas por semana em um abrigo de qualidade. Um grande passo.
Visão técnica
Com as notórias deficiências do serviço público, abandonos, um oceano de carências, os abrigos são inevitáveis, mas assim como tudo na vida, precisam de regras para funcionar corretamente. Mesmo sem uma regulamentação, o Conselho Regional de Medicina Veterinária de SP (CRMV-SP) determina algumas condutas. “Os procedimentos em abrigos são os mesmos de um canil ou gatil, pois ambos possuem entrada e saída de animais”, esclarece a assessora do CRMV-SP, Thaís Cardoso.
Alguns importantes pontos do Manual de Responsabilidade Técnica do CRMV-SP determinam que as instalações de um canil devam ser individuais, de alvenaria, com área compatível com o tamanho do animal, paredes lisas, impermeabilizadas. O abrigo de gatos e animais de pequeno porte, deve ser em metal inoxidável ou com pintura anti-ferruginosa e não pode ser superposta a outra gaiola.
“Vários fatores devem ser observados para a garantia do bem estar animal. Como oferecer conforto térmico, acesso ao sol, alimentação adequada e instalações que atendam as necessidades, e as exigências legais quanto à manutenção da condição sanitária”, completa a assessora.
Os cuidados com a estrutura física são determinantes para o grau de salubridade do lugar. A triste crise da Suipa, que teve sua atual presidente reeleita, contradiz qualquer argumento de bom senso e bem estar. Dos animais que chegam ao abrigo o índice de mortalidade atinge 90%, ou seja, em cada dez animais apenas um sobrevive.
Mas para a responsável pelo Piccolina os abrigos ainda têm que driblar propostas incabíveis de certos protetores. “Eu não aceito doações em troca de vagas no abrigo, muitas pessoas querem que a gente recolha sem pensar em como o animal vai ficar e em como vamos mantê-lo”, denuncia Dra. Rosana. Será que a Suipa com a política de nunca dizer não, sofreu com as conseqüências dessa troca irresponsáve?
Reflexão
Pessoas envolvidas com abrigos no Brasil em sua grande maioria trabalham arduamente tentando tampar o sol com a peneira. Os ideais, como foi dito na última matéria, são nobres, mas não se muda um cenário tão caótico apenas com o coração.
Por que não importamos o pragmatismo dos americanos (não seus rodeios)? Ser racional não significa frieza, mas ter coragem para tomar decisões.
Viver amontoado com tantos outros, brigar pela comida, adquirir doenças ou transmiti-las, não desfrutar de companhia humana e morrer sem ninguém perceber. Não é uma vida digna, não é ser protegido e muito menos bem estar animal. Será que as pessoas que defendem isso pensam realmente na integridade do cão e do gato?
Abrigos: solução ou parte do problema?
Parte dos protetores defende que eles teriam maiores chances nas ruas. Afinal, abrigo é viável no atual estágio da nossa sociedade?
A matéria do último Notícias da ARCA sobre a crise da Suipa gerou muitos comentários de leitores que elogiaram a abordagem de uma questão que para muitos é intocável. Essa discussão tem como objetivo melhorar e promover sempre o bem estar dos animais.
Leia alguns trechos dos comentários:
“Concordo plenamente quando dizem que pessoas bem intencionadas pensam em fazer um abrigo, pois eu também pensava assim. Pouco dinheiro e um espaço grande já era o suficiente. Mas nas dificuldades a gente não pensa”.
”Parabéns pela coragem de dizer o que muitos não querem ouvir. Em Niterói vejo se repetir o descaso de todos, em especial dos órgãos públicos com o abandono dos animais”.
“Texto excelente! Não é criando estoques de animais doentes, famintos, sem esperança que iremos mudar este contexto. Mas conscientizando a população. Dizendo não a comercialização desenfreada de filhotes. Não ao descaso de entidades públicas”.
Novas atitudes
A notícia que o Quintal de São Francisco fecharia suas portas surpreendeu e preocupou muita gente. Localizado em Parelheiros, periferia da capital paulista, o reconhecido abrigo não agüentou. Mas por que chegou ao fim?
“Foi uma decisão bem difícil, talvez a mais dolorosa da minha vida. Somos uma equipe cansada, enfrentando dificuldades diárias. Cumprir compromissos financeiros, oferecer qualidade no acolhimento, compreender a comunidade, captar recursos”, explicou Angela Caruso, que afirma que mudou a maneira de pensar. “Não suporto mais manter animais aprisionados, mesmo melhorando o local e as acomodações, estamos distantes de bem-estar animal. Fazemos o que achamos que é o melhor. E o que é melhor?” desabafa Angela.
Ainda com 164 cães e 45 gatos sob sua responsabilidade, hoje o Quintal de São Francisco exercita um lado difícil para a maioria dos protetores: dizer não.
Saber respeitar as próprias limitações é o mantra da médica Rosana Mercadante, responsável pelo abrigo Piccolina, situado em Avaré, município de 84 mil habitantes do interior de São Paulo. Segundo ela a cidade, tem uma população de 20 mil animais, entre rurais e urbanos, e possui cerca de 5 mil cães nas ruas, sendo que 30% (1.500) dessa estimativa é o principal foco do abrigo (fêmeas prenhes e não prenhes, ninhadas, idosos e deficientes físicos).
Referência para muitos protetores, o Piccolina tem uma estrutura que impressiona, são canis bem estruturados, alimentação de qualidade, área de triagem, consultório clínico e centro cirúrgico, espaço de lazer e até música ambiente para tranqüilizar os pets. Mas como um abrigo consegue manter essa condição?
“Quando decidi criar o Piccolina disse que iria fazer direito, para isso limitei o número de animais que conseguiria manter, independente das doações financeiras. São 350 cães e o número não passa disso”, e completa, “quando não temos vagas tratamos na rua mesmo, em lares transitórios até ser adotado ou abrir uma vaga”, explica Dra. Rosana.
Ao que tudo indica o Piccolina pode ser uma nova luz nesse cenário, mas a ânsia em ajudar oculta as armadilhas no caminho. A grande maioria dos abrigos brasileiros gasta tanta energia nos resgates, que o principal objetivo, a adoção acaba em segundo plano.
Nos EUA o centenário abrigo Denver Dumb Friends League demonstra que o americano foca sempre na busca por uma nova família para o pet. Alguns eventos chegam a conseguir 70 adoções em um único final de semana. Se aplicarmos essa lógica ao abrigo Piccolina, seriam 70 novas vagas por semana em um abrigo de qualidade. Um grande passo.
Visão técnica
Com as notórias deficiências do serviço público, abandonos, um oceano de carências, os abrigos são inevitáveis, mas assim como tudo na vida, precisam de regras para funcionar corretamente. Mesmo sem uma regulamentação, o Conselho Regional de Medicina Veterinária de SP (CRMV-SP) determina algumas condutas. “Os procedimentos em abrigos são os mesmos de um canil ou gatil, pois ambos possuem entrada e saída de animais”, esclarece a assessora do CRMV-SP, Thaís Cardoso.
Alguns importantes pontos do Manual de Responsabilidade Técnica do CRMV-SP determinam que as instalações de um canil devam ser individuais, de alvenaria, com área compatível com o tamanho do animal, paredes lisas, impermeabilizadas. O abrigo de gatos e animais de pequeno porte, deve ser em metal inoxidável ou com pintura anti-ferruginosa e não pode ser superposta a outra gaiola.
“Vários fatores devem ser observados para a garantia do bem estar animal. Como oferecer conforto térmico, acesso ao sol, alimentação adequada e instalações que atendam as necessidades, e as exigências legais quanto à manutenção da condição sanitária”, completa a assessora.
Os cuidados com a estrutura física são determinantes para o grau de salubridade do lugar. A triste crise da Suipa, que teve sua atual presidente reeleita, contradiz qualquer argumento de bom senso e bem estar. Dos animais que chegam ao abrigo o índice de mortalidade atinge 90%, ou seja, em cada dez animais apenas um sobrevive.
Mas para a responsável pelo Piccolina os abrigos ainda têm que driblar propostas incabíveis de certos protetores. “Eu não aceito doações em troca de vagas no abrigo, muitas pessoas querem que a gente recolha sem pensar em como o animal vai ficar e em como vamos mantê-lo”, denuncia Dra. Rosana. Será que a Suipa com a política de nunca dizer não, sofreu com as conseqüências dessa troca irresponsáve?
Reflexão
Pessoas envolvidas com abrigos no Brasil em sua grande maioria trabalham arduamente tentando tampar o sol com a peneira. Os ideais, como foi dito na última matéria, são nobres, mas não se muda um cenário tão caótico apenas com o coração.
Por que não importamos o pragmatismo dos americanos (não seus rodeios)? Ser racional não significa frieza, mas ter coragem para tomar decisões.
Viver amontoado com tantos outros, brigar pela comida, adquirir doenças ou transmiti-las, não desfrutar de companhia humana e morrer sem ninguém perceber. Não é uma vida digna, não é ser protegido e muito menos bem estar animal. Será que as pessoas que defendem isso pensam realmente na integridade do cão e do gato?
terça-feira, 20 de julho de 2010
Grupo Bichos Terapeutas no Orkut
Queridos,
O grupo Bichos Terapeutas está no Orkut.
Clique, participe, saiba mais sobre esse assunto.
Beijos.
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Beijos.
Leishmaniose
POR QUE TRATAR?
André Luis Soares da Fonseca
M.V. Mestre em Imunologia
Professor Adjunto da UFMS
Sinteticamente, as razões que fundamentam o tratamento da leishmaniose visceral canina (LVC) são consistentes e de várias ordens, quais sejam:
1) técnica; 2) ética; e 3) jurídica.
Ordem técnica: o tratamento da LVC leva à cura clínica da doença, podendo a sorologia continuar positiva, o que apenas indica um prévio contato com o parasita, como acontece em outras doenças por protozoários, como na toxoplasmose e na doença de Chagas. Há um amplo arsenal de medicamentos que podem ser utilizados e o preço do tratamento, dependendo das drogas, é bem acessível. O receio de resistência medicamentosa é inerente no tratamento de qualquer doença infecciosa e não se justifica. O combate à LVC reside no controle do vetor. Se na dengue o controle do vetor é suficiente, por que para a LVC não é?
Ordem ética: os animais merecem o respeito e o amor dos seus proprietários, que podem e devem utilizar os medicamentos disponíveis para tratar estes que, muitas vezes, são os únicos companheiros e amigos.
Ordem jurídica: o proprietário tem direito a tratar do seu animal, como tem de defender a sua propriedade (direito constitucional) , pois o cão é tido muitas vezes como um membro da família, portanto, um bem jurídico especial.
E-mail: afonseca@nin. ufms.br
Abordagens Atuais no Tratamento da Leishmaniose Visceral Canina - http://fielamigo. com.br/trata/
Instituto Nina Rosa - Projetos por amor à vida
Organização independente sem fins lucrativos
http://www.institut oninarosa. org.br
Para receber este informativo, cadastre seu e-mail em http://migre. me/NKtt
André Luis Soares da Fonseca
M.V. Mestre em Imunologia
Professor Adjunto da UFMS
Sinteticamente, as razões que fundamentam o tratamento da leishmaniose visceral canina (LVC) são consistentes e de várias ordens, quais sejam:
1) técnica; 2) ética; e 3) jurídica.
Ordem técnica: o tratamento da LVC leva à cura clínica da doença, podendo a sorologia continuar positiva, o que apenas indica um prévio contato com o parasita, como acontece em outras doenças por protozoários, como na toxoplasmose e na doença de Chagas. Há um amplo arsenal de medicamentos que podem ser utilizados e o preço do tratamento, dependendo das drogas, é bem acessível. O receio de resistência medicamentosa é inerente no tratamento de qualquer doença infecciosa e não se justifica. O combate à LVC reside no controle do vetor. Se na dengue o controle do vetor é suficiente, por que para a LVC não é?
Ordem ética: os animais merecem o respeito e o amor dos seus proprietários, que podem e devem utilizar os medicamentos disponíveis para tratar estes que, muitas vezes, são os únicos companheiros e amigos.
Ordem jurídica: o proprietário tem direito a tratar do seu animal, como tem de defender a sua propriedade (direito constitucional) , pois o cão é tido muitas vezes como um membro da família, portanto, um bem jurídico especial.
E-mail: afonseca@nin. ufms.br
Abordagens Atuais no Tratamento da Leishmaniose Visceral Canina - http://fielamigo. com.br/trata/
Instituto Nina Rosa - Projetos por amor à vida
Organização independente sem fins lucrativos
http://www.institut oninarosa. org.br
Para receber este informativo, cadastre seu e-mail em http://migre. me/NKtt
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Quadradinhos a venda!!!
Pessoal,
O site Bichos do vale está com uma ideia ótima para arrecadar fundos em prol dos animais acolhidos pelos protetores: venda de quadradinhos. Acesse o link abaixo e ajude!!!
http://bichosdovale.wordpress.com/
Nós do Grupo ajudamos e esperamos que vcs façam o mesmo, em prol dos animais abandonados!!!
beijos!
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beijos!
ADOTE UM CAVALO DO CCZ DE SÃO PAULO
InfoSentiens
11/07/2010
ADOTE UM CAVALO DO CCZ DE SÃO PAULO
Baseado em mensagem enviada pela Sozed / Projeto Anjo dos Cavalos
Cavalos e outros animais de grande porte soltos nas ruas podem provocar acidentes fatais. Por outro lado, animais de tração costumam sofrer incríveis abusos e maus-tratos por conta da ignorância ou maldade de seus donos. No município de São Paulo existe uma lei que determina o recolhimento desses animais pelo CCZ - Centro de Controle de Zoonoses.
No caso de cavalo solto basta notificar o CCZ, que este enviará caminhão de transportes para recolher o animal. Em caso de maus-tratos é necessário que alguém denuncie, que tome as providências policiais e/ou judiciais cabíveis e depois chame o CCZ.
Os animais apanhados pelo CCZ lá permanecem por cinco dias úteis, aguardando um possível resgate, através de pagamento de multa. Vencido este prazo, são doados a uma Instituição protetora de animais (quem vem se responsabilizando por isso é o Quintal de São Francisco). Através de uma voluntária, os animais serão tratados e depois repassados para pessoas que tenham propriedades rurais (sítios, chácaras ou fazendas fora da área urbana do município), que assinem um termo de compromisso se responsabilizando pelo seu bem-estar. Uma espécie de " fiéis depositários" ...
Assinale-se que esse trabalho vem sendo desenvolvido desde 1995, com o advento da Lei municipal 11.887 (21-09- 95), a qual impede o tráfego de animais na zona urbana do município de São Paulo. Ocorre que os animais, quase sempre cavalos, chegam às dependências da Prefeitura em péssimo estado: desnutridos, infestados de parasitas, doentes, feridos, exauridos...à s vezes até mutilados! Fatos que todos nós, protetores e ambientalistas, tão bem conhecemos! Nessas situações, os cavalos irão precisar de trato, assistência médico-veteriná ria, alimentação. Serão, então, encaminhados a pessoas previamente selecionadas, que preencham os quesitos necessários para cuidar do animal.
SEJA O GUARDIÃO DE UM CAVALO!
Aguardamos GUARDIÕES RESPONSÁVEIS, que tenham um espaço rural e que possam receber um ou mais cavalos. Quero ressaltar que este trabalho constitui uma atividade dinâmica, constante, no CCZ. Não tem fim; embarcam-se cavalos, outros estão chegando... Quando o animal é bonito, muita gente quer; os mais feinhos, defeituosos, ficam sobrando, é triste se lembrarmos que as baias são poucas, o espaço é pequeno e que as dificuldades na manutenção dos animais são muitas. Mais: existem os chamados " amadrinhados" , dupla de cavalos (às vezes mais que uma dupla, pode ser mãe e filho) que vieram de uma mesma origem, têm vínculos, uma relação de dependência onde um não vive sem o outro. Nós, protetores, temos sensibilidade para saber que não podemos separá-los, quem levar um vai ter que levar o outro também, mas isso nem sempre acontece, precisamos segurar a situação!
Para adotar
E-mails: sozedsp@terra. com.br / pac@anjodoscavalos. org.br
Fones: (11) 9299-3053 / 9617-1853
APOIE AS CAMPANHAS SENTIENS PELOS ANIMAIS
Criação da 1ª Promotoria de Defesa Animal
http://www.sentiens .net/promotoria- de-defesa- animal/peticao
Contra a liberação dos maus-tratos aos animais
http://www.sentiens .net/liberacao- maus-tratos/ peticoes
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Os cães de Banting e Best e a descoberta do diabetes em humanos
InfoSentiens
07/07/2010
Os cães de Banting e Best e a descoberta do diabetes em humanos
Introdução
O diabetes figura entre uma das mais citadas justificativas para a continuidade da experimentação em animais; muitos defendem que sem tais experiências, jamais teríamos hoje o conhecimento para compreender qual seria a causa do diabetes e encontrarmos a cura através da insulina. Curiosamente, o experimento conduzido por Frederich Grant Banting e seu ajudante Charles Herbert Best, considerados hoje os elucidadores do mistério, sofreu severas críticas de seus colegas na época. Segundo Roberts (1922), seus experimentos foram “mal concebidos, mal conduzidos e mal interpretados”.
O experimento de Banting e Best
Banting e Best receberam o prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 1923, por haverem amarrado o canal pancreático de cães vivos e, após sete semanas, sacrificarem os animais, desta forma tentando extrair-lhes hormônios do pâncreas. O motivo pelo qual o pâncreas dos animais foram amarrados é que desta forma, eles lentamente atrofiariam, e todas as suas células morreriam, menos as das Ilhotas de Langherhans, que hoje se sabe, produzem insulina. Isto foi feito, segundo Asimov, porque suspeitava-se que o hormônio seria uma proteína, que poderia ser danificada pelas enzimas do pâncreas.
Muitos cientistas questionaram a afirmação de autoria das descobertas que são atribuídas a Banting e Best, como no artigo do patologista americano Dr. M. Barron (1920), em que descreve a autopsia de um paciente que morreu de litíase pancreática: “Os cientistas Banting e Best foram incorretamente creditados com a descoberta da insulina”. As dúvidas recaem justamente sobre a forma como um determinado sintoma é induzido em uma situação experimental, o que embora aparente a doença a ser estudada, não serve de modelo para a situação clínica. McLean (1923) escreve que “infelizmente, a condição de um cão com uma pequena, porém saudável, parte de seu pâncreas é essencialmente diferente daquela de uma pessoa sofrendo de diabetes...em humanos, o diabetes se apresenta através de dois fatores: (1) uma lesão progressiva essencialmente ausente em animais experimentais; e (2) o efeito decorrente de dieta imprópria”. Young (1948) diz que “não existe forma de induzir-se o diabetes...que seja exatamente comparável à condição clínica. No máximo podemos obter apenas aproximações cruas. O perigo de aplicar-se de uma espécie para outra, ou de uma linhagem para outra dentro de uma mesma espécie não pode ser negligenciado”. Young (1951) afirma ainda que “argumentos baseados no requerimento de insulina de cães e gatos despancretizados aplicados ao diabetes humano são quantitativamente perigosos”.
E se, como afirmam, os experimentos de Banting e Best teriam nos elucidado a causa e efeito do diabetes já na década de 1920, parece curioso que, em 1960, Keen ainda admitisse que “as causas do Diabetes Mellitus continuam desconhecidas tanto em humanos quanto em animais. Exceto por certas similaridades entre as espécies, há um número de diferenças importantes; diferenças em manifestações clínicas, em fatores etiológicos e a atuação de certas complicações a longo prazo”. Aichelburg (1974) escreve: “Quanto mais estudamos o diabetes, mais descobrimos os aspectos contraditórios desta doença. Há 50 anos, quando a insulina foi descoberta, achamos que o mistério do diabetes houvesse sido resolvido. Mas hoje o mistério continua ainda mais misterioso.”
A verdadeira descoberta do diabetes
Mas se não Banting e Best, quem mais poderia ter descoberto a associação entre o pâncreas e o diabetes? Segundo Bayly, a associação entre o diabetes e as alterações degenerativas nas células Beta do pâncreas já era bem conhecida através de experiências clínicas muito antes que se fizessem experimentos com animais. Em 1788, Thomas Cawley realizou a autópsia de pacientes que morreram de diabetes e verificou anomalias no pâncreas (Jackson & Vinik, 1977; BUAV M:10). Autópsias posteriores demonstraram a mesma coisa, as Ilhotas de Langerhans estavam muito danificadas ou completamente ausentes em pacientes com diabetes, mas devido ao fato de que Claude Bernard e outros cientistas não conseguiram demonstrar os sintomas em animais experimentais extirpando-lhes o pâncreas, a idéia não foi aceita durante anos (Volk & Wellman, 1977; BUAV M:10)
A idéia só foi amplamente aceita quando dois cientistas conseguiram extirpar com sucesso o pâncreas de cães, induzindo-lhes sintomas semelhantes aos do diabetes. Estes cientistas não eram Banting e Best, mas sim Mering e Minkowski, em 1889 (Volk & Wellman, 1977; BUAV M:10). “Confirmado” então que o diabetes estava associado às células de Langerhans danificadas, os cientistas supuseram que o fornecimento de extratos de tecido saudável pudessem curar o mal (Zeuler,1908), seguiu-se então um período em que extrato de pâncreas foi fornecido tanto para animais experimentais quanto para cobaias-humanas, não representando porém nenhum efeito benéfico, pelo contrário, o extrato possuía alta taxa de toxicidade (Singer & Underwood, 1962; Jackson & Vinik, 1977). Posteriormente o bioquímico Collip obteve um extrato purificado um pouco mais efetivo e um pouco menos tóxico (BUAV M:10; Sharpe, 1988).
“O propósito de isolar do pâncreas o princípio ativo que o prof. Schafer, um fisiologista renomado, já havia denominado insulina em 1915” foi, segundo Bayly, “repetida por Banting, que demonstrou isto em um colega médico seu que sofria da doença. No entanto, os experimentos que Banting realizou em milhares de cachorros não provaram nada de valor para a medicina humana, desde que, como é reconhecido cientificamente, os cães não sofriam de diabetes”, e sua conclusão é que “a descoberta, isolamento e aplicação de insulina são clínicas.”
Então, se não era de diabetes, de que mal sofriam os cães de Banting e Best? Muitos cientistas reconhecem que os cães de Banting e Best realmente não sofriam de diabetes, mas sim de estresse. O estresse, segundo Pratt (1954), tem sintomas muito parecidos com os do diabetes: “O Dr. Banting, herói da medicina canadense, que é popularmente creditado com a descoberta da insulina pela extirpação de pâncreas de milhares de cães, não causava diabetes, mas estresse”. Outros autores (Robinson e Fuller, 1984), confirmam que situações de estresse podem induzir sintomas semelhantes ao diabetes também em humanos: “É sabido que a obesidade, as drogas, os remédios, a hereditariedade, grande aflição, raiva, medo e estados emocionais extremos podem causar diabetes”.
Modelos animais para o diabetes
Os animais modelo usados na pesquisa do diabetes são criados à partir da remoção ou danificação do pâncreas, induzindo-se assim uma condição com sintomas semelhantes à doença. Os animais mais utilizados são os ratos, camundongos, coelhos, cães, porcos, ovelhas e macacos.(BUAV M:10) As vezes o pâncreas é completamente ou parcialmente removido cirurgicamente; há ainda a indução química, através de drogas como a estreptozotocina, a infecção proposital por vírus especiais sem falar em animais manipulados geneticamente para desenvolver a doença, como os ratos da linhagem BB e o camundongo NOD (non-obese diabetic). (Hageman & Buscard, 1994) Estes animais, desenvolvendo a doença ou não, possuem uma predisposição a infecções e problemas linfopoéticos, que freqüentemente resultam em morte. Com tão poucos linfócitos-T e deficiência nas reações imunes mediadas por linfócitos, é claro que há um defeito imunorregulador; isto não ocorre em humanos. (Hageman & Buscard, 1994). Muitas vezes os rins dos animais também são danificados artificialmente, já que o diabetes está associado à insuficiência renal.
A rápida indução do estado de diabetes por qualquer destes meios que seja em animais experimentais não tem relação com o diabetes humano, que se desenvolve com o tempo, através da duração de vida do paciente. Seria, banalizando o caso, como induzir-se uma gripe em animais experimentais jogando alergênicos em seus focinhos para vê-los espirrar, os sintomas são semelhantes, mas não podemos dizer que se trata realmente do mesmo problema. Mais seriamente, nem mesmo a inoculação do agente etiológico no animal experimental nos traria resultados satisfatórios, pois a doença se comportaria diferentemente nos dois hospedeiros.
Forslund (1997) efetuou um levantamento bibliográfico sobre o assunto, encontrando que “na literatura da medicina e veterinária, algumas doenças de espécies diferentes recebem o mesmo nome, ainda que sua manifestação clínica, etiológica, patogênese e tratamento coincidam em apenas alguns, mas não muitos, pontos.” Citou como bons exemplos disso o Diabetes Mellitus e a Artrite Reumatóide: “o DM e a AR são nomes dados a duas sindromes diferentes que ocorrem no homem, no cão, no gato, no camundongo e no gado. No entanto, os sintomas clínicos e etiológicos tanto da AR quanto do DM não são idênticos em nenhum dos vários animais e no homem.”
Forslund (1997) ainda conclui: “Estamos falando da mesma doença? Como as condições referidas na literatura, a AR e o DM no homem, no cão, no gato, no rato, no camundongo e no gado não têm provavelmente a mesma etiologia e patogênese, a extrapolação de resultados referentes à etiologia e patogênese de uma espécie pode ser difícil e desaconselhável... A melhor maneira de elucidar a causa de uma doença é estuda-la na espécie e no ambiente em que ela naturalmente ocorre. O fato de que os estudos epidemiológicos são de máxima importância para identificar-se a causa da doença é confirmada pela diferença de incidência da doença em gêmeos homozigóticos.”
Mesmo a utilização de animais geneticamente manipulados é duvidosa “podendo ser comparada simbolicamente, àquilo que ocorre quando o comportamento de animais selvagens é comparado com o comportamento de animais da mesma espécie em cativeiro. Pode-se determinar as reações naturais de um urso polar ao ambiente em um zoológico. Pode-se observá-lo em seus movimentos, mas jamais se pode ter certeza de que isto é natural. Em animais e no homem, a fisiologia e os sistemas enzimáticos são diferentes, produzindo metabólitos diferentes e diferentes parâmetros de doenças, tornando virtualmente impossível de se predizer a existência de fatores desconhecidos que podem afetar interações genéticas nestes sistemas e induzir a doença em uma espécie em particular.”
O fato de que a extrapolação não pode se dar de modelos animais para o homem não é segredo também entre aqueles que lidam diretamente com a exploração animal: Em 1951, o prof. Houssay da Fundação CIBA, em Londres, advertiu sua equipe, que estudava a influência de hormônios sexuais na incidência e severidade do diabetes experimental em ratos, para que não aceitassem os resultados de outros animais ou mesmo de humanos. Muitos autores criticam a ignorância quanto às diferenças no metabolismo em tecidos de animais de diferentes espécies, bem como o estudo em modelos animais sobre o decréscimo de açúcar no sangue humano (Brahn, 1940).
Experimentos em animais salvam a vida dos diabéticos?
Mas pensaria-se que, ainda que o uso de animais não tenha sido útil para a descoberta do diabetes, poderia tê-lo sido na descoberta de sua cura. Antes de mais nada vale lembrar que o diabetes ainda hoje não tem cura, e provavelmente continuará não tendo enquanto os esforços dos cientistas se dirigirem para a pesquisa de seus sintomas em animais experimentais ao invés de pesquisas sobre suas causas em pacientes clínicos.
Quanto à insulina administrada em doentes, muitos cientistas concordam que os remédios (como o nome já diz) apenas remediam o mal que está por vir, mascarando seus sintomas e fornecendo ao organismo a falsa sensação de bem estar. Segundo McDonagh (1932), “o diabetes é o sintomas, não a doença, e a insulina...não faz mais do que mascarar este sintoma. A droga não elucida a causa, não atua da maneira descrita e, tendo a causa sido descoberta e erradicada, como pode ser, não haverá mais necessidade de utilizá-la.” Rostant (1963) escreve que “os remédios cultivam a doença. A situação de saúde é piorada. As terapêuticas são um provedor das doenças, criam indivíduos que terão de dispor de recursos para (sustentar) elas. Um exemplo impressivo é o diabetes hereditário. Desde a descoberta da insulina tem crescido marcadamente” .
De fato, para a produção da insulina a princípio foram necessários animais como porcos e vacas. Hoje a insulina é quase que totalmente obtida de microorganismos manipulados, embora animais ainda sejam explorados para testá-la. Os efeitos da insulina, tanto animal quanto microbiana, têm sido descritos por diversos autores: Notkins (1979) descreve que “os efeitos colaterais do tratamento com insulina incluem não raramente uma incidência de ataques cardíacos, derrame, insuficiência renal e gangrena. Isto se dá, segundo alguns médicos, devido à utilização de insulina animal de natureza estranha ao corpo humano”. A insulina produzida in vitro também têm recebido severas críticas. Após tantos anos de experiências em animais, a experiência clínica mostra que a insulina não é nem um bom remédio e nem representa um ganho significativo na prevenção do diabetes, mas é sim apenas um cansativo substituto terapêutico. Quanto mais avançamos o estudo da história da medicina, mais vemos que o triunfo real da medicina é a conclusão tirada pela observação do paciente apresentando o fenômeno em sua condição natural e “não através da ação confusa de cientistas, que concluem à partir de fenômenos criados artificialmente em animais (Dr.Walker apud Ruesch,1989......).
Mas o que devemos fazer, deixar de aplicar insulina em diabéticos? Escreve Mendelsohn: “É bem conhecido por médicos eminentes de campo que 90% de todos os diabéticos que fazem uso de insulina não deveriam fazê-lo. A insulina, quando fornecida por muitos anos, pode ser a responsável por complicações posteriores do diabetes, cegueira e gangrena diabética. É bem possível que mais pessoas tenham sido mortas do que tenham sido salvas (por este tratamento) em todos estes anos”. Em 1928, já se alertava sobre os riscos da aplicação de insulina (Current Topics, 1928), afirmando categoricamente não haver razão para seu uso; em 1982, a Scientific American alertava sobre os indícios de que a insulina pudesse ser a responsável pelo alto nível de cegueira em diabéticos.
O estudo mais completo sobre a ação de drogas sobre o diabetes humano foi um trabalho de oito anos conduzido nos EUA, na década de 60. Seu objetivo: Comparar o progresso de pacientes sofrendo de diabetes. Os tratamentos consistiram em insulina, drogas orais, placebo e dieta apropriada. Após cinco anos de tratamento, concluiu-se que nenhuma das drogas, inclusive a insulina, teve qualquer efeito benéfico sobre os pacientes...porém a dieta funcionou bem. Deste estudo concluiu-se ainda que deveriam ser proibidas algumas drogas ligadas a problemas cardíacos, como a fenformina e a tolbutamida, que ainda podem ser encontradas no mercado com outros nomes (e sem advertência quanto ao seu uso) (Shen & Bressler, 1977; Ingliss, 1983; British Medical Association and Pharmaceutical Society of Great Britain, 1983; Weitz, 1990)
De acordo com a OMS, na virada do século serão mais de 175 milhões de diabéticos em todo o mundo, seria como se toda a população brasileira fosse diabética. Parece estranho que continue a se defender o uso de animais na pesquisa do diabetes, alegando-se a sua necessidade para salvar vidas humanas, quando as estatísticas mostram que atualmente muito mais gente morre de diabetes do que ocorria em 1900, vinte e dois anos antes da proliferação da insulina. (Ruesch, 1978) Desde a introdução de drogas para o diabetes, na década de 50, a taxa mundial de mortes pela doença aumentou. Não seria uma mudança em nossos hábitos de vida no último século que teriam proliferado a doença? Se animais são úteis e necessários para encontrar a cura do diabetes, porque tantos anos de vivissecção não conseguiram produzir um único resultado confiável? Será que a cura não estaria na prevenção do mal?
O que realmente sabemos sobre o diabetes?
Após mais um século de pesquisas na área, tudo o que sabemos sobre o diabetes até então provém de autópsias e estudos clínicos. O termo diabetes deriva do grego, e significa algo como “passar através”, uma vez que um de seus sintomas é a produção continua de urina, como se a água passasse através de todo o organismo de uma vez. Sabe-se que é uma doença incurável, associada a obesidade em adultos e que por séculos foi considerada uma doença de ricos e bem nutridos (na verdade “super-nutridos”). O diabetes apresenta-se em duas formas: O diabetes juvenil (ou insulino-dependente) e o outro diabetes (as vezes chamado “diabetes adquirido”), encontrados em uma proporção de 15 e 85%, respectivamente. O diabetes juvenil possivelmente inclui infecções virais, doenças glandulares e algum fator hereditário.
A doença é sintoma de uma dificuldade do pâncreas endócrino em produzir a quantidade suficiente de insulina de que necessita, ou ainda a falta de habilidade dos tecidos de utilizarem o açúcar presente no sangue, mesmo em presença de insulina. Da insulina, sabemos que é o hormônio que possibilita a glicose de penetrar as células do organismo. Se a glicose não entra nas células ela permanece na corrente sangüínea e sai com a urina, daí o nome Mellitus, como mel. Uma urina muito doce (glicosúria), significa desidratação, daí ser um dos sintomas do diabetes a contínua sensação de sede.
O organismo não podendo absorver a glicose do alimento acaba tendo de subsistir com suas reservas de gordura, o que libera corpos cetônicos e acidifica. Esta acidose, somada à desidratação pode levar ao coma ácido-cetósico. A maior parte das complicações do diabetes estão ligadas à microangiopatia (uma ameaça aos pequenos vasos sangüíneos) e a ateromatose (uma ameaça a todos os vasos do corpo, incluindo os de grande calibre). Tanto uma como outra complicação podem levar ao infarto do miocardio.
Para evitar-se o diabetes, recomenda-se a adoção de um regime vegetariano, livre de gorduras saturadas e açucares em excesso (André, 1991; Melina et al., 1998) A Associação Americana de Dietética recomenda o regime vegetariano aos diabéticos, devido à sua riqueza em fibras, o que freia a reabsorção da glicose no intestino (André, 1991, Melina et al., 1998). Outros motivos também estão envolvidos nesta recomendação: A Academia Americana de Pediatria registrou em 1994 mais de 90 artigos científicos ligando o leite de vaca ao diabetes. Concluíram que, ao contrário do que se pensa, a doença não tem apenas origem genética; mas fatores ambientais como a dieta tem papel decisivo. A administração do leite de vaca para bebês nos primeiros meses de vida teria ação decisiva no desenvolvimento da doença. A teoria aceita seria que o leite de vaca possui uma proteína com uma seqüência de 17 aminoácidos que desencadeariam a produção de um anticorpo que agiria não apenas sobre a proteína do leite, mas sobre as células de Langerhans. Embora entre 20 e 30% das crianças sejam geneticamente suscetíveis ao diabetes, a maioria não desenvolve a doença.
Alternativas à pesquisa em animais
Defensores da pesquisa animal jamais deixarão de rezar o antigo chavão: “Se não pesquisarmos em animais, vamos pesquisar em que, em gente?” A resposta é sim, sem qualquer constrangimento. Pesquisar em seres humanos pode ser ético ou anti-ético, e desde que a pesquisa se desenvolva com o claro consentimento do paciente, e obedeça a toda uma serie de normas estabelecidas para prevenir abusos, pesquisar em seres humanos é não apenas possível como desejável. Os vários agentes infecciosos a que estamos expostos como os vírus, bactérias e parasitas, são geralmente muito espécie-específicos. Infecções interespecíficas que ocorrem são a exceção. Manipular animais geneticamente para que adquiram nossas doenças é perda de tempo e dinheiro. Os cientistas estão batendo de frente com a ponta de um iceberg, onde o entendimento de todos os mecanismos da fisiologia básica e patologia de humanos ainda estão ocultos.
Resta optarmos pela pesquisa ética e de bom senso: Para estudarmos o diabetes humano, podemos dispor de um arsenal de métodos In vitro, e simuladores fisiológicos. A pesquisa em seres humanos pode se dar tanto no campo dos estudos clínicos como dos estudos epidemiológicos, onde a hereditariedade, o ambiente, o estilo de vida e os hábitos alimentares são elucidados e analisados. Tais métodos não causam dor e nem constrangimento, e por outro lado são muito mais válidos e conclusivos que qualquer modelo animal na resposta às nossas perguntas.
Conclusão
Existe uma especial tendência em apologizar o trabalho de cientistas que procederam de maneira anti-ética no passado, justificando que para os parâmetros éticos de sua época, estes não agiam de forma errônea. Este tipo de protecionismo frustrante não encontra razão de ser, especialmente porque este tipo de proceder sempre foi criticado, em qualquer época. Mesmo nos dias de hoje, apesar do pretenso esforço em amenizar seu sofrimento, animais continuam a ser torturados desnecessariamente em laboratório. No futuro, quando realmente se realizar um balanço e concluir-se que toda esta pesquisa de nada valeu, certamente a memória de cientistas contemporâneo será protegida por novos protecionistas, alegando que não sabíamos o que fazíamos. No entanto sabemos o que fazemos, a vivissecção já vinha sendo criticada no século XIX, e continua a sê-lo cada vez mais atualmente.
Apenas como um adendo, o Dr. Banting, homenageado como prêmio Nobel em 1923, após mais de duas décadas extirpando pâncreas caninos, mudou em 1940 sua linha de pesquisa para o desenvolvimento de armas biológicas, como insetos carreadores de doenças humanas, sprays contendo bactérias mortais, etc (Bryden,1991). Será que o Dr. Banting não sabia o que fazia?
Referências
Aichelburg, U. EPOCA, Sept. 21, 1974. apud Overell, 1993
American Academy of Pediatrics, Work Group on Cow’s Milk Protein and Diabetes Mellitus “Infant feeding practices and their possible relationship to the ethiology o Diabetes Mellitus” Pediatrics, 94: 752-754, 1994
André, J. Equilibrio Nutricional do Vegetariano São Paulo: Manole, 1991.
Asimov, I. O Cérebro Humano: Suas Capacidades e Funções Boa Leitura Editora S.A. : São Paulo.
Barron, M. “The relation of the Isles of Langerhans diabetes with the special reference to case of pancreatic lithiasis” Surgery, Gynaecology and Obstetrics Nov.5 1920
Bayly, M.B. Clinical Medical Discoveries apud Overell, 1993 e Sharpe,1988
Brahn, B. Lancet, June 15, 1940, p1079
British Medical Association and Pharmaceutical Society of Great Britain, British National Formulary, n°5, 1983
Bryden, J. Deadly Allies: Canada’s Secret War, 1937-1947 McClelland & Stewart, 1991.
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Current Topics “The Dangers of Insulin”, Medical Press, Nov. 28, 1928, p 444
Forslund, K. “Similarities and Differences Between Animal Species and Man, With Special Reference to Rheumatoid Arthritis and Diabettes Mellitus ATLA 25(2) 183-5, 1997.
Hageman, I. & Buschard, K. “Diabetis Animal Models” In: Handbook of Laboratory Animal Science Vol. II (ed. By Sueden & Jau)
Ingliss, B. The Disease of Civilization, Granada Publishing, 1983
Keen, H. “Spontaneous Diabetes in Man and Animals” Veterinary Records July 9, 1990, p557.
McDonagh, J.E.R. The Nature of Disease Journal ,Vol.1, 1932, p1
Melina, V.; Davis, B. and Harrison, V. A Dieta Saudável dos Vegetais: O guia completo para uma nova alimentação. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1998.
Mendelsohn, R.S. Hidden Crimes apud Overell, 1993
New Scientist, March 18, 1982
Notkins, A.L. “The Causes of Diabetes” Scientific American 241(5): 62-73, 1979.
Overell, B. Animal Research TAKES Lives: Human and Animals BOTH Suffer Wellington: NZAVS, 1993.
Pratt, J.A. “A Reappraisal of Research Leading to the Discovery of Insulin” Journal of the History of Medicine Vol. 9, pgs 281-289, 1954
Roberts, F. “Insulin” British Medical Journal 1922 apud Overell, 1993
Robinson, N. & Fuller, J. New Scientist Nov. 15 1984 p23
Rostant, J. “Le Droit D’etre Naturaliste” Paris: ed. Stock, 1963.
Ruesch, H. Slaughter of the Innocents Published by CIVIS, 1978
Ruesch, H. 1000 Doctors (and many more) Against Vivisection. Published by CIVIS, 1989
Sharp, R. The Cruel Deception Thorson Publishing Group: England, 1988.
Shen, S.W. & Bressler, R. New England Journal of Medicine Vol.296, 1977, p787-793.
Walker, G.H. membro da Sociedade Real de Medicina apud Ruesch,1989
Weitz, M. Health Shock, Hamlyn Ltd, 1990
Young, F.G. Metabolism in experimental diabetes mellitus Lancet, 2:955-961, 1948
Young F.G The experimental approach to the problem of diabetes mellitus British Medical Journal,2: 1167-1173, 1951
Sérgio Greif - sergio_greif@yahoo.com
Biólogo, mestre em Alimentos e Nutrição, membro fundador da Sociedade Vegana, autor de livros, artigos e ensaios referentes à experimentação animal, aos métodos substitutivos ao uso de animais na pesquisa e na educação, à nutrição vegetariana, ao modo de vida vegano e aos direitos animais, entre outros temas.
07/07/2010
Os cães de Banting e Best e a descoberta do diabetes em humanos
Introdução
O diabetes figura entre uma das mais citadas justificativas para a continuidade da experimentação em animais; muitos defendem que sem tais experiências, jamais teríamos hoje o conhecimento para compreender qual seria a causa do diabetes e encontrarmos a cura através da insulina. Curiosamente, o experimento conduzido por Frederich Grant Banting e seu ajudante Charles Herbert Best, considerados hoje os elucidadores do mistério, sofreu severas críticas de seus colegas na época. Segundo Roberts (1922), seus experimentos foram “mal concebidos, mal conduzidos e mal interpretados”.
O experimento de Banting e Best
Banting e Best receberam o prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 1923, por haverem amarrado o canal pancreático de cães vivos e, após sete semanas, sacrificarem os animais, desta forma tentando extrair-lhes hormônios do pâncreas. O motivo pelo qual o pâncreas dos animais foram amarrados é que desta forma, eles lentamente atrofiariam, e todas as suas células morreriam, menos as das Ilhotas de Langherhans, que hoje se sabe, produzem insulina. Isto foi feito, segundo Asimov, porque suspeitava-se que o hormônio seria uma proteína, que poderia ser danificada pelas enzimas do pâncreas.
Muitos cientistas questionaram a afirmação de autoria das descobertas que são atribuídas a Banting e Best, como no artigo do patologista americano Dr. M. Barron (1920), em que descreve a autopsia de um paciente que morreu de litíase pancreática: “Os cientistas Banting e Best foram incorretamente creditados com a descoberta da insulina”. As dúvidas recaem justamente sobre a forma como um determinado sintoma é induzido em uma situação experimental, o que embora aparente a doença a ser estudada, não serve de modelo para a situação clínica. McLean (1923) escreve que “infelizmente, a condição de um cão com uma pequena, porém saudável, parte de seu pâncreas é essencialmente diferente daquela de uma pessoa sofrendo de diabetes...em humanos, o diabetes se apresenta através de dois fatores: (1) uma lesão progressiva essencialmente ausente em animais experimentais; e (2) o efeito decorrente de dieta imprópria”. Young (1948) diz que “não existe forma de induzir-se o diabetes...que seja exatamente comparável à condição clínica. No máximo podemos obter apenas aproximações cruas. O perigo de aplicar-se de uma espécie para outra, ou de uma linhagem para outra dentro de uma mesma espécie não pode ser negligenciado”. Young (1951) afirma ainda que “argumentos baseados no requerimento de insulina de cães e gatos despancretizados aplicados ao diabetes humano são quantitativamente perigosos”.
E se, como afirmam, os experimentos de Banting e Best teriam nos elucidado a causa e efeito do diabetes já na década de 1920, parece curioso que, em 1960, Keen ainda admitisse que “as causas do Diabetes Mellitus continuam desconhecidas tanto em humanos quanto em animais. Exceto por certas similaridades entre as espécies, há um número de diferenças importantes; diferenças em manifestações clínicas, em fatores etiológicos e a atuação de certas complicações a longo prazo”. Aichelburg (1974) escreve: “Quanto mais estudamos o diabetes, mais descobrimos os aspectos contraditórios desta doença. Há 50 anos, quando a insulina foi descoberta, achamos que o mistério do diabetes houvesse sido resolvido. Mas hoje o mistério continua ainda mais misterioso.”
A verdadeira descoberta do diabetes
Mas se não Banting e Best, quem mais poderia ter descoberto a associação entre o pâncreas e o diabetes? Segundo Bayly, a associação entre o diabetes e as alterações degenerativas nas células Beta do pâncreas já era bem conhecida através de experiências clínicas muito antes que se fizessem experimentos com animais. Em 1788, Thomas Cawley realizou a autópsia de pacientes que morreram de diabetes e verificou anomalias no pâncreas (Jackson & Vinik, 1977; BUAV M:10). Autópsias posteriores demonstraram a mesma coisa, as Ilhotas de Langerhans estavam muito danificadas ou completamente ausentes em pacientes com diabetes, mas devido ao fato de que Claude Bernard e outros cientistas não conseguiram demonstrar os sintomas em animais experimentais extirpando-lhes o pâncreas, a idéia não foi aceita durante anos (Volk & Wellman, 1977; BUAV M:10)
A idéia só foi amplamente aceita quando dois cientistas conseguiram extirpar com sucesso o pâncreas de cães, induzindo-lhes sintomas semelhantes aos do diabetes. Estes cientistas não eram Banting e Best, mas sim Mering e Minkowski, em 1889 (Volk & Wellman, 1977; BUAV M:10). “Confirmado” então que o diabetes estava associado às células de Langerhans danificadas, os cientistas supuseram que o fornecimento de extratos de tecido saudável pudessem curar o mal (Zeuler,1908), seguiu-se então um período em que extrato de pâncreas foi fornecido tanto para animais experimentais quanto para cobaias-humanas, não representando porém nenhum efeito benéfico, pelo contrário, o extrato possuía alta taxa de toxicidade (Singer & Underwood, 1962; Jackson & Vinik, 1977). Posteriormente o bioquímico Collip obteve um extrato purificado um pouco mais efetivo e um pouco menos tóxico (BUAV M:10; Sharpe, 1988).
“O propósito de isolar do pâncreas o princípio ativo que o prof. Schafer, um fisiologista renomado, já havia denominado insulina em 1915” foi, segundo Bayly, “repetida por Banting, que demonstrou isto em um colega médico seu que sofria da doença. No entanto, os experimentos que Banting realizou em milhares de cachorros não provaram nada de valor para a medicina humana, desde que, como é reconhecido cientificamente, os cães não sofriam de diabetes”, e sua conclusão é que “a descoberta, isolamento e aplicação de insulina são clínicas.”
Então, se não era de diabetes, de que mal sofriam os cães de Banting e Best? Muitos cientistas reconhecem que os cães de Banting e Best realmente não sofriam de diabetes, mas sim de estresse. O estresse, segundo Pratt (1954), tem sintomas muito parecidos com os do diabetes: “O Dr. Banting, herói da medicina canadense, que é popularmente creditado com a descoberta da insulina pela extirpação de pâncreas de milhares de cães, não causava diabetes, mas estresse”. Outros autores (Robinson e Fuller, 1984), confirmam que situações de estresse podem induzir sintomas semelhantes ao diabetes também em humanos: “É sabido que a obesidade, as drogas, os remédios, a hereditariedade, grande aflição, raiva, medo e estados emocionais extremos podem causar diabetes”.
Modelos animais para o diabetes
Os animais modelo usados na pesquisa do diabetes são criados à partir da remoção ou danificação do pâncreas, induzindo-se assim uma condição com sintomas semelhantes à doença. Os animais mais utilizados são os ratos, camundongos, coelhos, cães, porcos, ovelhas e macacos.(BUAV M:10) As vezes o pâncreas é completamente ou parcialmente removido cirurgicamente; há ainda a indução química, através de drogas como a estreptozotocina, a infecção proposital por vírus especiais sem falar em animais manipulados geneticamente para desenvolver a doença, como os ratos da linhagem BB e o camundongo NOD (non-obese diabetic). (Hageman & Buscard, 1994) Estes animais, desenvolvendo a doença ou não, possuem uma predisposição a infecções e problemas linfopoéticos, que freqüentemente resultam em morte. Com tão poucos linfócitos-T e deficiência nas reações imunes mediadas por linfócitos, é claro que há um defeito imunorregulador; isto não ocorre em humanos. (Hageman & Buscard, 1994). Muitas vezes os rins dos animais também são danificados artificialmente, já que o diabetes está associado à insuficiência renal.
A rápida indução do estado de diabetes por qualquer destes meios que seja em animais experimentais não tem relação com o diabetes humano, que se desenvolve com o tempo, através da duração de vida do paciente. Seria, banalizando o caso, como induzir-se uma gripe em animais experimentais jogando alergênicos em seus focinhos para vê-los espirrar, os sintomas são semelhantes, mas não podemos dizer que se trata realmente do mesmo problema. Mais seriamente, nem mesmo a inoculação do agente etiológico no animal experimental nos traria resultados satisfatórios, pois a doença se comportaria diferentemente nos dois hospedeiros.
Forslund (1997) efetuou um levantamento bibliográfico sobre o assunto, encontrando que “na literatura da medicina e veterinária, algumas doenças de espécies diferentes recebem o mesmo nome, ainda que sua manifestação clínica, etiológica, patogênese e tratamento coincidam em apenas alguns, mas não muitos, pontos.” Citou como bons exemplos disso o Diabetes Mellitus e a Artrite Reumatóide: “o DM e a AR são nomes dados a duas sindromes diferentes que ocorrem no homem, no cão, no gato, no camundongo e no gado. No entanto, os sintomas clínicos e etiológicos tanto da AR quanto do DM não são idênticos em nenhum dos vários animais e no homem.”
Forslund (1997) ainda conclui: “Estamos falando da mesma doença? Como as condições referidas na literatura, a AR e o DM no homem, no cão, no gato, no rato, no camundongo e no gado não têm provavelmente a mesma etiologia e patogênese, a extrapolação de resultados referentes à etiologia e patogênese de uma espécie pode ser difícil e desaconselhável... A melhor maneira de elucidar a causa de uma doença é estuda-la na espécie e no ambiente em que ela naturalmente ocorre. O fato de que os estudos epidemiológicos são de máxima importância para identificar-se a causa da doença é confirmada pela diferença de incidência da doença em gêmeos homozigóticos.”
Mesmo a utilização de animais geneticamente manipulados é duvidosa “podendo ser comparada simbolicamente, àquilo que ocorre quando o comportamento de animais selvagens é comparado com o comportamento de animais da mesma espécie em cativeiro. Pode-se determinar as reações naturais de um urso polar ao ambiente em um zoológico. Pode-se observá-lo em seus movimentos, mas jamais se pode ter certeza de que isto é natural. Em animais e no homem, a fisiologia e os sistemas enzimáticos são diferentes, produzindo metabólitos diferentes e diferentes parâmetros de doenças, tornando virtualmente impossível de se predizer a existência de fatores desconhecidos que podem afetar interações genéticas nestes sistemas e induzir a doença em uma espécie em particular.”
O fato de que a extrapolação não pode se dar de modelos animais para o homem não é segredo também entre aqueles que lidam diretamente com a exploração animal: Em 1951, o prof. Houssay da Fundação CIBA, em Londres, advertiu sua equipe, que estudava a influência de hormônios sexuais na incidência e severidade do diabetes experimental em ratos, para que não aceitassem os resultados de outros animais ou mesmo de humanos. Muitos autores criticam a ignorância quanto às diferenças no metabolismo em tecidos de animais de diferentes espécies, bem como o estudo em modelos animais sobre o decréscimo de açúcar no sangue humano (Brahn, 1940).
Experimentos em animais salvam a vida dos diabéticos?
Mas pensaria-se que, ainda que o uso de animais não tenha sido útil para a descoberta do diabetes, poderia tê-lo sido na descoberta de sua cura. Antes de mais nada vale lembrar que o diabetes ainda hoje não tem cura, e provavelmente continuará não tendo enquanto os esforços dos cientistas se dirigirem para a pesquisa de seus sintomas em animais experimentais ao invés de pesquisas sobre suas causas em pacientes clínicos.
Quanto à insulina administrada em doentes, muitos cientistas concordam que os remédios (como o nome já diz) apenas remediam o mal que está por vir, mascarando seus sintomas e fornecendo ao organismo a falsa sensação de bem estar. Segundo McDonagh (1932), “o diabetes é o sintomas, não a doença, e a insulina...não faz mais do que mascarar este sintoma. A droga não elucida a causa, não atua da maneira descrita e, tendo a causa sido descoberta e erradicada, como pode ser, não haverá mais necessidade de utilizá-la.” Rostant (1963) escreve que “os remédios cultivam a doença. A situação de saúde é piorada. As terapêuticas são um provedor das doenças, criam indivíduos que terão de dispor de recursos para (sustentar) elas. Um exemplo impressivo é o diabetes hereditário. Desde a descoberta da insulina tem crescido marcadamente” .
De fato, para a produção da insulina a princípio foram necessários animais como porcos e vacas. Hoje a insulina é quase que totalmente obtida de microorganismos manipulados, embora animais ainda sejam explorados para testá-la. Os efeitos da insulina, tanto animal quanto microbiana, têm sido descritos por diversos autores: Notkins (1979) descreve que “os efeitos colaterais do tratamento com insulina incluem não raramente uma incidência de ataques cardíacos, derrame, insuficiência renal e gangrena. Isto se dá, segundo alguns médicos, devido à utilização de insulina animal de natureza estranha ao corpo humano”. A insulina produzida in vitro também têm recebido severas críticas. Após tantos anos de experiências em animais, a experiência clínica mostra que a insulina não é nem um bom remédio e nem representa um ganho significativo na prevenção do diabetes, mas é sim apenas um cansativo substituto terapêutico. Quanto mais avançamos o estudo da história da medicina, mais vemos que o triunfo real da medicina é a conclusão tirada pela observação do paciente apresentando o fenômeno em sua condição natural e “não através da ação confusa de cientistas, que concluem à partir de fenômenos criados artificialmente em animais (Dr.Walker apud Ruesch,1989......).
Mas o que devemos fazer, deixar de aplicar insulina em diabéticos? Escreve Mendelsohn: “É bem conhecido por médicos eminentes de campo que 90% de todos os diabéticos que fazem uso de insulina não deveriam fazê-lo. A insulina, quando fornecida por muitos anos, pode ser a responsável por complicações posteriores do diabetes, cegueira e gangrena diabética. É bem possível que mais pessoas tenham sido mortas do que tenham sido salvas (por este tratamento) em todos estes anos”. Em 1928, já se alertava sobre os riscos da aplicação de insulina (Current Topics, 1928), afirmando categoricamente não haver razão para seu uso; em 1982, a Scientific American alertava sobre os indícios de que a insulina pudesse ser a responsável pelo alto nível de cegueira em diabéticos.
O estudo mais completo sobre a ação de drogas sobre o diabetes humano foi um trabalho de oito anos conduzido nos EUA, na década de 60. Seu objetivo: Comparar o progresso de pacientes sofrendo de diabetes. Os tratamentos consistiram em insulina, drogas orais, placebo e dieta apropriada. Após cinco anos de tratamento, concluiu-se que nenhuma das drogas, inclusive a insulina, teve qualquer efeito benéfico sobre os pacientes...porém a dieta funcionou bem. Deste estudo concluiu-se ainda que deveriam ser proibidas algumas drogas ligadas a problemas cardíacos, como a fenformina e a tolbutamida, que ainda podem ser encontradas no mercado com outros nomes (e sem advertência quanto ao seu uso) (Shen & Bressler, 1977; Ingliss, 1983; British Medical Association and Pharmaceutical Society of Great Britain, 1983; Weitz, 1990)
De acordo com a OMS, na virada do século serão mais de 175 milhões de diabéticos em todo o mundo, seria como se toda a população brasileira fosse diabética. Parece estranho que continue a se defender o uso de animais na pesquisa do diabetes, alegando-se a sua necessidade para salvar vidas humanas, quando as estatísticas mostram que atualmente muito mais gente morre de diabetes do que ocorria em 1900, vinte e dois anos antes da proliferação da insulina. (Ruesch, 1978) Desde a introdução de drogas para o diabetes, na década de 50, a taxa mundial de mortes pela doença aumentou. Não seria uma mudança em nossos hábitos de vida no último século que teriam proliferado a doença? Se animais são úteis e necessários para encontrar a cura do diabetes, porque tantos anos de vivissecção não conseguiram produzir um único resultado confiável? Será que a cura não estaria na prevenção do mal?
O que realmente sabemos sobre o diabetes?
Após mais um século de pesquisas na área, tudo o que sabemos sobre o diabetes até então provém de autópsias e estudos clínicos. O termo diabetes deriva do grego, e significa algo como “passar através”, uma vez que um de seus sintomas é a produção continua de urina, como se a água passasse através de todo o organismo de uma vez. Sabe-se que é uma doença incurável, associada a obesidade em adultos e que por séculos foi considerada uma doença de ricos e bem nutridos (na verdade “super-nutridos”). O diabetes apresenta-se em duas formas: O diabetes juvenil (ou insulino-dependente) e o outro diabetes (as vezes chamado “diabetes adquirido”), encontrados em uma proporção de 15 e 85%, respectivamente. O diabetes juvenil possivelmente inclui infecções virais, doenças glandulares e algum fator hereditário.
A doença é sintoma de uma dificuldade do pâncreas endócrino em produzir a quantidade suficiente de insulina de que necessita, ou ainda a falta de habilidade dos tecidos de utilizarem o açúcar presente no sangue, mesmo em presença de insulina. Da insulina, sabemos que é o hormônio que possibilita a glicose de penetrar as células do organismo. Se a glicose não entra nas células ela permanece na corrente sangüínea e sai com a urina, daí o nome Mellitus, como mel. Uma urina muito doce (glicosúria), significa desidratação, daí ser um dos sintomas do diabetes a contínua sensação de sede.
O organismo não podendo absorver a glicose do alimento acaba tendo de subsistir com suas reservas de gordura, o que libera corpos cetônicos e acidifica. Esta acidose, somada à desidratação pode levar ao coma ácido-cetósico. A maior parte das complicações do diabetes estão ligadas à microangiopatia (uma ameaça aos pequenos vasos sangüíneos) e a ateromatose (uma ameaça a todos os vasos do corpo, incluindo os de grande calibre). Tanto uma como outra complicação podem levar ao infarto do miocardio.
Para evitar-se o diabetes, recomenda-se a adoção de um regime vegetariano, livre de gorduras saturadas e açucares em excesso (André, 1991; Melina et al., 1998) A Associação Americana de Dietética recomenda o regime vegetariano aos diabéticos, devido à sua riqueza em fibras, o que freia a reabsorção da glicose no intestino (André, 1991, Melina et al., 1998). Outros motivos também estão envolvidos nesta recomendação: A Academia Americana de Pediatria registrou em 1994 mais de 90 artigos científicos ligando o leite de vaca ao diabetes. Concluíram que, ao contrário do que se pensa, a doença não tem apenas origem genética; mas fatores ambientais como a dieta tem papel decisivo. A administração do leite de vaca para bebês nos primeiros meses de vida teria ação decisiva no desenvolvimento da doença. A teoria aceita seria que o leite de vaca possui uma proteína com uma seqüência de 17 aminoácidos que desencadeariam a produção de um anticorpo que agiria não apenas sobre a proteína do leite, mas sobre as células de Langerhans. Embora entre 20 e 30% das crianças sejam geneticamente suscetíveis ao diabetes, a maioria não desenvolve a doença.
Alternativas à pesquisa em animais
Defensores da pesquisa animal jamais deixarão de rezar o antigo chavão: “Se não pesquisarmos em animais, vamos pesquisar em que, em gente?” A resposta é sim, sem qualquer constrangimento. Pesquisar em seres humanos pode ser ético ou anti-ético, e desde que a pesquisa se desenvolva com o claro consentimento do paciente, e obedeça a toda uma serie de normas estabelecidas para prevenir abusos, pesquisar em seres humanos é não apenas possível como desejável. Os vários agentes infecciosos a que estamos expostos como os vírus, bactérias e parasitas, são geralmente muito espécie-específicos. Infecções interespecíficas que ocorrem são a exceção. Manipular animais geneticamente para que adquiram nossas doenças é perda de tempo e dinheiro. Os cientistas estão batendo de frente com a ponta de um iceberg, onde o entendimento de todos os mecanismos da fisiologia básica e patologia de humanos ainda estão ocultos.
Resta optarmos pela pesquisa ética e de bom senso: Para estudarmos o diabetes humano, podemos dispor de um arsenal de métodos In vitro, e simuladores fisiológicos. A pesquisa em seres humanos pode se dar tanto no campo dos estudos clínicos como dos estudos epidemiológicos, onde a hereditariedade, o ambiente, o estilo de vida e os hábitos alimentares são elucidados e analisados. Tais métodos não causam dor e nem constrangimento, e por outro lado são muito mais válidos e conclusivos que qualquer modelo animal na resposta às nossas perguntas.
Conclusão
Existe uma especial tendência em apologizar o trabalho de cientistas que procederam de maneira anti-ética no passado, justificando que para os parâmetros éticos de sua época, estes não agiam de forma errônea. Este tipo de protecionismo frustrante não encontra razão de ser, especialmente porque este tipo de proceder sempre foi criticado, em qualquer época. Mesmo nos dias de hoje, apesar do pretenso esforço em amenizar seu sofrimento, animais continuam a ser torturados desnecessariamente em laboratório. No futuro, quando realmente se realizar um balanço e concluir-se que toda esta pesquisa de nada valeu, certamente a memória de cientistas contemporâneo será protegida por novos protecionistas, alegando que não sabíamos o que fazíamos. No entanto sabemos o que fazemos, a vivissecção já vinha sendo criticada no século XIX, e continua a sê-lo cada vez mais atualmente.
Apenas como um adendo, o Dr. Banting, homenageado como prêmio Nobel em 1923, após mais de duas décadas extirpando pâncreas caninos, mudou em 1940 sua linha de pesquisa para o desenvolvimento de armas biológicas, como insetos carreadores de doenças humanas, sprays contendo bactérias mortais, etc (Bryden,1991). Será que o Dr. Banting não sabia o que fazia?
Referências
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Sérgio Greif - sergio_greif@yahoo.com
Biólogo, mestre em Alimentos e Nutrição, membro fundador da Sociedade Vegana, autor de livros, artigos e ensaios referentes à experimentação animal, aos métodos substitutivos ao uso de animais na pesquisa e na educação, à nutrição vegetariana, ao modo de vida vegano e aos direitos animais, entre outros temas.
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